Capítulo 47

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DUSTI

A paisagem do entardecer vista em um pátio escavado da rocha na Casa do Vento, daria uma bela pintura em tela. Meus cabelos castanho-dourado suados voavam com o frescor da ventaneira.
Decidimos juntar todo círculo íntimo para um treinamento hoje, a única que ficou como espectadora fora Amren. Segundo ela; ninguém gostaria de lutar com ela, mesmo em treinos.

Azriel estava ao meu lado sentado em silêncio, um silêncio confortável que ambos apreciamos. Aprendi a linguagem de comunicação do encantador, talvez por sermos irmãos de magia e espiões, eu consiga entender como ele pensa.

Pela manhã, fui designada para minha primeira missão, eu e mais dois feéricos descobrimos que existe uma barreira mágica rodeando o palácio das rainhas humanas. Fiquei no mínimo desconfiada. Voltei antes do almoço com um relatório, mas Az disse que teremos que retornar para avaliar o que pode ser feito a respeito.

Mesmo cansada, não me livrei.

Az e Cassian pegaram cruelmente pesado hoje, estou sentindo meus músculos moles como gelatina. Não consigo nem me equilibrar sem tremer as pernas. Mas eu já me acostumei com essa rotina e principalmente, com meu trabalho.

No ringue maior, Rhysand e Cassian lutavam sem pausa, descontando a raiva acumulada tirando sangue um do outro. Enquanto Feyre treinava seus socos num saco de pancadas afastado.

Amren assistia tudo esticada no divã, bebericando na sua inseparável taça cheia de sangue. E Morrigan se entupia com algum vinho caro que furtou na adega do Rhysand.

― Feyre escreveu uma carta para Tamlin. ― Az murmurou, quebrando o silêncio.

― Rhysand me contou. Ela fez o certo, mesmo pensando o contrário. ― Encarei as costas tensionadas de Feyre.

― Ele destruiu uma parte da floresta, ataque de raiva. ― Az confidenciou, também encarando minha irmã. ― Ela me parece bem, apesar de abalada.

― Feyre sente muito, pois apesar de tudo ela amou Tamlin, um dia. Mas isso foi se dissipando quando ela percebeu que estava dando tudo e não recebendo nada. ― Comentei abraçando os joelhos, voltando a encarar o horizonte. ― Feyre se despedaçou, matou inocentes, se degradou e ele continuou sentado ao lado de Amarantha sem mover um músculo. Eu desejei muitas vezes quebrar os ossos dele, Az.

Azriel permaneceu calado, nossas sombras nos escondiam em um casulo, onde ninguém nos via.

― Tamlin nunca se arriscou, nunca fez nada ou disse algo para confortá-la. Quando ela estava lá para libertá-lo, se sacrificando por amor. Tudo que ele quis foi trepar e depois de todo confinamento em Sob a Montanha, ousou prendê-la novamente...

Tenho orgulho dela por se permitir amar novamente depois da gafe que passou com sua primeira paixão. No amor não tem meio termo, ou ele te salva, ou ele te destrói. E quando vem para destruir, consome sua mente e controla sua vida. Feyre foi forte tomando a decisão de se libertar do Tamlin enquanto ainda podia.

― E você. ― Ele acrescentou. ― Você também sofreu com os atos dele. Toda Prythian sabe que onde tem uma Archeron, há outra. - Quase sorri.

― Sempre estivemos juntas, eu nunca deixaria ela passar por aquilo sozinha. Entretanto, eu parei de ter apreço por Tamlin à muito tempo, entende? Não tinha como ele ferir meus sentimentos.

Mas pressionou minha ferida. Com força, o suficiente para me destruir psicologicamente.

Azriel continuou encarando, compreendendo isso apenas olhando nos meus olhos. E como o bater de ondas na beira da praia, tranquilidade aliviou meus nervos, me arrancando um suspiro relaxado.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈحيث تعيش القصص. اكتشف الآن