Capítulo 23

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Prendi a respiração quando ele entrou em meu espaço pessoal, causando uma confusão em meus sentidos, quente, quente. Estava compelida a encará-lo, como se depois daquela cena na cela, ele conseguisse saber dos meus maiores segredos.

— Se está tão desesperada por alívio, deveria ter me pedido.

— Demônio ardiloso. — Murmurei, tentando afundar na parede, um pouco longe dele. Esse meu corpo traidor não está ajudando...

Com um passo leve, Rhysand cobriu a distância entre nós e prendeu meus braços à parede. Trocamos olhares irritados, desafiando quem cederia o controle primeiro. Mexi os pulsos com força e ele me deixou mais enclausurada. Canalha. Cretino. Demônio. Cafajeste.

Meus ossos gemeram. Podia ter jurado que garras de sombra se cravaram nas pedras ao lado de minha cabeça.

— Pretende mesmo se colocar à minha mercê, ou é burra de verdade? — Sua voz continha uma ira sensual de partir os ossos.

— Não sou sua escrava, não sou propriedade de ninguém, mantenha isso em mente.

— Tem ideia do que poderia ter acontecido se a rainha encontrasse os dois aqui? Não seja tão tola quanto sua irmã. — Fiquei em silêncio, parando de me mexer contra ele, isso não ajudava. Rhysand respirava irregularmente. — Como podem ter achado que alguém não repararia que tinham sumido? Deveriam agradecer ao Caldeirão que os agradáveis irmãos de Lucien não as estavam observando.

— Não aconteceu nada, e mesmo assim... Por que você se importa tanto com isso? — Fiz a pergunta pouco me importando com a posição que estávamos.

A mão de Rhysand segurou meus pulsos com tanta força que soube que meus ossos se quebrariam com um pouco mais de pressão. Essa pequena dor não me abalou, minha expressão continuou a mesma, desafiadora.

— Por que me importo? — Sibilou ele, ódio deformando as feições do rosto. Até onde sua mente criativa vai quando se trata dos meus "casos" com Lucien?

Asas membranosas e incríveis se abriram às suas costas, feitas das sombras atrás de Rhysand. Senti um imenso e desconhecido desejo de tocá-las, mas lembrei do quanto são estimadas pelos illyrianos, espantando o pensamento.

— Por que eu me importo?

Se aproximou tanto que senti sua respiração se misturar com a minha. Entreabri os lábios arfando, sentindo seu nariz encostar no meu a medida que seus olhos me percorriam. Só posso ser uma masoquista! 

Ele se agitou encarando a porta por cima do ombro, depois virou-se novamente para mim. As asas sumiram tão rapidamente quanto surgiram, e os lábios se chocaram contra os meus.

Prendi a respiração em choque, que ele adorava flertar comigo não era novidade, apenas uma forma bem eficaz de me distrair. Mas isso...

A língua de Rhys abriu minha boca, ele veio para dentro de mim, senti o gosto do vinho feérico se espalhando. Eu apertei seus ombros levemente, Rhysand segurou firme, a língua roçando o teto de minha boca, meus dentes, me reivindicando.

Só tive um namorado em minha vida, mas diversas experiências com ele para contar em todos os dedos. Nunca fui beijada assim, com tanta gana por mais. Apesar da raiva nos movimentos de Rhysand, sinto como se ele desejasse apagar até meu último fiapo de memória.

Nunca me imaginei o beijando ou qualquer outra coisa maliciosa desde que o conheci, mas agora... Inferno, eu nunca admitiria em voz alta, mas estava gostando da forma como ele pegava o que queria sugando meus lábios tão bem.

Minhas mãos pararam de empurrá-lo e ficaram calmas em seu peito. Para a minha surpresa e a dele, movimentei a língua contra a sua timidamente, o fazendo me prender mais na parede.

Suas mãos não tinham mais controle, agora borrando cada traço de tinta em minha pele, se enterrando na carne com fervor. Um gemido subiu pela minha garganta, mas o segurei como se a vida dependesse disso.

A porta se escancarou, e a figura curva de Amarantha preencheu o espaço.

Tamlin, Lucien e Feyre estavam ao lado dela, os três esboçando a mesma reação. Olhos levemente arregalados, os ombros tensos enquanto os lábios de Rhys ainda esmagavam os meus e eu não lutava, deixava ele me beijar como queria.

Amarantha gargalhou, e uma máscara de pedra irritada cobriu a reação momentânea de Tamlin. Ele mantinha distância da minha irmã como se ela tivesse pegado uma praga contagiosa.

Rhys me soltou casualmente, passando a língua por meu lábio inferior lentamente, levando até o último gosto que podia. Ele deu um sorriso preguiçoso e arrogante para eles, depois fez uma reverência.

— Eu sabia que era uma questão de tempo, humanas de corações inconstantes. — Disse Amarantha, então meu olhar caiu em uma Feyre envergonhada. Sua boca vermelha assim como a de Lucien, que recebia uma carranca mortífera de Tamlin quando ninguém prestava atenção.

Rhysand percebeu a tensão no trio e caiu na risada, estrondosa e grave para todos verem. Amarantha arrastou Tamlin para longe e Feyre saiu de cabeça baixa, tentei segui-la, mas Rhys agarrou minha mão, puxando-me contra ele.

Ele lambeu os lábios, sua mão agarrando minha nuca.

— Eu percebi, Dusti, querida... — Ronronou contra minha bochecha sensualmente. — Eu senti...

— Eu tive escolha? — Dei um passo para trás, e quis bater em meus neurônios quando gostei do sabor adocicado em minha língua.

— Lucien lhe dá muuitas escolhas? — Zombou ele.

— Pare de ser cego, estou até surpresa que ainda não tenha percebido, quando não tem necessidade você entra na mente dos outros!

— Pensei que ficaria agradecida, se eu ficasse longe da sua mente. — Comentou com cinismo.

— Se entrasse agora saberia que eu considero o Lucien um irmão, Rhysinho, querido. — Debochei, causando um lampejo emocionado em seus olhos.

Rhysand se aproximou tão rápido que mal consegui acompanhar, seus olhos violeta pregados nos meus. Vasculhando minha mente e vendo mais do que deveria. O empurrei forte dessa vez, me condenando por tocar na ideia descabida e amaldiçoando ele por considerar. 

Rhysand ficou indignado, seu rosto expressando isso sem reservas. Seria engraçado se não fosse trágico. Ele não pode me culpar, todos sabemos que eu tentei contar antes.

— Coisinha deliciosa e cruel.

— Perdoe-me pela dor de cabeça, demônio ardiloso. — Fiz uma reverência regada de sarcasmo, e corri para longe em busca de Feyre.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈWhere stories live. Discover now