𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 19

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Eu estava sonhando?
Eu poderia estar mesmo sonhando?
Abri as pálpebras dos meus olhos vagarosamente, com medo do que encontraria logo em seguida. Medo de o que eu visualizasse fosse um quarto de hospital, e que a noite passada seguida da minha fuga fosse apenas mais um delírio. Não era.
 O quarto estava escuro, pelas cortinas pesadas que escondiam uma parede imensa de vidro, evitando que qualquer claridade chegasse até mim. Meus olhos estavam ardendo, e meu corpo inteiro gritava em protesto com cada movimento. Estava inteiramente dolorida, minha cabeça girava, e mesmo assim eu estava feliz. Finalmente eu tinha acertado as coisas com Fernando, depois de dias de tortura. Eu não conseguia ficar sem ele, precisava ouvir sua voz, sentir seu cheiro, do seu corpo e da sua presença. Não me lembrava como era estar apaixonada por alguém dessa forma, porém, eu não conseguia sequer suportar que houvesse outras interferências em nossas vidas.
Eu precisava de Fernando em minha vida. Mais do que precisava do próprio ar que entrava em meus pulmões nesse exato momento. Como se o mesmo estivesse adivinhando meus pensamentos, escutei a porta se abrindo levemente. Voltei minha atenção a ela, e abrindo um singelo sorriso assim que o vi.
 
— Oi! Bela adormecida. — Fernando falou assim que me observou acordada. Veio caminhado em minha direção, e me pegou de surpresa quando se debruçou sobre mim e me deu um beijo casto em meus lábios.
 — Oi... — Sussurrei, ainda sentindo sua boca a meros milímetros da minha. — Estamos bem?
 
Fernando se afastou apenas um pouco, apenas para poder encarar meus olhos. Havia um brilho especial em sua íris quando me olhava com um misto de adoração e desejo. Era diferente daquela noite em que estivemos juntos em meu apartamento. Não havia uma explicação para o que eu via, e o que eu sentia. Mas com um sorriso singelo, Fernando conseguiu aquecer ainda mais meu coração, sua mão se elevou até uma mecha do meu cabelo, onde ele a pôs atrás da minha orelha.
 
— Estamos mais que bem. — Seu dedo correu por minha bochecha, fazendo minha pele queimar ao seu toque. — Eu não quero te perder Júlia. Nunca mais vou deixar você se afastar de mim.
 
Meus olhos se umedeceram, e minha respiração travou na garganta. Fazia tanto tempo que não ouvia palavras tão carinhosas, que me sentia um animal ferido, com medo de receber qualquer carinho. Mas eu não ia deixar ele se afastar, não dessa vez. Fernando se levantou em um rompante.
 
— Vou trazer seu café, depois vamos ao hospital. Afinal foi uma irresponsabilidade sua sair daquele jeito. — Mesmo com advertência em sua voz, e vendo ele de costas para mim. Sabia que Fernando estava sorrindo.
— Não vou fazer de novo, prometo.
— Vou ter que te amarrar junto a mim para ter certeza. — Meu rosto queimava com o tamanho do meu sorriso. — Não saia daí.
 
E antes que eu pudesse falar outra coisa, Fenando já tinha saído. Afundei mais ainda em sua cama gigantesca e fiquei sorrindo olhando para o teto. Quem diria que eu me meteria em uma situação dessas? Depois de toda essa angustia sufocante que andava me cercando, era uma das primeiras vezes em que sentia a felicidade verdadeira em dias.
 Não demorou muito para que Fernando voltasse. E ao cruzar o limite do quarto com uma bandeja na mão, seu sorriso se ampliava a cada passo.
           Eu não me cansava desse sorriso.
 
— Preciso ligar para casa, quero saber como a Bia está com meus pais. — Confessei para o Fernando, assim que ele colocou a bandeja sobre meu colo. Não sabia onde tinha deixado meu celular.
 — Eu liguei mais cedo para eles, e a Bia parece estar surpreendentemente calma.
 
 Soltei um suspiro e relaxei por um breve segundo.
 
