31 - Heróis como nós.

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No dia seguinte, a maioria havia acordado bem cedo. Alguns dos alunos que haviam se esforçado mais no dia anterior entretanto, (como você e Todoroki), foram acordados somente mais tarde quando a comida já havia sido feita. Você agradeceu imensamente à generosidade de seus amigos pelo gesto. Você estava mesmo precisando dormir.

Seu corpo ainda estava um pouco dolorido nas áreas que você bruscamente precisava mover para desviar-se de ataques e contra atacar, mas você sentia que estava bem melhor do que na noite anterior e que conseguiria aguentar o dia com essas dores. Os alunos de ambas as salas comeram silenciosamente, olhares trocados.

Você sabia que a classe 1B não gostava muito de vocês, da 1A. Você só não conseguia entender exatamente o porquê. De fato, as pessoas estavam dando mais atenção à sua sala devido ao ataque de vilões, mas vocês eram literalmente vítimas. Odiavam vocês por algo que não podiam controlar? Que foram submetidos a enfrentar?

"Ou poderia simplesmente ser por causa do Bakugo. Só pensar nele já é irritante o suficiente".

Em pouco tempo, já estavam todos espalhados, nas regiões montanhosas e planas do terreno dos heróis. Divididos em grupos, os profissionais tentavam ensinar todos de uma vez. Você tinha aprendido uma ou duas coisas de ontem, e isso já te deixava muito feliz, mas ainda havia muito que você precisava conseguir se queria mesmo ser uma heroína – e mais importante, não ficar para trás.

Só o pensamento te assustava. Você já havia sentido isso anteriormente, e pelo que se lembra, era um sentimento angustiante que você não desejaria para ninguém. Não queria apenas ver as costas de seus amigos. Queria caminhar lado a lado com eles.

E estava determinada a fazer o que custasse para isso.

Era difícil se defender dos heróis ao mesmo tempo que precisava atacar e levar em consideração os colegas de classe. Sua individualidade era do tipo que funcionaria melhor em um campo aberto, do que no meio de prédios e casas de uma cidade, civis e carros. Você não podia simplesmente criar um tornado (pensando bem, você pondera se conseguiria criar um tornado) e sair destruindo tudo, ou senão teria que pagar por isso.

"Pelo menos minha individualidade não é como a de Mount Lady. Aquilo sim é impossível de controlar em espaços apertados".

Mas isso não mudava o fato de que era realmente um saco. Suas luvas conseguiam concentrar o foco, mas um movimento em falso e você daria o que doeria como um tiro de Airsoft multiplicado por dez em alguma coisa, ou pior, alguém.

Principalmente quando seus amigos começam a pular e se mexer na sua frente. Já é difícil por si só conseguir pegar um ângulo bom de Pixie Bob, e é pior quando as pessoas se jogam na sua frente – você jura ter acertado as costas de Mina pelo menos duas vezes. Murmurando um "desculpe" baixo, você continua focada em acertar.

De longe, um herói vê sua dificuldade, e em passos lentos, aproxima-se de você.

– Você não vai conseguir muita coisa se ficar mirando desse jeito. Você pensa demais. – a voz rouca e cansada do seu professor de sala se faz presente, uma mão caindo sob seu ombro. – Aqui é um treino, mas se aquilo fosse realmente um vilão, você não teria esse tempo todo.

– E o que você sugere que eu faça? – você solta o tiro, por pouco não pegando em Mina, novamente. – Desculpe!

– É simples. Se você sabe que precisa de uma posição onde possa mirar em seus inimigos, pelo menos com sua experiência atual, porque se encontra no meio da luta? – sua cabeça tomba para o lado – Heróis como nós, que precisam de uma oportunidade e não podem sair batendo em tudo, precisam operar das sombras. Seria muito melhor se você subisse em algum lugar alto e atirasse de cima para baixo: porque além de acertar... – sua última palavra fica com um tom sugestivo, suas sobrancelhas levantadas.

𝑰𝑵𝑺𝑶𝑵𝑰𝑪𝑶 | Shinso HitoshiWhere stories live. Discover now