Capítulo 43

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Assim que saí do banheiro morrendo de frio, me neguei a esquentar, não vou correr o risco de dormir parecendo uma cadela no cio. Rhysand estava em pé na ponta da cama olhando com dúvida para três peças íntimas rendadas, percebi meu pijama dobrado em cima do travesseiro.

Ele jura que vou usar essas calcinhas minúsculas?

"São as únicas disponíveis."

"Prefere ficar sem nada?"

— Não pude decidir qual pedaço de renda eu queria que você vestisse; Então trouxe algumas opções. — Apontou as três com um pequeno sorriso malicioso e fitou a toalha rodeando meu corpo úmido. — Consigo imaginá-las perfeitamente nesse seu corpinho suculento.

— Então pensa em mim, seminua? — Peguei a peça escura rapidamente, trazendo o pijama junto.

— Eu não imagino você seminua! Acha que sou tão idiota a esse ponto? — Se aproximou e previ que não tinha acabado. Rhysand se inclinou e capturou uma gota cristalina com os dedos, ele lambeu, fazendo meu corpo esquentar. — Eu sempre prefiro você nua.

Maldição, ele agora está motivado, se saindo um verdadeiro demônio. O que eu fiz contando o que sinto?

Praticamente corri de volta para o banheiro, temendo meus próprios impulsos. Rhysand riu, sim ele teve a coragem de achar engraçado. Assim que tranquei a porta, suspirei bagunçando os cabelos.

Não posso está gostando disso...

⚔️

Estávamos deitados de lado, nos encarando em silêncio, aproveitando o calor dos lençóis. Rhysand parecia bastante relaxado, perdido em pensamentos.

— Obrigado por aquecer a cama.

— Amarantha jamais me agradeceu por isso. — Murmurou.

A simples menção da broaca infeliz trouxe temor e fúria a tona. Toquei na mão dele trazendo até o centro do meu peito, onde pulsava meu coração pelando quentura.

— Ela não sofreu o suficiente... Você está aqui comigo agora, Rhysand. — Lembrei apertando sua mão.

Ele assentiu calado, encarando aquele espaço de pele ficando brilhante e alaranjada. Seu dedo desenhou círculos no local.

— Não achei que aguentaria aquele jantar.

— Como? — Ele me parecia muito bem e contido. Diferente de mim que matei a saudade de discutir com a Nestha.

— Suas irmãs têm boa intenção, ou uma delas tem. Mas ao vê-las, sentadas àquela mesa... Não percebi que me atingiria com tanta força. O quanto você era jovem. O quanto elas não a protegeram. — Sua mão subiu para minha bochecha.

— Feyre me protegeu.

— Isso me conforta um pouco. — Bufou assentindo e de repente sorriu pequeno. — Esqueci de dizer que seu lado sarcástico é muito atraente. Cassian quase morreu engasgado, ele vai falar desse jantar pela eternidade. 

— Eu me saí muito bem.

— Nós devemos as duas nossa gratidão por nos deixarem usar esta casa — disse Rhysand, baixinho. — Mas vai levar um bom tempo até que eu consiga olhar para suas irmãs sem querer berrar com elas.

— Parte de mim sente o mesmo — Admiti, me aninhando. Meus olhos pesando. — Mas, se eu não estivesse caçando sozinha, Feyre e sua teimosia não teriam entrado naquele bosque... você ainda estaria escravizado. E talvez Amarantha agora estivesse preparando as forças para destruir estas terras. O destino sempre da um jeito.

— Vou pagar um salário para você e Feyre, sabe. Por tudo isso.

— Não precisa me pagar nada. — Mesmo que... mesmo que eu não tivesse nenhum dinheiro.

— Todo membro de minha corte recebe um. Já existe uma conta bancária em Velaris para vocês, onde seus ganhos serão depositados. E tem linhas de crédito na maioria das lojas. Assim, se não tiverem o suficiente quando estiverem fazendo compras, podem mandar a conta para a Casa.

— Você me deu um lar. Não preciso que me pague. — Engoli em seco.

— Receberá o mesmo que os outros, não está em discussão. — Repetiu determinado e subitamente perguntou: — Quando é seu aniversário?

— Não costumo tratar como uma data especial, comemoro apenas o aniversário da Feyre desde pequena. Mas... Quando chegar o dia você saberá.

— Por que só o da Feyre? — Arqueou a sobrancelha desconfiado.

— Nossa mãe ficou doente depois que Feyre nasceu, sequelas do parto. Não demorou muito para ela partir. Minha irmã nasceu na noite mais longa do ano, no Solstício de Inverno. Ela ficou triste quando descobriu. — Odiava lembrar dela se trancando no quarto para chorar quando a data chegava. — Passei a me dedicar todos os anos, nessa data em especial para fazê-la também se sentir especial.

— Isso foi há meses.

— Não pude fazer muito nesse. — Suspirei.

— Ela não faz o mesmo com você? — Rhysand começou escovar meus cabelos.

— Feyre sabe que eu gosto de ficar sozinha no meu. Ela apenas aparecia na hora de dormir para me abraçar. Conseguia escutar ela sussurrando feliz aniversário antes de apagar. 

— Sua mãe não comemorava? — Rhys estava incrédulo.

— Ela nem sabia a data certa. — Desdenhei.  

— Agora sei a quem Nestha puxou. Sinceramente, é uma pena não podermos ficar mais, ao menos para ver quem sobrevive: ela ou Cassian.

— Conhecendo a peça, eu aposto em Nestha.

Ele soltou uma risada baixa que percorreu meus ossos; um lembrete de que Rhysand certa vez apostou na vitória das Archeron's. Fora o único Sob a Montanha que apostou dinheiro que nós derrotaríamos o Verme de Middengard.

— Eu também... — Disse ele. — Durma, minha querida...

— Não sou sua. — Sussurrei sonolenta, e antes de adormecer a última coisa que vi foi seu sorriso divertido.

Ainda...


CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈKde žijí příběhy. Začni objevovat