Capítulo 17

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-Mãe, tá tudo bem. Eu tô bem. -Digo ao ver ela ajeitar o travesseiro pelo que seria a décima vez.

-Se estivesse bem mesmo não teria dado uma de herói e ido pra cima de um homem armado. Ele poderia ter te matado. -Escuto ela dizer e sorrio. Ela estava preocupada e eu gostava disso. Claro que não de ver ela toda preocupada, perdendo a noite de sono, mas de certa forma ela ficava mais normal e mais próxima de mim. E eu amava quando minha mãe estava ao meu lado. Em geral, eu sempre gostei de ter meus pais ao meu lado, mas as coisas ficaram diferentes com o tempo e hoje só minha mãe estava aqui e eu amava estar com ela.

-Se a senhora mexer nesse travesseiro novamente eu juro que me levanto e saio de casa. -Digo e seguro uma de suas mãos que estava no travesseiro. -Estou bem e a senhora tem que descansar. Foram dois dias de internação naquele hospital. Precisa ir dormir ou qualquer outra coisa.

-Estou bem aqui. -Ela diz e eu puxo seu braço e faço com que ela deite em minha cama. Começo a acariciar seus cabelos e ela fecha os olhos e logo se entrega ao sono. Me ajeito melhor na minha cama e continuo a acariciar os fios castanhos e logo eu mesmo pego no sono.

Parece que não daria para dormir muito bem, qualquer posição o braço incomodava e eu estava começando a sentir dor novamente, mas dessa vez não poderia tomar as medicações fortes do hospital já que aqui em casa era apenas uns analgésicos.

Mal tinham se passado duas horas desde que minha mãe e eu tínhamos cochilado e eu acordo com dor e escuto vozes no andar de baixo.

-Elas se encontram no quarto da Carol. -Escuto Cher dizer e uma voz masculina agradecer. Eram baixas e abafadas, mas mesmo assim eu poderia escutar e até mesmo distinguir de quem eram as vozes. Fiquei esperando a pessoa entrar no meu quarto e isso logo acontece. Finjo que ainda durmo para não ser incomodada e ouço a pessoa ri de forma fraca.

-Você não sabe fingir que está dormindo, e eu te conheço. Ouço a voz de Steve e sorrio logo abrindo os olhos. -Ele faz o sinal de silêncio e aponta para minha mãe que ainda dormia ao meu lado. Aponto para a varanda e ele concorda indo até lá e eu sigo o mesmo depois de levantar da cama com cuidado. -Ficamos preocupados com você.

-Eu já estou bem, não foi nada demais. -Comento e me sento na cadeira que tinha ali e ele se senta na outra. -Vocês sentiram minha falta?

-Uns mais que outros, isso eu posso dizer com certeza. Wanda queria ir ao hospital te ver. -Ele comenta e cruza os braços e olha para a pouca paisagem que dava para ver.

-E por que não foi? Eu teria gostado de ter visto ela lá. Na verdade, gostaria de ter visto todos vocês lá. -Comento, tentando mudar o foco do fato de eu ter falado que queria que a Wanda tivesse ido ao hospital me ver.

-Ela não foi por causa do Visão. Ele disse que era melhor você estar em casa para poder começar a receber visitas. E acabou que todos concordamos com isso. -Eu juro que vou dar na cara daquele robô. A cara que eu fiz deve ter entregado que eu vou dar um jeito naquele tomate ambulante, porque Steve riu e se mexeu na cadeira e olhou diretamente para mim. -Você não precisa ficar com ciúmes. Eu vi como ela olha para você e como você está totalmente apaixonada por ela. Até me fez lembrar da época em que eu conheci a Peggy.

-Aposto que você bateria em qualquer um que se metesse a besta na frente dela. -Comento e me levanto e seguro a barra de segurança da varanda e fico olhando para o nada.

-Não era preciso, ela sabia se cuidar muito melhor que eu. Na verdade, foi graças a ela que eu me tornei o Capitão América. Mas o assunto aqui não é sobre mim. -Ele comenta e se levanta e fica ao meu lado, passando o braço com cuidado sobre meus ombros e me abraçando de lado da melhor forma que dava.

-De verdade, eu juro que vou dar uns tapas naquele Android se ele se meter de novo no meu caminho. Até parece que ele é cego e não notou o que está acontecendo entre mim e ela. Aposto que até o Bruce já percebeu e olha que ele é meio parado pra esses lances de romance. -Comento e me solto do abraço dele e volto pra dentro e vejo que minha mãe não estava mais no quarto. Pego o frasco de remédio na mesa ao lado da cama e abro. Tomo um dos comprimidos dali e me sento na cama e ajeito travesseiro para poder deitar novamente. O remédio, mesmo não sendo suficientemente forte, me faria apagar dentro de alguns minutos e eu estava cansada também já que no hospital mal dá para dormir.

-Você fica fofa quando está com ciúmes. -Rogers diz e eu olho para ele enquanto senta na beirada da cama.

-Isso não é ciúmes, é cansaço mesmo. Além do meu braço estar doendo demais. Eu só quero dormir e acordar quando estiver melhor. -Bato a mão ao lado vago no colchão e ele se aproxima e eu encosto minha cabeça em seu ombro.

-Se Wanda chegar aqui e ver essa cena, aposto que ela não vai gostar nem um pouco. -Ele diz e eu me aconchego mais ao homem e fecho os olhos tentando descansar.

-Ela não precisa saber de nada.

-Ela lê mentes, é óbvio que vai saber.

-Você está apaixonado por mim? Só assim para ela saber, porque você vai ficar pensando nesse nosso momento juntinhos e daí ela vai saber. -Comento de forma divertida e ele reclama e mexe o ombro que eu estava deitada. -Dá para ficar quieto e servir de travesseiro para que eu possa dormir em paz?

-Você é mimada.

-E você é meu melhor amigo que agora serve de travesseiro. -Digo e sinto finalmente ele ficar mais calmo e eu posso dormir. -Se quiser, pode ligar a televisão enquanto o tempo passa.

Dito isso, eu apago imediatamente por conta do remédio.

What if it was real?Where stories live. Discover now