Capítulo 32

2.3K 311 22
                                    

Na manhã do outro dia, fui acordada com toques suaves pelas gêmeas que conheci em Sob a Montanha. Elas me trataram como uma verdadeira rainha digna de cuidados, Nuala e Cerridwen, as moças me colocaram na banheira com água morna, sais de dama-da-noite foram jogados enquanto eu relaxava.

As duas saíram me deixando no mais puro silêncio, me permiti fechar os olhos afundando na banheira. Quase cochilei, se não fosse o puxão exagerado me assustando, encarei todos os cantos do banheiro em busca de uma ameaça. Eu só queria descansar diabos...

As sombras riram como se ouvissem uma piada milenar.

"Rhysand está lhe chamando."

"Ele só quer vê-la."

Outro puxão, meu estômago impulsionou quase causando um afogamento em águas rasas. Xinguei cuspindo espuma, me ajeitando na banheira com raiva. Seu demônio ardiloso. Cretino! Cretino! Cretino! A risada dele ecoou distante em meus pensamentos.

Podia escutar as sombras agora gargalhando enquanto rodeavam meus joelhos, zombando da situação.

Levantei bufando, fazendo uma onda de água e espuma escapar pelas bordas da banheira. Me cobrindo com o roupão, adentrei o quarto encontra um par de roupas em cima da cama. Um belo e exótico traje feminino característico da corte noturna.

Camisa de manga longa na cor preta, com arabescos prateados nas lapelas, bem ao lado, uma calça cinza de cintura alta aparentemente confortável, tinha aspecto largo e bem trabalhado para que quem usar se mover sem problemas. Me vesti sentindo ele me convocando com puxões.

Sai do quarto ainda colocando os sapatos, encontrando uma Feyre emburrada, caminhando de braços cruzados igual uma criança sem doces. Quando me viu, ela se apressou em me abraçar.

— Não gosto desse lugar, Dusti. Vamos matar ele? — Resmungou entrelaçando nossos braços.

— Na casa dele, seria muito suspeito. — Outro puxão no estômago. — Mudei de ideia, vou amarrar uma corda no pescoço dele.

Feyre sorriu satisfeita, caminhamos pelo andar superior ensolarado, conversando baixinho sobre o céu estrelado que vimos ontem. Ainda sentia aqueles impulsos abusados, soltando um palavrão a cada tropeço.

Chegamos no final do nível superior, parando entre duas pilastras para observar uma mesa redonda repleta com nosso café da manhã. Ocupando uma das três cadeiras está Rhysand, de costas observando a vista magnífica.

— Não somos cães para sermos convocadas! — Feyre cumprimentou.

— Obrigada, você quase me matou afogada com as porcarias dos puxões. — Minhas sombras se agitaram rindo, assim como o grão-senhor.

— Oh mil desculpas. — Disse cínico, seus olhos violetas vibrantes com luz reluzindo. — Não queria que se perdessem.

Nos sentamos em volta da mesa, fiquei brincando com a comida enquanto Rhysand e Feyre se insultavam, como de costume. Ele me lançou olhares a cada palavra que dizia, procurando algo em meu rosto.

Finalmente enfiei um pedaço de maçã na boca, mastigando com um suspiro satisfeito, era como se o gosto da comida tivesse aparecido apenas agora. Feyre já terminava de devorar o segundo pedaço do bolo vermelho, ela sorriu para mim, me incentivando a comer mais com o olhar.

Rhysand manteu os olhos atentos presos em meu rosto. Ele disse baixinho:

— Você perdeu peso.

— Não haja como se não soubesse, eu sentia você vendo tudo. — Não o encarei, mas sabia que as palavras o atingiram.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈWhere stories live. Discover now