(Vol. I) Ano I p.e.│ Vinho da meia noite.

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As conversas despretensiosas continuaram enquanto todos pareciam ter um bom momento. As garrafas de vinho, whisky e cerveja começavam a se acumularem no centro da mesa a medida em que o tempo ia passando e histórias de vida iam sendo contadas. Porém ele passava de uma forma diferente para mim. Estando ali sóbria as coisas pareciam mais claras e meus instintos mais aguçados. Fazendo o medo em meu peito desejar tomar todo aquele álcool até o meu cérebro derreter apenas para não sentir o suspense psicológico.

— Na Itália todas as crianças tomam um gole de vinho durante o jantar! — Dale avisou simpaticamente enquanto Lori proibia que Carl experimentasse um pouco em seu copo.

— Bem, quando Carl estiver na Itália nós podemos pensar sobre isso. — A mulher negou de forma sarcástica, fazendo todos rirem.

— Não há mal nenhum nisso. Vamos lá, deixe-o experimentar pelo menos. — Rick apontou para a esposa com um sorriso ébrio, me fazendo notar que ele também havia sido pego pelos braços da bebida.

"Merda!"

— Mesmo? — Lori perguntou rindo em revolta. — Ok, certo então. — Ela devolveu o copo para o filho.

Carl sorriu e experimentou o líquido vermelho com um certo orgulho no rosto. Entretanto suas feições se torceram em uma careta esquisita e desgostosa quando finalmente sua língua tocou o vinho levemente.

— Yeww! — Reclamou com nojo ou se afastar do líquido. — Tem o gosto horrível! — Exclamou enquanto todos acabavam caindo no riso e Lori o parabenizava afagando o seu ombro com grande orgulho.

— Então fique apenas com o suco, rapaz. — Shane comentou com uma expressão emburrada enquanto parecia jogar uma leve indireta para a garrafa que Edwin havia me entregado ao aponta-la.

— Menos você, Glenn! — Daryl comentou aproximando-se com uma nova garrafa de vinho e a colocando bem em frente ao garoto que o encarou com um sorriso desconcertado. — Continue com as garrafas, meu garoto, eu quero ver a sua cara ficando vermelha! — Brincou quando voltou a encher a taça do outro até a metade de novo e todos riram mais uma vez.

— Bom, acho que nós não agradecemos ao nosso anfitrião devidamente... — Rick se pronunciou quando ficou de pé segurando a sua taça como um brinde e se referiu ao doutor sentado um pouco distante de nós e em silêncio. — E não poderíamos. Pelo menos não o suficiente. — Continuou quando todos ficamos em silêncio. — Você é muito mais que um anfitrião, doutor, você nos salvou! Saúde! — Levantou a sua taça e rapidamente todos fizemos o mesmo.

Eu acabei levantando a minha garrafa de suco de laranja enquanto meus olhos finalmente iam na direção do seu rosto tão apático. Uma nuvem terrivelmente sombria se aproximava pelo horizonte, eu podia sentir isso em cada um dos meus ossos e em seus olhos.

— Obrigado. — Foi tudo o que ele respondeu ainda se mantendo frio e distante como se nem estivesse ali realmente.

— Mas quando vai nos contar o que aconteceu, doutor? — Shane insistiu após as comemorações cessarem um pouco. — Com todos os outros médicos que deveriam descobrir o que houve. Aonde eles estão? — Continuou enquanto a sua expressão era quase como uma acusação.

— Estamos comemorando, Shane. Não precisamos falar sobre isso agora. — Rick tentou impedi-lo de pressionar o doutor.

— Não, não, espera aí! — O policial insistiu um pouco mais, mostrando que o álcool em seu organismo havia o deixado bem mais além do limite. — Não foi por isso que viemos até aqui, Rick? Atrás de respostas? Não foi por isso que quase morremos lá fora? — Apontou um pouco mais revoltado.

— Bom, quando as coisas ficaram realmente ruins muitos de nós começaram a ir embora. — Edwin começou a explicar ao perceber a insistência mal educada do homem bêbado. — Foram se juntar às suas famílias, que é o mais sensato. — Lembrou com um sorriso fúnebre. — E quando tudo ficou perdido, quando os militares foram aniquilados, todo o resto fugiu. — Contou assentindo algumas vezes.

STING ● [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈] ● daryl dixon⼁The Walking Dead ●Where stories live. Discover now