29

149 14 0
                                    

DEZEMBRO, SÁBADO

Péssima ideia estar sozinha em casa numa noite de tempestade em Oslo, onde os trovões a iluminar as ruas causavam-me arrepios. Nunca fui muito assustadiça com trovoada, mas ainda assim, nunca fui grande fã.

Uma festa para celebrar as férias de Natal acontecia no apartamento de William, segundo os vídeos e as mensagens no grupo, estava a ser a melhor de todas. A festa do ano.

A Noora insistiu imenso para ir com elas, mas a verdade é que só queria descansar.

Deitada no sofá a terminar o segundo filme de Velocidade Furiosa, começava a perder o sono, devido ao som dos trovões.

Comecei a receber imensas mensagens no grupo, o que me apressou a desbloquear o ecrã, visto que não parava de vibrar. Comecei a ler as inúmeras mensagens no grupo. As mais antigas eram fotos da bebedeira e as recentes pareciam mencionar uma confusão.

Foi então que marquei o número do meu irmão, mas sem sucesso. Experimentei a Noora e a Vilde, mas sem sucesso. Até que a fotografia da Sana surgiu do meu ecrã.

- O que raio se está a passar? - Sentei-me, senti que algo não estava nada bem.

- Os Yakuza apareceram. Vingaram-se deles e não sabemos onde está o Chris. Ele defendeu o teu irmão e foi agredido. Não sei onde ele esta, a polícia acabou de aparecer.

- O quê? Onde está o meu irmão? - Comecei a andar de um lado para o outro. - Sana, o Lukas não me atende o telemóvel.

- Ele está com o William e com a Noora.

Entretanto uma travagem brusca soou pelos meus ouvidos, fazendo com que corresse para a porta, esperando encontrar Lukas. Mas não era o caso, pelo contrário. Continuava a ouvir Sana do outro lado da linha.

Nada conseguia entender do que dizia, a partir do momento em que o carro parou no meio das vias e estava com quatro-piscas. Assim que me foi permitida uma visão clara através da chuva, reconheci de imediato o carro. Fiquei perplexa, ninguém saia do interior.

- Sana, já te volto a ligar.

Desliguei a chamada antes que tivesse hipótese para responder, levando-me a destrancar todos os trincos da porta e correr pelo meu jardim. O Chris nunca saiu do carro.

Contornei o Mercedes preto e abri a porta. Não sabia o que ia encontrar, mas estava a reagir de cabeça quente e com adrenalina.

Encontrei-o com a mão no abdómen, com uma expressão chorosa e com a transpiração visível, para além de estar encolhido. Respirei fundo, o pânico tentava participar no momento, embora tentando evitá-lo à força.

Pousei os joelhos ao lado do banco, levando as mãos aos braços de Chris, para o endireitar. Os gemidos de dor fizeram-se ouvir. Ele encostou-se ao banco, baixando a cabeça.

- Chris, estás a ouvir-me?

- Loirinha, tinha tantas saudades de sentir as tuas mãos na minha pele. - Tentava sorrir, mas ele estava cheio de dores.

- O que te aconteceu? Porque estás nesse estado? - Reparei que pressionava mais o lugar onde estava a sangrar, aumentando a sua dor e desconforto. - Estás a sangrar. Deixa-me parar o teu carro em condições e ajudar-te.

EKSTASE  ➛  CHRIS SCHISTAD Where stories live. Discover now