Capítulo 21

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Vomitei no canto da cela pela quinta vez desde que abri os olhos, o gosto amargo tomou minha língua, tudo que comi ontem saindo nas gorfadas. Feyre mal abriu os olhos com a ressaca, seu corpo caído dormia profundamente.

Estou com uma profunda vontade de estrangular Rhysand até sua pele ficar da cor de seus olhos!

A porta rangeu e o raposo ruivo entrou, tapando o nariz com uma careta. Seu olho de metal semicerrou.

— Está bem frio aqui. — Ele colocou um manto pesado em cima de Feyre, tirando as mechas douradas cobrindo seus olhos fechados.

— O que aconteceu ontem? — Limpei a garganta antes de perguntar, apontando a tinta manchada em minhas pernas e abdômen.

— Aconteceu o Rhysand. — Lucien bufou. — Dançou com vocês a noite inteira, colocava você e Feyre no colo quando cansavam. Ele estava provocando Tamlin, e... Me provocando. — Ele voltou a tocar os cabelos da minha irmã distraído.

Lembrei dos olhos violeta me encarando com malícia, rodopiando meu corpo ao som da música. Minha boca secou.

— No que vocês estavam pensando quando aceitaram o acordo? Eu viria assim que possível. — Lucien me encarou torcendo o nariz.

— Estava pensando em como seria recebida no céu. — Retruquei me sentando. — Eu morreria antes de você chegar. E Amarantha puniu você uma vez, não precisa se arriscar de novo. Rhysand quer uma semana da minha vida todo mês, posso viver com isso, tenho certeza que Feyre também.

— Vamos ver quanto a isso quando o momento chegar. — Ele ficou em pé, sua garganta oscilando quando disse: — Ela obrigou Tamlin a me punir, por isso que não pude vir mais cedo. Usou os poderes dela, os nossos, para evitar que minhas costas melhorassem. Não consegui me mover até hoje.

Respirar se tornou difícil, lágrimas quentes encheram meus olhos, segurei a todo custo, sentindo, se possível, mais ódio de Amarantha.

— Seu manto. — Apontei, antes que ele se fosse.

— Fiquem com ele. Tirei de um guarda que estava dormindo a caminho daqui. — À luz fraca, o símbolo bordado de um dragão adormecido reluziu. O brasão de Amarantha. Fiz uma careta de desgosto, entrando debaixo dele. — Além do mais... — Acrescentou Lucien, com um risinho. — Já vi o suficiente de você através desse vestido para durar uma vida inteira.

— E da Feyre, não? — Arqueei uma sobrancelha, ficando pasma ao vê-lo ruborizando. Lucien saiu quase correndo. — Espere aí, Lucien!

Ele foi embora. Encarei a bela adormecida contra parede, abrindo um imperceptível sorriso fechado. Juntando nossos corpos para gerar mais calor.

— Se você não estivesse tão cega, irmãzinha...

⚔️

A segunda tarefa chegou, nessa eu fui amarrada, em baixo de estacas que vão me encinerar viva. Feyre precisa ler uma pergunta e responder corretamente através das alavancas. Era fácil demais, mas não para minha irmã e de alguma forma Amarantha sabia.

As estacas ferventes brilhavam com o calor alaranjado, se aproximando da minha cabeça mais e mais. O suor começou a escorrer pela minha testa, apesar da agonia crescente, não gritei, não falei, não expressei nada para não desconcentrar Feyre.

Ela estava tentando, seu desespero nítido enquanto passava os olhos acinzentados na pergunta.

— Feyre. — Chamei, vendo lágrimas se acumulando em seus olhos. — Tudo bem... Está tudo bem... Apenas escolha uma e feche os olhos.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang