Capítulo 21

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Não sei como, mas de alguma forma meu celular tinha ido parar debaixo do meu travesseiro, o que me fez acordar quando ele começou a tocar sem parar. Me limitei a apenas atender sem nem olhar quem era no visor.

-Alô. -Falo com a voz de sono, ressaca e cansaço. Com certeza eu ficaria de mal humor pelo resto do dia por terem me acordado no meu dia de folga.

-Bom dia senhorita Strange. Peço desculpas desde já por te atrapalhar na sua folga, mas precisamos de você com certa urgência. -Me sento na cama com dificuldade por meu corpo estar dolorido e olho para o relógio na mesa de cabeceira, que marcava exatas sete e quarenta e cinco da manhã. -Houve um acidente envolvendo alguns carros e um ônibus. Vários feridos estão sendo transferidos para os hospitais próximos ao local do acidente e precisamos da nossa equipe completa. Teria como comparecer ao hospital?

-E qual o tempo estimado para a chegada das vítimas? -Pergunto e coloco meus pés para fora da cama e estico minha coluna que estrala com a ação.

-Dez minutos. E todos os outros estagiários já foram acionados, junto com toda a equipe médica e de enfermagem.

-Estarei aí logo mais. -Digo e desligo a chamada sem esperar uma resposta e vou em direção ao banheiro, enrolada no lençol. Faço minha higiene e tomo um banho rapidamente. Ao sair, me visto, mas acabo perdendo a blusa do uniforme que tinha deixado no closet na semana anterior. -Cadê essa blusa?

Já tinha olhado em todas as gavetas, cabides, em cada canto daquele closet e não achava a maldita blusa. Isso porque tinha posto ela junto com a calça, que estava vestida nesse exato momento. Gemo em frustração e coloco as mãos na cabeça e tento ajeitar o cabelo em um coque mal feito antes de voltar a procurar.

-Você levanta cedo sempre ou é só porque dormiu comigo? -Olho para a dona da voz, que estava parada atrás de mim com os olhos mais fechados do que aberto por causa da claridade. Os cabelos bagunçados, caindo pelo rosto marcado por causa do travesseiro, os olhos inchados por ter acabado de acordar. Subo as mangas da blusa de frio que eu já havia vestido e ao descer meus olhos por seu corpo, eu vejo a peça de roupa que tanto procurava. Sorrio com a cena e chego mais perto. Suas pernas estavam a mostra por conta de a blusa não conseguir tampá-las, e eu amei poder ter tido essa visão pela manhã.

-Desculpa ter te acordado cedo. Mas tive de me arrumar, e estou atrasada para ir pro hospital. Parece que houve um acidente e tem várias vítimas que precisam de atendimento e a equipe precisa estar lá. -Comento enquanto ela passa os braços por meus ombros e eu abraço sua cintura. Ela coloca a cabeça em meu ombro, da melhor forma que consegue enquanto eu continuo abraçada a ela. -Eu queria ficar aqui e dormir até tarde, agarrada com você e sem que ninguém nos atrapalhe, mas preciso ir porque sou uma simples estagiária que se forma na próxima semana.

Ela não diz nada, apenas concorda e se afasta um pouco. Eu selo nossos lábios rapidamente e seguro a barra da blusa e puxo para cima, com calma e olhando no fundo de seus olhos. Ela sorria de forma sapeca e eu retribuo o sorriso e termino de tirar a blusa e ao final entrego outra para que ela vista. Ela coloca rapidamente e eu volto a beijar seus lábios e visto a blusa rápido e saio do quarto.

-Olha só quem resolveu acordar cedo e fugir. -Escuto a voz de Thor e olho para a esquerda vendo o deus do trovão com uma maça na mão, prestes a comer. Respiro fundo e vou até o ser e tiro a maçã de sua mão e mordo. Ele ficaria me zoando, mas eu não me importo, tive uma noite perfeita para ser rebaixada por ele. -Não vai dizer nada sobre o que eu vi?

-Me diz o que eu tenho de falar. Talvez assim você seja misericordioso e não zombe de minha noite com a mulher que eu gosto. -Comento em um tom sarcástico e ouço passos atrás de mim, olho rapidamente e vejo Natasha aparecer pelo mesmo corredor que eu tinha acabado de sair. -Bom dia. Sexta-feira, pede para pegar o carro por favor na garagem, estou atrasada.

-Ele já está sendo preparado, e a senhorita não pode pegar a avenida principal. Por causa do acidente está tudo atrasado e só vai demorar mais ainda. Os pacientes começaram a chegar nos dois hospitais principais, e sua mãe também já está lá. -Escuto o sistema dizer e vou em direção ao elevador.

-Sério que você não vai comentar nada sobre? -Escuto o homem dizer mais alto e eu me viro em sua direção e continuo andando, agora de costas, para o elevador.

-Já disse que não tenho nada para falar. Se quiser me zoar pelo que viu, vai em frente, não vou impedir. Pelo menos alguém teve uma boa noite, diferente de você já que a senhorita Foster está no Canadá trabalhando na pesquisa dela e nem atende uma ligação sua. Isso é, se você liga para ela antes de aparecer com o Mjölnir e marcar o chão. Então, sinto muito se minha noite foi maravilhosa e eu estou de mal humor por ter sido acordada cedo. -Termino de dizer e aperto o botão do térreo e o elevador fecha as portas e desce até o andar e eu saio plena e sigo para meu carro que já estava estacionado em frente ao prédio, apenas me esperando.

Eu não gostava quando as pessoas ficavam de gracinha com minha cara, ainda mais quando era por algo que eu tinha feito que não tinha nada a ver com a vida delas. Isso acontecia com pouca frequência, mas quando acontecia eu agia como agi alguns minutos atrás e até ficava pior.

Jogo o restante da maçã no lixo e entro no carro, ligando o mesmo e indo para o hospital, que nesse exato momento estaria o maior caos, mas eu tinha escolhido essa profissão e amava poder ajudar da melhor forma que eu conseguia.

What if it was real?Where stories live. Discover now