35 - Nada é uma garantia.

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Demorou alguns minutos até que você entendesse o que havia acontecido. "Não. Tem que ser um engano. Não é possível que eles são tão imprudentes assim" – você pensava, mas no fundo, infelizmente já sabia que era sim possível que fossem.

O que te restava era contar a notícia para todos os outros alunos. Você não sabia se estavam acordados, então optou por mandar uma mensagem privada para cada um dos alunos – não querendo soltar a bomba no grupo da sala, onde todos os alunos poderiam falar algo para os quatro que saíram.

Pouco a pouco, alguns alunos desciam para a sala comum, desacreditados do que acontecera. Cada um deles via você, encarando a porta e apertando forte a bainha da calça

Se você não fosse tão covarde, pensava, estaria junto deles.

– Você está bem? – Tsuyu sentou-se ao seu lado, com um olhar preocupado em seus olhos grandes. – Está meio pálida demais. Acho que você deveria descansar, gero. Não foi culpa sua.

– Eu sei, Tsu. – você suspirou, finalmente tirando os olhos da porta fechada. – Mas não tem como me sentir como se eu não sou parcialmente responsável. Ou ao menos covarde demais. Quer dizer, poderia estar junto com eles agora né? Talvez minha individualidade fosse útil.

– Acho que todo mundo se sente assim. – Mina riu, balançando os braços despreocupadamente. – Não 'to preocupada com eles. São fortes. Vão voltar carregando aquele loiro desgraçado nos braços, com toda a certeza.

Você assentiu. Só esperava que Mina estivesse certa.

(...)

O dia seguinte foi desesperador. Todos os alunos evitavam falar sobre o elefante no meio da sala, o clima visivelmente pesado, a preocupação conjunta pelos amigos criando uma tensão tão grande que All Might conseguiria socá-la se quisesse. Você estava perdida em seu próprio mundo, pensando nas possíveis possibilidades sobre o que aconteceria com seus amigos.

Você só podia rezar/esperar que eles ficassem a salvo.

Até mesmo os professores visivelmente pareciam tensos – os substitutos, claro. A maioria foi procurar pelo aluno. Ninguém parecia realmente dar importância ao dia, só pensando no futuro e o que ocorreria com o aluno sequestrado. Burburinhos nos corredores da escola eram baixos, mas tantos, que eram possíveis de serem ouvidos.

Ei, ei, você ficou sabendo? Aquela sala ali teve um dos alunos sequestrados.

Psst, ei, não olha agora, mas é aquela sala que eu 'tava te contando sobre.

Que aluno você acha que foi?

Você tampou suas orelhas, cansada demais das vozes e dos comentários que te lembravam do que havia acontecido com o colega de sala. Você só queria breves momentos de paz. Era pedir muito? O estresse dos dias passados finalmente chegou até você. Todas as vezes que você se machucou – e quase morreu – voltando a sua cabeça. O cansaço que sentia pesando todo o seu corpo, os hematomas de mesmo dias atrás voltando a doer. Uma dor de cabeça enorme começando a se formar no seu lóbulo frontal.

Tudo que você queria era que o dia acabasse logo, e que você pudesse se jogar na cama e fingir que o resto do mundo não existe. Cobria sua cabeça como se sua vida dependesse disso, a enxaqueca piorando.

– Eu acho que tenho alguns remédios pra isso. – Shinsou sentou-se na sua frente, a muleta descansando na cadeira ao lado. Os cabelos bagunçados balançando enquanto ele conversava com você. Trazia consigo um lanche empacotado. – Mas não é bom tomar sem comer nada. Quer um pouco do meu lanche?

𝑰𝑵𝑺𝑶𝑵𝑰𝑪𝑶 | Shinso HitoshiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora