Capítulo 4

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Acordo com minha cabeça latejando. Olho para os lados e percebo que estava em um quarto de hospital, mas o estranho era que eu continuava com as mesmas roupas que sai de casa mais cedo, com exceção do rasgo em minha calça na perna esquerda. Me sento na cama e percebo que meu braço estava enfaixado na altura do cotovelo.

Olho para frente e vejo através do vidro o motivo de minha cabeça estar doendo tanto. Tinha um corte que ia desde minha sobrancelha esquerda até a raiz do cabelo. Pisco um pouco mais rápido e me lembro da voz metálica e robotizada dizendo que estava com minha mãe.

Me levanto com cuidado e vou até a porta do quarto com auxílio dos móveis que tinha pelo caminho. Antes que abrisse a porta, alguém abre por mim e eu me afasto para que quem quer que fosse entrasse.

Natasha olha pra mim com uma cara de preocupada e eu seguro em seu braço para não cair.

-Não tem jeito mesmo. Até machucada você iria sair por aí. -Ela diz e me ajuda a sentar em uma cadeira perto da porta.

-Tinha uma voz que disse que tava com minha mãe. -Digo e ela se agacha na minha frente e coloca a mão no meu joelho direito. Só então eu percebo que ela estava com a roupa de Viúva Negra.

-Sua mãe está bem. Está vindo pra cá. Eu liguei para ela assim que te encontramos. -Ela diz e uma enfermeira entra no quarto para poder ver como eu estava e trazia consigo uma cadeira de rodas.

-Eu tentei rastrear a ligação e acho que foi por isso que bateram no meu carro. -Digo e me sento na cadeira de rodas e Romanoff me empurra para fora do quarto e eu fecho os olhos. -Lembro de estacionar para poder tentar achar o local da ligação e a voz disse que eu não deveria, mas eu fiz isso mesmo assim, tentei até ganhar tempo, mas um carro escuro me acertou em cheio.

-A voz disse que estava com sua mãe? -Fury pergunta ao aparecer em meu campo de visão. Me limito a concordar enquanto Natasha me deixar perto de uma mesa e então percebo a enfermeira atrás de nós com uma bolsa de soro. Arqueio a sobrancelha na direção dela que não expressa nenhuma reação e apenas fixa a bolsa ao meu antebraço direito que continha um acesso venoso já puncionado.

-Aqui tem medicação para dor vai te hidratar, já que perdeu uma quantidade significativa de sangue. -Ela se limita a dizer e sai da sala me deixando de frente ao Fury e Romanoff que me olhava preocupada.

-Eu estou bem. Não se preocupem. -Digo enquanto observo o acesso em meu braço e faço uma careta. -Ironia ou não, sempre odiei que me furassem, mas sempre amei furar os outros.

-Você tem mais alguma lembrança antes do acidente ou depois? -Nick pergunta e eu olho para ele antes de tentar me lembrar de alguma coisa. Meu semblante deve ter mudado no momento que me lembrei da placa do carro que havia batido em mim.

-Eu conheço essa cara. Pode ir dizendo tudo que sabe. -Natasha diz e se senta na minha frente. Me recuso a falar e ela revira os olhos. Então empurra sua cadeira até a mesa com computadores super sofisticados, ficando de costas para mim. -Não vou te deixar sair em uma missão suicida contra alguém que quase te matou, nem adianta pedir.

-Mas eu não falei nada. -Comento em baixo tom e ela me olha sobre o ombro e volta a olhar para a tela do computador logo em seguida. -Qual é, eu fui a vítima, posso no mínimo participar da brincadeira de ir atrás do bandido? Uma vez na vida eu quero me sentir útil, e sei que vou gostar da adrenalina que essa missão vai me dar.

-Isso não é uma brincadeira. E se estivermos certos, a pessoa que fez isso com você é um dos criminosos mais procurados pelo país por contrabando e tráfico de pessoas. -Steve aparece, vestido de Capitão América e olha diretamente para mim. -Está melhor Carol?

-Tem de adicionar a ficha dele uma possível tentativa de fraude ou sei lá como se chama isso que ele tentou fazer comigo através de ligação. -Olho para meu braço enfaixado e depois volto a olhar pra Rogers. -E eu vou ficar bem. Mas antes eu quero ajudar a pegar essa pessoa por trás da voz e atrás daquele volante. Pode me dar um empurrãozinho?

Aponto para minha cadeira e Steve larga o escudo ao lado da escada que ele havia acabado de subir e empurra a cadeira para o local que eu aponto logo em seguida, que era o computador ao lado de Natasha.

-Vou deixar vocês sozinhos e vou resolver outros problemas, não consigo lidar com adolescentes. -Nick diz e eu reviro os olhos.

-Ela não é adolescente, só é chata mesmo. -Steve diz e ao olhar pra trás, Fury já havia sumido. -O que você vai fazer, Carol?

-Vocês precisam de mim para poder encontrarem essas pessoas ou essa pessoa, então como Nat mencionou hoje cedo que queria trabalhar comigo, eu vou ajudar. E não adianta dizer não como resposta. -Me ajeito na cadeira de rodas e começo a digitar, no início de forma mais lenta até que acostumasse com o teclado direto na mesa, mas logo me acostumei.

-Você é mesmo boa para fazer essas coisas. -Escuto Romanoff dizer e nem olho para ela, apenas continuo olhando o vídeo da câmera de segurança da rua que sofri o acidente e os das outras câmeras das ruas em que o carro veio e desapareceu. Infelizmente ele havia pego um beco que não tinha como visualizar e então sumido. -A placa estava coberta por uma espécie de fita preta, o que torna difícil descobrir e localizar.

-Difícil, mas não impossível. Eu posso ter apagado, mas eu vi algo antes e isso pode ajudar, só preciso me lembrar do primeiro número e da letra logo depois. -Digo e digito parte da placa que já me lembrava, mas havia milhares de carros que a combinação poderia corresponder.

-Já temos a parcial da placa, isso pode reduzir bem as buscas. Podemos reduzir ainda mais quando colocamos modelo e cor do carro. -Natasha digita isso e as buscas se reduzem, mas ainda sobram muitos carros e eu fecho os olhos para tentar lembrar, mas pelo que parece eu não iria conseguir agora.

Respiro fundo e empurro a cadeira para longe do computador e olho pra cima, em direção ao soro que pingava lentamente. Contei gota por gota e decido abrir mais para que o processo fosse mais e o medicamento ajudasse a dor no braço e perna passar mais rápido.

-Eu preciso de mais disso daqui e uma xícara de café. -Aponto para a bolsa de soro e Natasha e Steve riem negando com a cabeça ao mesmo tempo. A tarde vai ser longa e eu vou achar esse carro.

What if it was real?Where stories live. Discover now