Capítulo 26

66 11 0
                                    

-Quero que você entregue esse celular para o Steve. Tem dois números na lista, o primeiro é o meu e o segundo é de um contato que eu espero que ele nunca precise ligar. -Entrego o aparelho para Pietro que olha para mim com um ar de questionamento. -Cuide de Wanda e eu apareço quando for a hora certa para aparecer. Fora isso, não a deixe vir atrás de mim. Eu estou fazendo isso para o bem de todos vocês e para não acabar matando o Ross.

-Você vai se cuidar? -Ele segura meu braço antes que eu suba na mota e saia dali.

-Vou tentar não fazer nenhuma burrada. Não se preocupe. -Digo e subo na moto e liga a mesma. Antes de colocar o capacete, ele se aproxima e me entrega minha carteira que eu havia deixado no quarto ao sair às pressas. -Obrigada.

Coloco a carteira no bolso e ligo a moto, coloco o capacete e saio dali, rumo a lugar nenhum. Eu só precisava estar o mais longe o possível para que não me achassem. E para isso eu precisava deixar a moto, mas antes tinha de estar fora da cidade.

A noite começava a aparecer e eu já estava fora dos limites de Nova York, se me desse mais algumas horas eu estaria bem longe dali. Paro em um posto de beira de estrada para abastecer e vejo a foto de alguns integrantes dos Vingadores passando na televisão. Abasteço e pago em dinheiro, sem risco para que rastreassem o cartão.

-Qual o caixa eletrônico mais perto que posso usar? -Pergunto ao dono do posto que diz que havia um nos fundos da loja. Vou lá rapidamente e saco algum dinheiro que eu possa precisar e deixo o posto.

No fim da noite, já estava chegando em Hershey, onde eu deixaria a moto na beira de estrada e seguiria a pé até a casa de um conhecido que eu sabia que me daria abrigo caso eu precisasse, sem nem perguntar ou fazer julgamentos.

Estaciono a moto assim que começo a avistar as luzes da cidade e começo a andar, por entre as árvores. Eu sabia bem onde ele morava, e o mesmo não seria louco de morar na cidade para que pudessem encontrar ele com facilidade.

Depois de mais ou menos uma hora de caminhada, chego a uma clareira aberta o suficiente para abrigar a casa desse colega. Bato na porta e espero que seja aberta. Já ergo as mãos ao ver as luzes se acenderem e me afasto da porta para que pudesse ver que era eu.

-Fiquei me perguntando quando que você apareceria depois das notícias nos jornais. -Ele abre a porta dizendo e olha para mim. -Celular?

-Deixei na moto, que a essa hora já deve estar bem longe daqui, com alguém que passou na estrada e viu as chaves na ignição. -Digo e ele me deixa entrar. -Tenho só um celular que é mais antigo que meu pai.

-Aprendeu direitinho. -Ele fecha a porta e se senta na poltrona e eu me sento no sofá. -Deve estar com fome, e precisando de um banho, porque ainda dá para sentir o cheiro do mar em você.

-Estava lá antes de sair de Nova York. -Digo e ele vai até o quarto e volta com uma toalha e algumas peças de roupa, depois de alguns minutos.

-É o que eu tenho por enquanto. Amanhã vamos até a cidade e compramos algumas coisas para você passar algum tempo aqui. -Ele me entrega e mostra onde era o banheiro. Entro e fecho a porta.

Retiro todas as roupas e entro no chuveiro, que tinha apenas água fria. Tomo um banho da cabeça aos pés para tirar o cheiro de praia e depois de terminar visto as roupas, que eram grandes demais para mim e me olho no espelho que havia atrás da porta. Minha aparência era de uma pessoa cansada e com fome. Sorrio para aquela imagem e abro a porta, logo sentindo cheiro de café.

-Precisamos montar um plano para caso seja necessário. -Entro na cozinha dizendo e vejo ele parado na beira da pia, olhando pela janela.

-No momento você precisa comer e dormir. Amanhã, depois que voltarmos da cidade, a gente pensa no que vai fazer. -Escuto sua voz e me sento na cadeira e me sirvo de um pouco de café e pego alguns biscoitos no prato e começo a comer. Eu realmente estava com fome. Ele sorri e se senta na minha frente. -Como está seus pais?

-Não ficou sabendo da notícia mais recente? -Ele nega com a cabeça e eu termino de comer e bebo o restante do café na xícara. -Meu pai sofreu um acidente, não aguentou ficar inválido e procurou ajuda não sei onde, hoje ele é o Dr. Estranho, o maior mestre de magia que vive em algum lugar entre as realidades e espera assim estar salvando o universo. Minha mãe ainda está no mesmo lugar, fazendo as mesmas coisas que sempre fez e agora tinha a mim que acabei de formar na faculdade de enfermagem.

-Seu pai abandonou vocês para procurar ajuda e simplesmente sumiu? -Ele pergunta e pega a xícara que eu havia deixado na mesa e volta até a pia e lava a mesma e deixa para secar. Volta até a mesa e guarda o restante dos biscoitos em um pote e lava o prato, deixando ao lado da xícara.

-Não é tão ruim, se parar para analisar o quadro todo. O processo me deixou mais forte e minha mãe também. Além de que agora ele é um herói que quase ninguém conhece. -Comento e sigo o homem até a sala, que só então percebo que o sofá estava arrumado para que eu pudesse dormir lá.

-Amanhã vamos comprar um colchão para você poder dormir melhor, mas por agora é o que tenho. -Ele diz enquanto coloca as mãos no bolso da frente da calça que usava e eu faço o mesmo, só que na calça de moletom que usava.

-Eu não preciso de mais nada. Isso para mim já é o bastante. -Digo e respiro fundo, percebendo que sentia falta daquele cheiro.

-Boa noite então. -Ele coloca a mão em meu ombro e me puxa para um abraço.

-Boa noite, vô. -Digo e vejo ele se afastar e ir para o quarto. Desligo a luz e deito no sofá, apagando logo em seguida.

What if it was real?Where stories live. Discover now