(Vol. II) Ano I p.e.│ O som das árvores.

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— O mordedor havia acabado de engolir alguma coisa. Eu e Rick tivemos que estripar o desgraçado para saber o que ele tinha comido. Era uma marmota. — Me explicou ao beber a sua água tranquilamente.

Meu cenho se franziu em um desgosto evidente. Eu não me importava com o fato de ter que matá-los, afinal, era a lei da sobrevivência. Ou éramos nós ou eram eles. Mas imaginar tal cena em minha cabeça foi de longe a coisa mais perturbadora e maluca que havia acontecido. Ainda mais bizarra do que o "rebanho" de mortos-vivos fluindo pelo asfalto.

— É realmente uma história do cacete! — Respondi ainda totalmente impressionada. — Mas será que você poderia contá-la a favor do vento? — Debochei finalmente tirando a mão do nariz e tentando me acostumar com aquele cheiro horrível. — Então quer dizer que você abriu o filho da puta e revirou as tripas do morto? — Repeti com nojo em minha voz.

— Igual a um chilli. — Daryl completou com um sorrisinho de escárnio, me fazendo expressar ainda mais incômodo.

— Nunca mais eu vou conseguir comer chilli de novo. — Resmunguei para mim mesma com asco e balancei a minha cabeça em negativa algumas vezes.

Daryl acabou se curvando sobre as laterais da picape, jogou a garrafa de água de volta em um dos cestos e apoiou seus dois antebraços na lataria ao tentar analisar melhor todos os objetos que estavam guardados ali dentro e ocupavam quase todo o espaço.

— Você passou o dia inteiro entulhando coisas? — Perguntou franzindo a ponte do seu nariz em uma careta como se estivesse me acusando de ter exagerado um pouco. Eu apenas sorri animada mostrando que aquilo era algo de que eu me orgulhava.

— Olhe só o tanto de coisa legal que eu consegui! — Gesticulei para os objetos como se fossem o meu grande império. — Uma barraca de camping. Três lanternas. Naquela caixa estão todas as baterias. Consegui garrafas de água. Comida enlatada. Um colchão de acampamento. Na mala preta estão as roupas de verão e na mala vermelha estão as roupas de inverno. — Expliquei metodicamente, lhe mostrando que tudo estava organizado. — Também consegui um par de coturnos novos! — Levantei um dos meus pés na altura do seu rosto enquanto lhe lançava um grande sorriso bastante animado. — Estão folgados, mas a tala não machuca e eu os amarro forte!

— Cacete. — Resmungou com a voz rouca, como se eu fosse uma louca descontrolada, quando empurrou meus pés de volta para o chão da picape.

— Olha! Eu tenho algo pra você! — Revelei quando puxei a peça de roupa de cima da mala de inverno e estiquei o poncho de tecido marrom com estampas geométricas em cores terrosas. — É um poncho Cherokee. Eu achei bem parecido com você quando o vi. — Expliquei ao jogá-lo em sua direção e o homem pegou com as duas mãos para olhá-lo. — Não se preocupe, não foi tão caro. Estava de graça! — Debochei com um sorriso.

— Vai acumular coisas 'pros' outros também? — Provocou ainda segurando aquele agasalho como se não fosse grande coisa. Eu fiz uma expressão entediada.

— Aceita logo a porra do agasalho, Daryl! — Briguei rolando meus olhos. — Você vai me agradecer quando os seus bracinhos branquelos estiverem tremendo de frio no inverno! — Reclamei mirando meus olhos nos seus com total certeza.

Daryl continuou analisando a peça de roupa como se não soubesse o que pensar sobre aquilo, ou não estivesse acostumado a receber presentes, o que acabou me fazendo sorrir de maneira satisfeita. Pois apesar das suas palavras teimosas e sua expressão sempre fria, ele simplesmente não me devolveu o agasalho. Apenas o jogou sobre o ombro de forma sorrateira mostrando que o aceitaria. Aquilo me fez sorrir com carinho.

Pra mim, parece mais que você está indo embora. — Ele comentou com uma expressão um pouco acusadora. O que me fez pensar que ele falava sobre a quantidade de coisas que eu havia guardado.

STING ● [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈] ● daryl dixon⼁The Walking Dead ●Where stories live. Discover now