34 - Não poderia te perder.

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Você passou o dia seguinte inteiro pensando nos seus amigos machucados. Seu coração apertava em seu peito, a raiva enraizada em sua alma, o desejo de ter feito mais alastrado por todo o seu corpo. Você queria que todos estivessem bem, salvos, felizes.

Você e Bakugo não eram amigos próximos, mas você também pensava no loiro. Ele havia sido sequestrado há algumas horas, e UA já estava sendo interrogada por vários repórteres. Você não gostava muito deles: o jeito que devoravam seus professores por qualquer controvérsia te deixava triste. O assunto era tão sério que até mesmo Aizawa foi para frente dos holofotes.

Os rumores corriam soltos: o que teriam feito com seu colega de classe? Todos se perguntavam, porém ninguém tinha a resposta. Você respirou fundo, se jogando na cama bagunçada do seu quarto. A luz fraca tentava aparecer através das cortinas pesadas, sem sucesso. Livros e pesos espalhados pelo quarto, poeira no chão.

Você não se sentia motivada para limpar. Você não queria fazer mais nada.

Tudo bem, você tinha achado ser relativamente útil ontem. Mas alguma coisa sobre o jeito que Hitoshi se sentia ressoou em você. E talvez, o que você tinha feito, nem era tanto assim.

Era mais um sentimento de raiva do que qualquer coisa. Se seus amigos não estivessem machucados, conseguiriam ter salvo Bakugo? Se Hitoshi não tivesse desmaiado, se ele estivesse com sua máscara, ele conseguiria manipular o vilão a devolvê-lo? O que te deixava mais furiosa, é que não obteria a resposta. Tudo que você tinha eram essas possibilidades para pensar.

E te deixava mais brava ainda que você não estava satisfeita consigo mesma. Sabe, nem todo mundo teria feito o que você fez! Já tinha sido uma enorme conquista ter a coragem de lutar contra um vilão daqueles, sem os equipamentos corretos e com falta de experiência. Do que você estava reclamando?

Sua campainha toca, lhe tirando de seus devaneios. Você lentamente coloca suas pantufas, o cansaço do dia anterior e da sua tristeza lhe vencendo, mas ainda assim você continuava dando passos. Sua mãe acompanhava você com o olhar, um rosto preocupado. Ela queria ajudar, mas sabia que nada seria de grande ajuda. Não palavras. Ela com certeza vai te entupir de comida.

Você abriu a porta, surpresa em ver Aizawa e Toshinori do lado de fora. Sua mãe os deixou entrar, eles lentamente sentando em seu sofá. Depois de alguns segundos, Aizawa começa, um pouco tenso. Mas os olhos eram colados na matriarca. Sérios.

– Sei que isso é um pouco repentino, e chato, depois de todas as desgraças que aconteceram com os vilões. E que talvez você não confie mais na UA, visto que vários pais não nos consideram mais seguros. Porém, eu e All Might estamos indo de casa em casa, implorando para que nos deem só mais uma chance. – ele limpa a garganta, suor frio em sua testa – Iremos criar um sistema de dormitórios, onde conseguiremos manter os alunos mais seguros. E gostaríamos de saber se [XXX] irá para lá. Garantiríamos a segurança da sua filha. Sei que talvez não acredite nas minhas palavras, visto a situação de Bakugo, mas saiba que nossos melhores heróis já estão buscando pelo garoto. Nós estamos realmente arrependidos com a falha na nossa segurança e desejamos proteger nossos alunos a qualquer custo. Só precisamos de sua permissão.

– Você está certo, é difícil mesmo até considerar isso um pedido sério. Não com tudo isso que está acontecendo. Minha filha já levou uma facada enquanto pupila de uma de suas colegas de trabalho, e agora desviou de balas na mira de um vilão sanguinário. Ela poderia ter sido a sequestrada. – sua mãe falava, as palavras saindo de forma harmoniosa, como se fossem precisamente pensadas, como se já estivessem na mente da matriarca a algum tempo.

Um silêncio constrangedor se instala. Lágrimas brotavam nos cantos de seus olhos, não querendo deixar sua escola.

– [XXX] tem sido uma aluna brilhante, – Toshinori sorri, seu coração derrete. O herói número um japonês acaba de te elogiar – não gostaríamos de perdê-la. Por favor.

𝑰𝑵𝑺𝑶𝑵𝑰𝑪𝑶 | Shinso HitoshiOnde as histórias ganham vida. Descobre agora