Capítulo 63

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  No entardecer retornamos para casa do Vento, Rhys me puxou pela mão com passos apressados até a sala de jantar onde todos nos aguardavam. Mor e Cassian bebericavam uma taça de vinho, ambos cochichando sobre a vida de alguém, presumo. Feyre conversava com Amren em algum tópico desagradável, a julgar pela careta que ambas ostentavam e a tensão nos ombros da minha irmã. 

Az surgiu das sombras no canto do cômodo, seus olhos ambarinos fixos em mim. Senti um pequeno puxão, nada comparado aos que Rhys dava para chamar minha atenção, era suave como uma brisa do vento. Elo carranam. Estava em minha mente, entranhado em nossa magia. Nossa. Todo poder que eu tinha também pertencia a ele.

Liberei meu poder daemati, as garras aquecidas se aproximaram das barreiras mentais do espião. Dei um simples toque, e Az abriu uma brecha para que eu passasse. Vamos conversar depois, mas, quero que saiba que estamos bem. O peso que ele sentia sumiu, e assentiu aliviado.

Suas sombras se desprenderam de seu corpo, Azriel não tentou segurá-las quando vieram de encontro com as minhas. Elas se misturaram diante dos nossos olhos, como velhas amigas se cumprimentando. Amren murmurou alguma coisa, mas eu não conseguia desviar o olhar daquele redemoinho sombrio e sussurrante.

Então, Rhys apertou minha mão, atraindo meu olhar deslumbrado. Só assim encarei o círculo íntimo, me surpreendendo, pois até mesmo Feyre se ergueu com eles. E juntos fizeram uma reverência, não para meu parceiro, para mim.

Amren segurou meu olhar: — Vamos servir e proteger.

Cada um levou a mão ao coração em concordância, esperando por minha resposta. Soltei uma respiração lenta encarando um por um, imaginando do que seria capaz para mantê-los bem, e confesso que as respostas foram assustadoras.

Cassian e Mor eram meus grandes amigos, Az e Feyre meus irmãos, Amren alguém que eu podia contar para destruir o mundo, e Rhys meu igual, meu companheiro, o amor para minha vida. E mesmo que faltassem três pessoas me ouvindo, eu declarei com toda sinceridade em meu coração:

— Obrigada. — Assenti deixando aquela sensação de segurança, de ser protegida me abraçar. — Por tudo que fizeram por mim, e pela minha irmã. Também vou protegê-los com minha vida, e prometo sempre lutar mais um pouco. Não importa como terminará essa guerra, os considero meu povo e estarei com vocês para qualquer que seja o fim.

Amren exibiu seu característico sorriso afiado, mas eu notei o puro respeito exposto naquele ato. O demais assentiram refletindo minhas palavras, a menção da guerra os deixando absortos. Feyre veio em minha direção com passos largos, e soltei a mão de Rhysand, a pegando em um abraço apertado.

— Senti sua falta. — Ela sussurrou.

— Eu também... E nesse meio tempo escutei algumas coisas a seu respeito. Precisamos conversar mocinha. — Acariciei sua coluna e pude sentir ela tensionando — Depois do jantar e não adianta tentar me enrolar.

— Não fale como se eu tivesse cometido um crime!

— Eu não acho que seja para tanto, você me conhece melhor do que isso e está bem grandinha para receber sermões. — Encolhi os ombros.

— Você se preocupa demais, nem na lua de mel se deu um descanso. — Zombou com um sorriso, mas eu não seria enganada — Eu estou bem!

"Ela mente."

"Chorou pela manhã."

"Está confusa."

— E eu sou o Cassian. — Resmunguei me afastando, decidindo acreditar nas queridas sombras. — Caso você não esteja enxergando bem.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈWhere stories live. Discover now