Capítulo 37

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As gêmeas espectros me deixaram no jardim que tinha no telhado da casa, o vestido roxo escuro salpicado com pontos brilhantes e aspirais prateados, me deixou apresentável para o jantar. Caminhei mais rápido ao escutar uma discussão familiar, entre duas pessoas. Rhys e Feyre se insultavam com xingamentos bobos, enquanto Azriel encarava tudo entediado.

— Você é burra? — Rhysand rolou os olhos apontando as asas. — Ou vamos voando, ou você pode ir de escada!

— Vou pelas escadas.

— Vai lá então, o jantar não vai esperar até amanhã de manhã. — Ele debochou. — Se morrer de cansaço não reclame.

— Eu nem conheço ele! — Ela apontou o espião acusatória. — E se ele me derrubar?

Azriel a encarou insultado, mas permaneceu quieto.

— Se você for menos irritante, talvez ele não derrube. — Rhysand resmungou estressado.

Meus passos fizeram barulho e eles se viraram, Rhysand tensionou prestes a ter um derrame me encarando boquiaberto, suas asas farfalhando abertas. Minhas sombras soltaram risadinhas, cheguei próxima do grão-senhor, acenando com a cabeça para o mestre-espião.

Feyre usava um lindo vestido azul, evidentemente não estava nada feliz com a ideia de voar, e eu entendo seu receio. Desde pequena ela nunca gostou de altura, enfrentar esse medo nos braços de um desconhecido não é confortável.

Senti Rhysand em minha mente, logo sua voz reverberou:

Você está...

Se disser atrativa eu queimo seu traseiro.

Ele sorriu felino, erguendo as mãos em rendição.

Eu iria dizer linda, mas atrativa também serve.

Perdemos a conversa quando Feyre me abraçou ostentando sua carranca, ela sussurrou elogios em meu ouvido e deixou um selar em minha bochecha.

— Já disse que não quero voar. — Ela disse novamente, deixando os homens impacientes.

— Feyre, eu tenho certeza que Azriel não vai deixar você cair, ele não seria nem louco. — Passei confiança, ou pelo menos tentei, sentindo a atenção do mestre-espião em nós duas.

— Você sabe que tenho medo. — Feyre sussurrou incrédula, como se eles não pudessem escutar.

— É hora de tentar superar isso, dê apenas um voto de confiança. Se deixa você mais segura, elas vão junto. — Minhas sombras se enroscaram no braço dela contragosto.

Não sei o motivo de tanta agonia, elas vivem em cima do Rhys com frequência, soltando milhões de elogios que me deixam entediada. Feyre tocou nas sombras soltando um sorriso tenso e ao mesmo tempo confiante, logo ela se aproximou de Azriel.

— Mãe acima, ainda bem que apareceu, pensei que teríamos que arrastar sua irmã pelos cabelos. — Rhys ficou muito próximo, sua mão passando por minha cintura, ele me ergueu sem esforçar nenhum músculo.

— Ela tem aversão a altura, mas consegue enfrentar uma sessão de vôo. — Comentei, lentamente abraçando seu pescoço, ele não disse nada, pareceu não se importar.

As asas me cercaram como um casulo, mas bastou um olhar temeroso para que ele as abrisse. Rhysand compreendia minhas emoções conturbadas, isso me deixava confortável perto dele, hoje agradeço imensamente por tê-lo conhecido no Calanmai.

Obrigada. Pensei encarando o lindo céu de Velaris, o grão-senhor me segurou mais forte se preparando para decolagem.

— É só dizer uma palavra esta noite, e voltamos para cá, sem perguntas. E se não aguentar trabalhar comigo, com eles, então não farei perguntas quanto a isso também. Podemos encontrar alguma outra forma de você morar aqui, de se sentir realizada, independentemente do que eu precise. A escolha é sempre sua, Dusti.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈWhere stories live. Discover now