(Vol. II) Ano I p.e.│ Para onde todos vão.

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Alguns dias nasceram e morreram durante o tempo em que permanecíamos na estrada em direção a fronteira de Atlanta e em busca do Fort Benning, o nosso destino

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Alguns dias nasceram e morreram durante o tempo em que permanecíamos na estrada em direção a fronteira de Atlanta e em busca do Fort Benning, o nosso destino. Continuava avistando quilômetros e quilômetros de longas estradas e rodovias asfaltadas e infestadas. Bairros abandonados, corpos espalhados e destroços envolvidos por uma camada de poeira e escombros. Era uma visão aterradora.

Parávamos só pelo tempo necessário para abastecermos os automóveis com combustível, fazermos as alimentações precárias e atendermos ao pedido da natureza com nossas necessidades básicas. Tempo esse que eu também utilizava para caminhar e esticar um pouco as minhas pernas.

Uma dor cansada fazia a minha panturrilha parecer pesar mais do que um balde de chumbo e os pedais da caminhonete velha não ajudavam muito; porém eu havia decidido levar o carro junto comigo. Talvez por apenas uma questão sentimental, ou quem sabe por uma precaução. Afinal, eu acreditava que precisava ter um meio de fuga disponível apenas para mim.

O som da motocicleta se aproximando do meu carro começou a aumentar mostrando que ela não se encontrava muito longe. Ficando alto o suficiente até ultrapassar o som cansado do motor da caminhonete.

Eu encarei o espelho retrovisor e vi o homem dirigindo aquela Triumph Chopper ficando cada vez mais próximo. Acelerando tão forte aquele motor e desviando da linha de automóveis como se costurasse o seu próprio caminho. Até finalmente alcançar a minha picape vindo pela parte de trás da lataria e passou exatamente ao lado da minha janela do motorista.

Daryl dirigiu por poucos segundos exatamente debaixo da minha janela como se quisesse se vangloriar um pouco. Seus olhos estreitos por culpa do sol olharam para os meus como se quisessem dizer algo e o seu rosto totalmente sério ficou em minha direção por um momento curto.

Levei minha mão até a minha testa e fingi levantar a aba de um chapéu imaginário, o cumprimentando como os heróis do Texas, e abri um leve sorriso satisfeito quando simplesmente afundei o pé naquele acelerador e tentei correr mais rápido do que a sua moto, o desafiando. Entretanto a brincadeira foi em vão. O homem, bem mais adaptado do que eu, acabou acelerando mais e me ultrapassando sem grandes problemas. Me fazendo desacelerar quando o frio no estômago me deixou nervosa e ele praticamente voou em direção ao horizonte.

— Exibido! — Falei alto ao rir sozinha dentro daquele carro.

Descemos por uma longa rodovia e tivemos que pegar uma curva antes de alcançarmos uma linha reta. E não chegamos a atravessar tanto o asfalto retilíneo quando nos deparamos com um cenário um tanto desconcertante.

Um engarrafamento de veículos abandonados se abria à nossa frente como um leque perturbador até se perder de vista. Dezenas e dezenas de carros e caminhões de vários modelos e tamanhos, alguns destruídos e virados. A pegada macabra de um momento desesperador de tantas pessoas. Pessoas que tentavam a todo custo fugir da cidade e acabaram presas em uma ratoeira metálica e mortal.

STING ● [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈] ● daryl dixon⼁The Walking Dead ●Where stories live. Discover now