— Será que eu vou ter que ficar no hospital? Preciso ir para casa ver minha filha.
 
A mão de Fernando deslizou pela minha face, e acariciou. Somente esse seu gesto, seu toque simples, fez com que eu suspirasse.
 
— Vamos ver, mas acho que não.
 
Antes de me concentrar no meu café da manhã, voltei meus olhos para Fernando, que me encarava com fascínio.
 
— Precisamos falar sobre como ás coisas vão ser daqui para frente...
— Depois... — Fernando se levantou e me deu um beijo na testa. — Temos tempo para isso depois. Tome seu café.
 
Como eu pude pensar por um momento que as coisas entre mim e Fernando não dariam certo? Só o fato de ele estar me tratando com carinho já era algo diferente de muitas coisas que eu vinha vivenciando nos últimos tempos. E talvez fosse pelas pressões que Guilherme vinha fazendo em cima de mim, ou os fantasmas do meu passado. Mas aquele singelo beijo em minha testa fez com que enxurradas de lágrimas escapassem pelos meus olhos.
Toquei com a ponta dos dedos o local onde seus lábios encostaram há pouco tempo. Eu estava feliz.
 No caminho para o hospital Fernando não me questionou o motivo de meus olhos estarem inchados, ele apenas encarava vez ou outra o meu sorriso que refletia o dele. Com os olhos pregados na estrada, ele segurava a minha mão como se fosse sua âncora, por todo o trajeto enquanto dirigia.
Meu chefe estava me dando um tempo, e respeitando meu espaço, coisa que implorei diversas vezes a ele em silêncio. E que pela primeira vez, Fernando pareceu entender.
Fiquei tão exultante em não ter que ficar em observação que quase soltei gritinhos, felizmente sou uma mulher adulta e me recompus antes que isso acontecesse. Isso e o fato de me sentir ainda muito cansada com os esforços que vinha fazendo desde ontem e a medicação que me deixava um pouco entorpecida. Mas Fernando parecia ainda mais feliz do que eu, estava totalmente satisfeito com a ideia de me levar para a minha casa. E agora, com uma sacola de remédios nas mãos quase pulei para fora do elevador quando as portas se abriram, só evitei fazer isso devido a fraqueza que me atingiu nesse momento.
 
— Você está bem? — Fernando colocou a mão que não estava segurando a minha, nas minhas costas.
 — Estou só que um pouco cansada. Apenas isso.
 
A intensidade do seu olhar se suavizou, dando espaço para a preocupação. Ele abriu a boca para falar algo, mas eu o cortei antes que pudesse.
 
— O médico disse que era normal, lembra?
 
Fernando assentiu ainda meio perdido com tudo isso... Antes que ele pudesse protestar sobre como eu não estava inteiramente preocupada com a minha anemia, apertei a campainha do meu apartamento, e rapidamente a porta foi aberta. Soltei a mão de Fernando no mesmo instante, e ele franziu o cenho pela minha ação. Eu não queria que minha mãe soubesse sobre nós nesse momento, ainda mais quando nem tínhamos acertado o que éramos um para o outro, e qual seria o impacto que um relacionamento teria em nossas vidas. Ele era meu chefe, e seu irmão tinha se declarado para mim há poucos dias... Nós não podíamos simplesmente jogar essa bomba e deixar que ela explodisse na minha família e principalmente na dele.
 
— Você chegou!
— Oi mãe...
 
Minha mãe soltou um gritinho de alegria e me abraçou com todos os sentimentos do mundo. Eu tinha a deixada muito preocupada, mas quando ela se afastou e seus olhos recaíram sobre meu rosto pálido eu tive certeza que ela tinha se descabelado de nervosismo. Seus lábios se contorceram em uma linha fina. Ela estava inteiramente inquieta com toda essa minha situação.
 
— Cadê a minha filha? — Olhei ao redor assim que fui entrando em meu apartamento.
 — Está no seu quarto com seu pai. Ela começou a chorar e não parava...
 
