Capítulo 14

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Chegamos ao complexo dos Vingadores e eu não poderia falar nada além da noite ter sido perfeita. Desço do carro e abro a porta para que Wanda saísse também.

-Eu gostei muito dessa noite. Havia muito tempo que eu não tinha uma vida, digamos, humana. Foi sempre em laboratórios ou em protestos que não iriam me levar há nada. -Ela diz enquanto entramos no prédio e íamos em direção a sala.

-Fico feliz de poder ter saído com você essa noite. Eu também gostei muito de tudo. -Digo e ela segura minha mão ao chegarmos na base da escada. Olho para nossas mãos entrelaçadas e sorrio com a cena. -Vou te levar até seu quarto e depois vou para o meu.

Começamos a subir as escadas e ela não larga minha mão hora nenhuma. Eu também não queria quebrar o contato e fiquei feliz por estar com ela ali, daquela forma. Chegamos a porta do quarto dela e eu me encosto na parede ao lado e ela fica de frente para mim.

-Sabe, você bem que poderia ficar essa noite comigo aqui. -Ela fala em um tom baixo, me olhando nos olhos e eu acabo abaixando a cabeça depois de ouvir. -Só se você quiser, é claro.

-Seria bem legal eu poder dormir com você. -Digo e fecho meus olhos e faço uma careta depois do que eu tinha falado. Droga, por que tinha de ser tão difícil falar quando eu estava perto dela? -Desculpa.

-Eu entendi o que você quis dizer. Não se preocupa. -Ela comenta e se aproxima mais um pouco de mim.

-Não consigo entender porque é tão difícil de falar coisas coerentes quando estou perto de você. -Ela sorri e se aproxima mais ainda. Eu já conseguia sentir seu corpo colado ao meu. -Ainda bem que você consegue me entender, mesmo quando eu mesma não entendo.

-Mesmo que eu ainda consiga ler sua mente, ainda sim, você consegue ser bem indecifrável. Preciso fazer isso. -Ela comenta e logo depois morde o lábio inferior e eu olho para o local e depois para seus olhos.

Coloco minhas mãos em sua cintura e a puxa para mais perto enquanto ela coloca as mãos em meus ombros e desliza para a nuca e cabelo. Me arrepio por seus dedos estarem frios e sorrio minimamente com o efeito que ela tem sobre mim. Então ela quebra o espaço restante entre nós duas e me beija.

Sua língua, deslizando por meus lábios, era da maior doçura que eu já havia provado. Suas mãos em minha nuca, hora ou outra subindo para meu cabelo e puxando um pouco os fios ali. Ela inclinou a cabeça levemente e aprofundou, me fazendo delirar ainda mais pela expectativa estar sendo totalmente atendida. Beijar ela era exatamente o que eu tinha em mente, ouso dizer que até melhor.

O beijo intensificado, mudando de ângulo a cada tentativa falha de respirar, o contornar de nossas línguas na boca uma da outra, lutando por domínio e não querendo ceder hora alguma, mesmo que nossos pulmões já gritassem por ar. Pelo menos o meu gritava enquanto meu cérebro implorava para que aquele beijo nunca tivesse fim.

Infelizmente a necessidade de ar vence e eu encerro o beijo, tentando puxar a menor quantidade de ar possível, com medo de que ao fazer isso, ela simplesmente suma e eu acorde em minha cama. Eu me sentia inebriada, leve, esvoaçante. Parecia que poderia voar ou que estava pisando em nuvens. O sabor dos lábios dela ainda estavam sobre os meus e minha testa colada a sua. Seu hálito, batendo em meu rosto em lufadas de ar, como se os pulmões dela também estivessem tentando se controlar.

Deixo pequenos beijos no canto de seus lábios e sinto ela sorrir ao fazer isso. Estava com medo de abrir os meus olhos e ver que era tudo mentira ou uma alucinação, e que na verdade eu estaria beijando meu travesseiro e não os perfeitos lábios de Wanda Django Maximoff.

-Se eu falar algo agora sinto que vou estragar tudo, então vou ficar bem calada. -Digo e ela sorri mais ainda e eu me afasto para poder ver aquele sorriso que amava. Ele era tão livre que me fazia bem e eu sabia que fazia bem para ela também.

-Vem. -Ela segura minha mão e abre a porta do quarto, me puxando para dentro. Ela segura a gola de minha jaqueta e eu ouço o bater da porta atrás de mim, imagino que ela tenha fechado com o poder. Começo a surtar internamente com o que poderia vir acontecer e ela apenas me olhava de forma calma e doce. -Ei, se acalma, não vai ser como se eu estivesse prestes a te arrancar toda a pureza.

-Como se eu ainda tivesse algum resquício disso. -Comento em baixo tom e ela sorri.

-Não precisamos fazer nada, apenas podemos ficar conversando até que peguemos no sono. -Ela comenta e tomba a cabeça para o lado esquerdo e eu fecho os olhos.

-Eu estou muito nervosa, certo? -Ela concorda com a cabeça e sorri ao mesmo tempo, de forma divertida. -Acho que só ficar conversando seria legal.

-Está bem, então se acalma, você está tremendo e suas mão estão geladas. -Ela diz após tocar minhas mãos. Eu ficava com os dedos gelados quando estava nervosa com algo, era inevitável. Ela se solta e retira a jaqueta e vai até o banheiro. -Fica à vontade.

Eu observo o quarto enquanto retiro minha própria jaqueta e vejo uma estante com alguns livros. Metade deles era em sérvio, esloveno, e alguns em inglês. Ela também tinha uma vasta coleção de séries de comédia, do tipo “Friends”, “Two and a Half Man” e essas coisas, eu não conhecia muitos, não gostava desse estilo. Um livro me chamou a atenção sobre a mesa de estudos, mas eu não ousei me aproximar, apenas fiquei olhando para ele e ao ouvir o barulho da porta me viro rapidamente.

-Deixei uma escova de dentes na pia para você usar. -Ela comenta e eu agradeço e entro no banheiro para poder escovar meus dentes rapidamente. Claro que eu caprichei um pouco. Não queria parecer que não tinha escovado direito. Ao terminar, volto para o quarto e Wanda estava sentada no meio da cama com um livro qualquer sobre seu colo.

-Fala sobre o que? -Pergunto e me sento ao seu lado. Ela olha para a página aberta e depois para a capa.

-Acho que viagem no tempo. -Ouço e olho para a capa. Não soube reconhecer e apenas concordo. -Tem algumas poucas palavras que eu ainda não entendo, mas um dia vou saber.

-Sei que vai, mas pense pelo lado bom. Você fala pelo menos três ou quatro idiomas, mais do que qualquer outra pessoa que eu já conheci. -Comento e me encosto na cabeceira depois de retirar meus sapatos, e coloco um travesseiro sobre meu colo.

Assim a conversa continua de forma distraída. Ela fala um pouco sobre sua vida antes dos Vingadores, eu falo sobre mim também. Rola mais alguns beijos e então acabamos por pegar no sono.

What if it was real?Where stories live. Discover now