49 - Açúcar mascavo.

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(Nota: Espero que o Shinso não tenha ficado OOC. Nunca realmente entramos na visão dele, então é um desafio fazer parecer que..., bom, não acelerei muito, por assim dizer... haha, vocês vão ver.)

O gosto do sorvete era tão suave que a sensação gélida da sobremesa lhe tirava o sabor: Shinso sentava em uma das mesas da praça, aquela em frente ao prédio que ele morava antes de se mudar para os dormitórios – ele estava visitando seus pais e passaria a noite, mas antes de dormir, aproveitou para sair com seu gato Manteiga.

Por isso ele tomava sorvete às dez horas da noite, ao ar livre, com uma sensação térmica de menos dois graus.

A baunilha do creme branco no cone não era seu sabor favorito, e se estivermos sendo honestos, ele não realmente queria o sorvete. Foi apenas um capricho, ao ver a sorveteria do bairro ainda aberta, mesmo depois do horário comercial.

Suas mãos estavam tão geladas que Shinso nem sentiu a sobremesa derreter dentre seus dedos, muito absorto em seus pensamentos.

Ultimamente, Hitoshi tem pensado bastante em você.

Não como um obstáculo, o sentimento de inveja que ele sentia por causa da sua individualidade havera sumido faziam meses. Não, ele se acostumou com a ideia da sua existência em sua vida social, lentamente gostando da sua presença.

Hitoshi sempre fora uma pessoa de poucos amigos: antes pelos traumas gerados por causa dos antigos colegas do pré, mas agora, por puro e simples capricho de sua personalidade. Ele poderia ficar dias sem se comunicar com ninguém, e não faz questão de socializar em locais públicos como as outras pessoas: sua bateria se regenera quando está sozinho, e ele é completamente okay com isso.

Ele nunca esteve aqui para fazer amigos – ele veio única e exclusivamente para realizar o sonho dele. Ele sempre disse isso, desde o dia um, e lá no fundo, ele ainda pensa assim.

No entanto, você adentrou sua vida, e ele não pode agir senão pensar em ti as vezes. Parar de falar com você no começo do ano o fez sentir culpa por ter "queimado uma ponte" pela primeira vez na vida.

O sentimento de arrependimento e a melancolia que o preenchia todas as vezes que pensava em você naquela época eram difíceis de lidar – e quando ele finalmente se viu livre deles por alguns dias, ficando em Hosu com Aizawa, você apareceu com Midnight: como uma constante lembrança dos erros que ele havia cometido, estes quais ele ainda tinha de pedir desculpas por ter feito.

Pedir desculpas não era uma coisa complicada para Shinso, ele não se sentia menor ou fragilizado se o fizesse: no entanto, pedir desculpas poderia ter sido a última interação dele com você. Quero dizer, se você simplesmente quisesse, não teria o perdoado por ter agido tão friamente. E aquela teria sido sua última interação.

Se ele nunca pedisse desculpas, ele pensou, ainda poderia ter uma última conversa com você, sempre garantida. Eventualmente, com um choque de realidade de Aizawa, ele se desculpou. Shinso se sentiu aliviado quando você aceitou suas desculpas e começou a frequentar sua bolha social novamente. Encaremos os fatos:

Hitoshi não é idiota – ele sabe que gosta de você.

Shinso acredita que você não sabe lê-lo. Ele não demonstra muito, e é de poucas palavras. Como te dizer o que ele sente? Como colocar em palavras os sentimentos que ele tem? Ele nunca havia passado por isso antes, tinha fechado seu coração para relacionamentos, focando somente na sua carreira profissional.

Ele não pensa nas implicações que esses sentimentos intensos tem, pois nunca gostou de dar nome para nada – porém, quando os olhos lilás encontram com os seus, ele se perde na imensidão da própria mente e seus sentimentos são a única coisa que ele consegue analisar.

𝑰𝑵𝑺𝑶𝑵𝑰𝑪𝑶 | Shinso HitoshiWhere stories live. Discover now