Capítulo 42

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Nestha e Elain cuidaram da louça enquanto escrevíamos a carta para as rainhas humanas, Rhysand o fez na verdade, nós quatro apenas ficamos ao redor dele palpitando em cada palavra que se formava na sua caligrafia elegante. Assim que a noite esfriou, cada um se dispersou para determinado quarto.

Cassian e Azriel em um, e Rhysand comigo no cômodo vizinho. Feyre sumiu raivosa pela mansão assim que resolvemos nossa questão com a guerra, em parte, por discutir com Nestha, que continuava me insultando e jogando indiretas. Admito que nunca vi Feyre tão furiosa quanto hoje, pensei que sairiam no tapa. 

Infelizmente, acho que minha irmã mais velha agora me odeia pelo que me tornei, juro que tentei não me abalar com suas acusações grotescas, mas uma vozinha dentro dessa mente confusa fica repetindo tudo que ela disse constantemente.

Eu nunca machucaria Elain...

Eu nunca machucaria Feyre...

Nestha acha que sou um monstro insensível?

Sentei na cama esfregando os cabelos, apertando os olhos para apagar o rosto daquela feérica morta dos pensamentos, ser tão parecida com Elain só serviu para me deixar mais nervosa a cada segundo. Lá eu cometi ações monstruosas... Parece tão difícil sair desse desastre que me tornei, estou tentando, mas não sei se vale a pena continuar procurando esperança dentro dessas ruínas.

Uma chance em um milhão ainda é uma chance. Aposte nela. A voz de Rhysand eccou, suas garras acariciando meu escudo, mas dessa vez não impediu a sensação de afogamento.

Merda... de novo não.

Mal prestei atenção na movimentação em minhas costas, Rhysand praticamente escancarou a porta do banheiro, se aproximando na ponta da cama com cautela. Nessa altura eu nem conseguia lembrar como respirar, a passagem de ar trancou.

Fiz como Madja me ensinou, levantei juntando toda minha concentração na janela. Constelações, constelações... Onde elas estão? Não era como o céu super estrelado de Velaris, mas haviam alguns pontos brilhantes iluminando o manto negro.

Rhysand veio junto, parando a centímetros de distância. O calor emanando de sua pele úmida quase encostando na minha. Ele permaneceu em silêncio.

— Uma... Duas... — Contei batendo o pé no chão freneticamente. O coração errou batidas, com mais imagens de Sob a Montanha me corroendo. Aura. Clare. — Três... Não está funcionando... Rhysand, não está funcionando...

Seus braços tatuados surgiram nas laterais da minha cabeça, espalmando as mãos na janela, deixando-me cercada. Dessa vez senti seu peito roçando minhas costas, a respiração quente tocou meu ombro.

— Me deixe entrar. — Rhys pediu. Suas garras arranhando meus escudos. — Abra sua mente para mim.

Tudo caiu abaixo. As garras seguraram minha mente e suas mãos minha cintura.

Imagens inusitadas de... Rhysand? Sim e ele não estava sozinho, uma illyriana voava com ele entre risadas, ambos dançando no céu como dois cúmplices cometendo uma travessura. Minha mãe. Então tudo se tornou névoa, trazendo outra memória a tona. Uma menina adorável, de grande olhos lilases, dormindo esparramada em cima de Rhys. Estela, minha irmã.

Ele me levou para o dia que me conheceu, uma conversa que teve com Feyre na cela, nossos treinamentos... Um estalo, e suas garras recuaram me devolvendo o controle, quase caía no chão, se não fossem suas mãos me apertando.

Me permiti apoiar nele para respirar melhor, virando-me lentamente, encontrando seus olhos roxos me analisando. Aproveitando que ele me dava um quase abraço, circulei os braços em seu pescoço, apoiando o queixo em ombro.

CORTE DE PAIXÕES E SACRIFÍCIOS | ʳʰʸˢᵃⁿᵈOnde histórias criam vida. Descubra agora