A Batalha dos Lobos

Capítulo 6

A estrutura da besta era parecida com a de um humano, porém muito mais alta que o normal. Era repleto de pelos, e muito musculoso. Ele apontou as garras para ela, avançando em posição de ataque. Melina estava encurralada sem ter como se proteger, a fera agachou-se à sua frente arreganhando os dentes pontiagudos e afiados. Ela fechou os olhos não querendo assistir o golpe chegando, mas antes que o monstro pudesse feri-la, outra coisa enorme e também peludo como a noite atingiu a besta aos seus pés. Em questão de minutos a área em que estava foi tomada por uivos de Lobos enormes de cores e formas variadas. Eles cercavam o embate entre a besta e o então lobo negro que rolavam agora um por cima do outro.

Melina já não sabia qual era o nível que sua surpresa e medo poderiam chegar naquele dia. Aquela floresta parecia ser um abrigo para monstros inimagináveis. Assustada ela assistiu o Lobo acabando habilmente com a besta que quase a devorou viva a poucos minutos atrás, enquanto todos os outros apenas pareciam assistir sabendo que não precisariam intervir pelo que parecia ser um dos seus. A besta soltou um ruído absurdamente agonizante, e segundos depois caiu para o lado com a sua cabeça pêndula e mole. E assim fácil como respirar, o lobo negro destruiu o monstro. Depois de longos segundos assistindo a besta morta ao chão, ela pareceu cair em si e se viu sendo observada por incríveis e profundos olhos azuis. O Lobo negro encarava-a com seriedade, e ele possuía os olhos de tons absurdamente azuis, nunca havia visto algo parecido. Eram lindos, pensou momentaneamente admirada. O transe da troca de olhares deles fora quebrada pela a movimentação do bando dele, foi quando em caiu em si de que ainda permanecia em perigo. Então novamente levantou-se o mais rápido que pôde, e voltou a correr.

Sua corrida foi novamente interrompida, só que agora foi por pura distração sua. Ela sentiu o exato momento em que escorregou em uma parte lamacenta e sentiu-se caindo para o nada. Antes que chegasse ao fundo de onde quer que estivesse caindo, sentiu um de seus braços sendo pego no ar. Em uma rápida olhada para cima, surpreendeu-se com a presença de um grande homem moreno aparentemente forte que a segurava com força pelo pulso, e para sua consternação ele tinha os mesmos olhos azuis que havia visto a poucos momentos atrás no Lobo negro.

Confusa, ela ficou sem reação, tanto pela presença repentina de outro humano em meio aquele lugar, como pela semelhança dos olhos que ele possuía em comum com o animal. Mas antes que pudesse chegar a alguma conclusão ou suspirar aliviada, sentiu-se escorregar da mão do homem. Para crédito dele, ela ainda percebeu quando ele tentou firma-la, porém seu braço havia sujado de lama ao escorregar no barranco. Só deu tempo de um último grito, e depois com o forte baque do seu corpo ao que pareceu ser o fundo do buraco, ela sentiu suas forças esvaindo-se. Ela tinha quase certeza de que havia quebrado alguns ossos, mas não conseguiu completar seu raciocínio, pois a queda e tudo aquilo que havia passado em poucas horas, parecia cobrar seu preço fazendo a inconsciência tomar sua mente.