(Vol. II) Ano I p.e.│ O som das árvores.

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A tarde começou a ir embora enquanto o sol se tornava cada vez mais alaranjado até se tornar assustadoramente escuro como um filtro estranho

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A tarde começou a ir embora enquanto o sol se tornava cada vez mais alaranjado até se tornar assustadoramente escuro como um filtro estranho. E foi exatamente nesse início de noite tão esquisito que todos puderam ver quando Rick saiu de dentro daquela floresta junto com Daryl e os dois homens se aproximaram de volta ao asfalto aonde a maior parte do grupo estava.

O choro de Carol tornou-se mais alto quando todos percebemos que Sophia não estava com eles.

— Droga... — Xinguei ainda encarando a cena de longe, de joelhos dentro da caçamba aberta da minha picape. E fiquei apenas observando a conversa e consolo de todos em volta da mulher totalmente desesperada.

Eu sabia como era a dor da perda. E eu sabia que não existiam perdas maiores e perdas menores quando se tratavam de pessoas, afinal, todo mundo sente a dor de uma forma diferente. Mas eu tinha total convicção do quanto aquela mulher estava sofrendo agora. Ela estava literalmente passando pelo pior pesadelo de uma mãe. E isso me despertava um sentimento muito ruim de pena e tristeza.

Suspirei profundamente e voltei a organizar as coisas metodicamente para tentar facilitar a retirada de qualquer coisa útil que estivesse garimpada ali dentro. Eu apenas queria ficar longe da tragédia.

— Hey, você tem um pouco de água aí? — Ouvi a voz masculina perguntar enquanto eu permanecia de joelhos sobre a caçamba e com minhas costas viradas para Daryl.

Era uma grande surpresa percebê-lo se aproximando de mim por algo tão simples como água, mas alguma coisa me dizia que provavelmente ele estava tentando se afastar do centro dos acontecimentos, ou simplesmente disfarçando para saber como eu estava após o ocorrido.

A segunda opção era bem mais interessante.

— Depende, você tem alguma garotinha loira aí? — Perguntei como se fosse uma recompensa, permanecendo ainda de costas e com um meio sorriso ao tentar provocá-lo.

Peguei uma das garrafas de água mineral que eu havia deixado dentro de um cesto quadrado e me virei em sua direção a esticando para entregá-la. Foi uma surpresa terrível quando o cheiro de putrefação avançada totalmente acentuado chegou em minhas narinas e invadiu os meus pulmões como um furacão nojento e sem qualquer permissão.

Eu sabia muito bem que o mal cheiro dos mortos estava praticamente impregnado no mundo como uma marca registrada agora. Mas na situação em que Daryl estava, parecia que ele carregava um cadáver preso nas costas.

— Que porra de cheiro é esse?! — Exclamei alarmada ao entregar a garrafa de água e levar a minha mão até o meu nariz para tapá-lo.

— Encontramos um daqueles filhos da puta no meio da trilha de Sophia. — Ele explicou sem se importar com o meu quase surto por culpa do cheiro. Ele tinha o rosto todo sujo e as roupas estavam piores.

— É? E ele vomitou em você por acaso? — Perguntei ainda franzindo meu cenho e me sentei de pernas esticadas na parte mais vazia da caçamba da caminhonete para livrar minha torção do peso do meu corpo.

STING ● [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈] ● daryl dixon⼁The Walking Dead ●Where stories live. Discover now