Capítulo 19

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Enquanto eu dormia minha irmã foi levada para cumprir um dos afazeres domésticos citados por Amarantha. Quando retornou ela me contou que a senhora da Corte Outonal a ajudou por ela ter dado o nome pela vida de um dos seus filhos.

No dia seguinte foi a minha vez de ser convocada, Feyre dormia como um bebê abraçando meu corpo fortemente, me sinto seu ursinho de pelúcia, com muito cuidado a deixei escorada na parede e segui os guardas feéricos.

Sorriram maquiavélicos quando me jogaram em um quarto grande e escuro, iluminado apenas por candelabros alaranjados. Eles indicaram a lareira.

— A criada derramou lentilhas nas cinzas. — Empurrou o balde de madeira com um chute. — Limpe antes que o ocupante daqui volte, ou ele vai arrancar sua pele tira por tira.

Fecharam a porta trancando-me dentro. Sem mais esperar, me ajoelhei resmungando irritada, isso é uma perda de tempo. Inclinei o rosto tentando diferenciar os pequenos pontos marrons de cinzas e brasas.

Tomando fôlego eu comecei, soprando o dedo quando queimava. Jogando uma por uma dentro do balde. Meus olhos ardiam e enchiam de lágrimas cada vez que eu piscava próxima das cinzas.

O tique-taque do relógio na parede era uma regressiva, mas aquelas lentilhas não paravam de aparecer, quanto mais eu procurava, mais apareciam se multiplicando.

Minhas mãos ficaram pretas e agora as roupas estão cobertam com fuligem.

Escuridão entrou no quarto, fazendo as velas tremeluzirem com uma brisa beijada pela neve. Segurei o atiçador de metal rapidamente, pressionando contra a pedra da lareira, mesmo quando a escuridão profunda se apoiou na cama e assumiu uma forma familiar.

Tinha que ser. Larguei a barra, não acreditando que me preocupei atoa queimando minhas mãos.

— Por mais que seja maravilhoso ver você, Dusti, querida — Disse Rhysand, jogado na cama, a cabeça apoiada em uma das mãos confortavelmente. —, Quero saber por que está vasculhando minha lareira?

Peguei o balde rodopiando as lentilhas dentro dele, tem milhares, ainda me pergunto como diabos fizeram o excelente trabalho de escondê-las no fundo e tão abraçadas pelas brasas.

— Achei um belo dia para acordar cedo e limpá-la para você, afinal, ninguém merece uma lareira cheia de lentilhas. — Apertei os lábios, sarcasmo dominando meu mal humor.

Rhysand deu um sorriso preguiçoso, achando minha defensiva divertida.

— Adoro seu espírito, insento de auto-preservação. — Teve a audácia de caçoar.

— Não vai adorar quando eu arremessar esse balde em você. — Mostrei o digo cujo. — Eles disseram que eu precisava limpar lentilhas das cinzas, ou você arrancaria minha pele.

— Eles disseram? — Um sorriso felino.

— Devo agradecer a você por essa ideia brilhante?

— Ah, não. — Cantarolou Rhysand. — Ninguém descobriu a respeito de nosso pequeno acordo ainda, e você conseguiu ficar calada. A vergonha a está sufocando?

— Eu não me importo com o que essas pessoas pensam a meu respeito, aceito quantos acordos eu quiser, ainda mais quando minha vida depende disso. — Respondi dando de ombros. Ele nada disse. Apontei para lareira sem deixar de encarar o ser estendido na cama. — Isso está limpo o suficiente, vossa majestade?

— Por que havia lentilhas na minha lareira para início de conversa? — Rhysand tinha a mesma curiosidade que eu.

— Um dos afazeres domésticos de sua rainha, imagino.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈWhere stories live. Discover now