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OITO E MEIA

Mudava inúmeras vezes o canal de televisão. O cansaço abraçava o meu corpo. Ouvia vozes nas outras divisões da casa, visto que Lukas decidiu que era boa ideia prolongar o almoço até serem horas de jantar, convidando-os a ficar.

Como não tinham planos melhores, aceitaram, o que resultou em garrafas de álcool, jogos com shots e algum fumo. Estavam claramente sem a noção das horas e do dia.

Era dia da semana. No dia seguinte precisavam de acordar cedo para estar na escola, porém, eu sabia que era provável faltarem.

Mantive-me no meu canto. Assim que as raparigas foram para casa e consegui manter os pés fora do Russ Bus por mas um dia, atirei-me para o sofá e ali fiquei.

No entanto, começava a chegar-me um cheiro divinal de Lasanha ao nariz. Subitamente senti uma necessidade imensa de comer. Então, com toda a minha preguiça, entrei na cozinha, onde Lukas desligava o forno.

- Vens à procura de papinha, depois de passares o dia enjoada connosco? - Levantei os dois dedos do meio somei irmão, esticando-me para tirar um prato do armário.

Podia sentir um olhar constante em mim. Mas, honestamente, não me incomodava.

- O que é que se diz?

- A sério Lukas? Deixa-me comer ou vou fazer queixinhas aos pais! - Um pouco de chantagem nunca fez mal a ninguém.

- Vais mesmo pegar por aí? - Encolhi os ombros e o mais velho apontou para a mesa de jantar, onde os seus amigos estavam. - Queres? Então vem jantar connosco.

- Não estou mesmo interessada nas vossas conversas sobre raparigas. - Revirei os olhos. O Lukas continuou a apontar.

- Eles vão ter respeito ao pé de ti.

- Dizes isso para te convenceres a ti ou a mim?

Encolheu apenas os ombros.

Lukas passou por mim com a travessa apetitosa e eu deixei-me derrotar por ele. Atrás do rapaz com o prato e os talheres na mão, não demorei a ser o centro das atenções.

O mesmo, assim que pousou o jantar na mesa, avisou-os sobre as brincadeiras e comentários, visto que eu estava presente.

- Conta-nos Arya, passaram cinco dias, vais dizer-me que não estás de olho? As tuas amigas parecem estar animadas com o Russ bus. - Sem qualquer emoção no rosto, encarei William. - A tua amiga Vilde...

- Se me vais contar quais são as tuas intenções com ela, prefiro nem saber. - Interrompi-o. - Já foi o suficiente ouvir as dela.

Ele soltaram uma risada.

- É ela quem insiste. Eu só dou conversa. - Arqueei a sobrancelha. - Julga-me, força. Estás danadinha para me julgar.

- Porque dás conversa, se sabes que vais partir-lhe o coração? Ela não é como as raparigas que só querem sexo. Ela vai querer mais. Sê sincero uma vez na vida e ela deixa-te.

- Eu não namoro, Arya. E ela sabe.

- Avisa tu, é a tua amiga.

EKSTASE  ➛  CHRIS SCHISTAD Onde as histórias ganham vida. Descobre agora