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LEBLANC...

O dinheiro move o mundo, e não estou sendo superficial quando digo isso. Até mesmo as igrejas são cheias de pinturas milionárias e padres corruptos. Digo, até que ponto somos capazes de chegar pelo poder aquisitivo? Porque tudo tem um preço, alguns são apenas mais altos.

Eu, particularmente, gosto das mansões beira-mar e carros esportivos. Meu caráter é altamente questionável se você tiver um milhão de dólares para me oferecer. Mas não dirija a palavra à mim com menos do que isso.

No entanto, o dinheiro não está em primeiro lugar. O respeito está.

Estaciono minha última compra em frente à mansão Campbell, propriedade de uma das famílias mais ricas da Itália. Após descer do carro, alinho o terno preto, apesar de ter certeza de que ele está perfeito.

Caminho até a porta de entrada da casa e, enquanto isso, volto ao pensamento anterior. O dinheiro é tudo. Meu último serviço foi prestado ao único filho de Daniel Campbell. Ele queria que seu pai dormisse o sono dos justos, para que pudesse colocar suas mãozinhas diabólicas sobre a fortuna da família.

Se me perguntar, eu direi que não concordo com sua atitude, mas sou apenas um trabalhador ganhando seu dinheiro honesto sem intrometer-se na vida alheia. Ele não me deve satisfações, me deve cinco milhões de euros.

Toco a campainha, e não espero por cinco segundos até que a porta seja aberta, o que me leva a crer que já havia alguém do outro lado esperando pela minha chegada.

- Boa noite, senhor – a governanta saúda.

- Boa noite, senhorita.

Faço uma breve avaliação ao meu redor. A casa é bem iluminada, com música ambiente tocando. A mulher diante de mim veste uniforme e seu cabelo está penteado. Não muito, mas toleravelmente.

- Por aqui, por gentileza – ela gesticula para dentro do hall.

Eu a acompanho casa adentro. Hoje, em particular, separei a noite inteira para jantar com Christian Campbell, e cheguei com dez minutos de antecedência. Chegar na hora é atrasar, e atrasar é desrespeitar.

A governanta me leva até a sala de jantar, onde Campbell já está sentado em uma das cadeiras da mesa redonda. Ele sorri largamente ao me ver, então se levanta.

- LeBlanc!

O homem é sorridente e alegre, nunca pareceria alguém que encomenda a morte do próprio pai. Quando nos falamos pela primeira vez, ele tratou o assunto como o preparo de uma festa de aniversário. Mas no fim, você nunca sabe quando há um criminoso sob seu teto, usando seu sobrenome ou dirigindo seus carros.

- Campbell – devolvo o cumprimento.

Ele me alcança e estende a mão, mas eu apenas aceno. Posso dizer que sou um homem de palavra, mas não de toque. É mais íntimo do que as pessoas com meio cérebro concebem, e nós, britânicos, sabemos disso desde sempre.

- Oh, eu me esqueci – ele recolhe a mão para si – Sente-se, por favor. Fez uma boa viagem?

Nos dirigimos para a mesa, e eu me sento ao seu lado, depois abro os botões do paletó.

- Sim, obrigado.

Daniel Campbell estava na Inglaterra a trabalho. Eu precisei ir de encontro a ele, pois meus serviços não duram mais do que uma semana. Tudo, como sempre, foi como planejado. Ele estava na varanda de seu flat fumando um cigarro e bebendo vinho. Eu estava no terraço do prédio adjacente. Uma bala e adeus. Pobre Daniel, não merecia um filho tão ingrato e egoísta.

- Bem, você não veio para experimentar a culinária italiana. Vamos ao que interessa – Christian coloca a mão no bolso interno do paletó e volta com um pequeno envelope de cheque em mãos.

ÚLTIMA DANÇAWhere stories live. Discover now