Capítulo 3

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-Achei que não iria conseguir trazer ela. -Escuto a voz de Natasha enquanto subia as escadas atrás de Steve.

-É claro que eu conseguiria convencer ela a vir. -O rapaz diz e eu reviro os olhos enquanto me sento à mesa.

-Estou bem, obrigada por perguntar. -Comento de forma bem irônica e a ruiva sorri enquanto se senta ao meu lado e me abraça de lado e eu faço careta.

-Você não gosta de abraços mesmo, nem quando são os meus. -Ela diz e pega o copo de água em cima da mesa e toma um gole.

-Talvez ela goste mais quando são os rapazes que mandam mensagem para ela. E a propósito, vai responder o indivíduo que anda te mandando mensagens? -Rogers cruza os braços sobre o peitoral bem definido e encosta na cadeira de forma mais confortável.

-Como assim tem gente te mandando mensagens e você não responde? -Romanoff indaga e me olha como se eu fosse louca. Eu apenas dou de ombros e pego o copo de água que havia a minha frente na mesa. -Não pode isso não, você tem de responder.

-Não gosto de socializar com as pessoas, você sabe disso. Lembra a dificuldade que foi para conseguir conversar comigo? -Digo ao me lembrar da primeira vez que ela e eu conversamos. Ela sorri e, ao abrir a boca para argumentar sobre, o garçom se aproxima de nossa mesa que se encontrava na parte mais reservada do restaurante pequeno e simples. Fazemos nossos pedidos e assim que ele se retira, eu respiro fundo. -O fato é que eu não quero me relacionar com ninguém da faculdade, quero apenas me formar logo e começar a trabalhar o quanto antes.

-A propósito, seu pai já aceitou o fato de você não ter feito medicina? -Ela pergunta e vejo que Steve faz uma cara nada boa como se tentasse avisar ela que esse era um assunto que eu não queria falar. -O que foi Steve?

-Você tocou em um assunto que não deveria. O pai dela. -Ele diz e ela me olha como quem pede desculpa, mas ao mesmo tempo está curiosa para saber o motivo.

-Não é nada demais, e não quero falar disso. E respondendo sua pergunta, eu não sei se ele já aceitou, não vejo ele a quase um ano, desde que foi pra sei lá qual dos universos. -Digo e tomo mais um gole de água e encosto na minha cadeira. Aposto que se pudesse olhar para meu rosto agora estaria com um grande bico e com as sobrancelhas enrugadas.

-Você fica parecendo uma criança quando faz essa cara. -Natasha aperta minha bochecha esquerda e eu dou um leve tapa em sua mão para que se afastasse.

-Ela também está agressiva hoje. -Steve diz e nossos pedidos chegam, me fazendo agradecer mentalmente por cortar o assunto relacionado ao meu pai.

Comemos entre outros tipos de conversa, rimos de alguns assuntos e volta ou outra, Natasha voltava ao assunto garotos e eu cortava. Ela era como uma irmã mais velha, que pegava no meu pé e faria de tudo para me ver bem e feliz. Steve era um irmão, grande e acolhedor, e sempre educado demais. Claro que é culpa dele ter passado setenta anos congelado e ter vindo de um passado do qual os homens eram mais educados com as mulheres.

-Eu vou ser sincera, não queria vir. Na verdade, eu não iria nem ter ido pra faculdade hoje, mas a tinha a apresentação da tese final da minha amiga. -Digo enquanto o garçom retirava nossos pratos e Steve avisava que iríamos querer a conta já. -Mas fico grata por terem feito eu mudar de ideia.

-Se não mudasse, iríamos ficar na sua casa de qualquer forma, então o almoço seria entre nós três de qualquer forma. -Natasha diz e o celular dela vibra indicando uma mensagem. Fui mais rápida ao ler o visor e ver que era de Nick Fury. -Temos de ir, Fury disse que tem uma emergência da S.H.I.E.L.D.

-Vão, eu pago e depois vou pra casa. - O garçom se aproxima com a conta e eu pego o cartão na capinha do meu celular. Steve iria argumentar, mas o celular dele também vibra e eu aproveito para pagar a conta antes dele. Assim que percebe que já paguei, ele tomba a cabeça para o lado esquerdo e arqueia a sobrancelha esquerda, como se perguntasse "é sério isso?". Me limito a sorrir sem mostrar os dentes e me levanto. -Hora de vocês trabalharem e eu voltar pra cama.

-Fiquei sabendo que você tem uma habilidade especial. Poderia aparecer na torre para me ajudar com algumas coisas depois. -Natasha diz e eu arqueio minha sobrancelha direita tentando saber qual habilidade ela queria dizer. Vai saber do que a Viúva Negra vai precisar de mim. -Não é nada demais, só uns dados que eu não estou conseguindo encontrar, não importa o quanto eu procuro, eles nunca estão lá.

Ainda bem que é com relação a computação. Imagina se ela descobre que eu ando treinando alguns golpes de luta.

Já estávamos saindo do restaurante quando recebo uma ligação. Vou em direção ao meu carro e Rogers e Romanoff vão em direção a moto que estava estacionada em frente ao carro.

-Vejo vocês depois. -Digo e entro no carro, enquanto dou partida, atendo a ligação. Antes mesmo de falar alguma coisa, a voz robótica do outro lado começa.

-Achei que não iria mais sair de perto deles.

-Quem está falando? -Pergunto enquanto coloco meu cinto de segurança e vejo Steve sair com Natasha na garupa.

-Não finja que não me conhece, senhorita Strange. -A outra pessoa só poderia estar de brincadeira com minha cara.

-Olha, você ligou pra pessoa errada, então se me der licença, eu vou desligar porque tenho mais o que fazer da minha vida do que ficar ouvindo essa voz de computador. -Paro o carro no semáforo e levo o dedo para desligar a chamada, mas do outro lado a voz me interrompe.

-Se fizer isso você não vai mais ver sua querida mãe. -Ele diz e escuto barulhos vindo do outro lado da ligação, como se fosse murmúrios ao fundo. -Gostaria de falar com ela?

-Quem é você? -Pergunto olhando para o painel do carro e nem percebo que o sinal abriu. Escuto buzinas atrás de mim e então arranco com o carro, prestando atenção na ligação.

Encosto o carro em um lugar qualquer e pego meu notebook que estava dentro da mochila, no banco de trás e ligo o mesmo. Iria rastrear a ligação para saber quem era esse babaca.

-Não deveria tentar me achar assim, até porque não vai ser fácil, mas é uma pena, você tentar e não conseguir só vai me fazer ficar feliz. -A voz continua e eu abro o sistema que usava para começar a rastrear a ligação. -E você ainda vai continuar.

-É claro que eu vou continuar tentando te achar. Cadê minha mãe? O que você fez com ela? Me fala logo antes que eu te ache. -Digo e antes de conseguir ter minha resposta e de localizar o local da ligação, um carro vem do outro lado da rua e me acerta com tudo.

Escuto a ligação ser finalizada e barulhos de pneu no asfalto. Vejo o carro se afastando o mais rápido que consegue e só consigo decorar a placa antes de apagar com uma dor latejante na cabeça. 

What if it was real?Where stories live. Discover now