Nem esperei ela terminar de falar e suas palavras se perderam soltas no ar. Em segundos eu já estava com minha filha em meus braços fugando em meu pescoço. Seus bracinhos pequenos me envolviam, como se ela tivesse medo que eu fugisse. Seus olhinhos estavam vermelhos e brilhantes. Eu nunca ficava muito tempo longe dela, e a única vez em que fiquei mais tempo sem vê-la foi quando fiz aquela viagem a São Paulo com o Fernando. E ela havia ficado muito bem com meus pais, mas desta vez era uma situação completamente diferente...
 
— Ela é muito apegada com você. — Meu pai falou. Tinha até me esquecido que ele estava ali.
 — E eu com ela. Beatriz é a minha vida. — minha voz parecia um suspiro enquanto eu embalava minha pequena em meus braços.
 — Vocês duas são nossas vidas. Minha e da sua mãe. — Ele se aproximou e acariciou o meu cabelo. — Prometa que vai se cuidar minha pequena. Trabalhar é bom, mas nem todos os seus problemas vão se solucionar se você não parar para resolvê-los.  Só prometa que vai se cuidar, está bem?
 
Eu não respondi de imediato, e apenas assenti. Meu pai se aproximou e deu um beijo em minha têmpora, saindo então do meu quarto. Dando-me muito que refletir. Beatriz coçava os olhinhos e se encolhia ainda mais perto de mim.
 
— A mamãe chegou amor. Desculpa minha vida por te deixar sozinha... Fiquei dodói, mas não parei de pensar em você em nenhum momento.
 
Como se prestasse atenção em cada palavra em que eu disse, Beatriz parou de resmungar, e ficou ainda mais quietinha em meu colo. Meu coração foi tomado de tantas emoções nesse momento. Por muito tempo eu fui sozinha, não tinha ninguém a quem contar como era minha vida, não tinha como desabafar com a minha família. Meus problemas foram e sempre serão apenas meus, e a única coisa que tenho a agradecer do meu passado e a Guilherme, foi à existência desse bebê em meu colo. Eu passaria por tudo aquilo de novo, se isso significasse estar assim, com ela aqui comigo. É tão emocionante sentir o quanto eu sou importante para ela, tanto quanto Beatriz é importante para mim. A minha base, isso era o que minha filha representava para mim.
 Passaram-se poucos minutos e ela já estava dormindo. Eu estava a levando para seu quarto, porém ao ouvir murmúrios baixos em minha pequena cozinha fez com que eu parasse de supetão.
 
— Ela ainda está muito abalada por causa do seu antigo relacionamento. — ouvi a voz do meu pai a principio.
 — Ela quase não fala sobre isso, sobre o motivo que os levou a terminar. Mas ele a idolatrava, não sei o que fez com que eles se afastassem. Ele fazia tudo por ela...  — Minha mãe fez uma pausa e suspirou. — Desde que ela saiu de Tijucas e veio morar para Curitiba... Desde que conheceu ele, ela se fechou.
 
O que estava havendo? E o porquê eles estava falando sobre mim e meu antigo relacionamento? Da minha vida? Passaram alguns segundos em silêncio novamente, e eu dei mais um passo. Ouvi mais um murmúrio do meu pai, seguido da voz de Fernando. Ele ainda estava ali? Mas não entendi o que ele falou, a única voz que compreendi foi o da minha mãe.
 
— Eu só sei que o único que sabe o que aconteceu de verdade foi o Daniel. — Uma pausa. Outro murmúrio inaudível. — Esses dois não se largam, não sei como não anunciaram um relacionamento ainda. Ele a ama tanto... Dá para ver em seu olhar.
 
Essas palavras fizeram com que eu despertasse do meu transe. Então era isso a ideia que minha mãe tinha sobre a amizade que eu e Daniel tínhamos? Ela achava que no fundo éramos um casal? Uhrg! Lembranças daquela noite em seu apartamento fizeram que um nó se formasse em minha garganta ameaçando me sufocar.
Entrei na cozinha segurando Bia em meus braços, evitando que minha mãe continuasse nesse assunto.
 
— Ela dormiu. — anunciei assim que entrei no campo de visão deles.
 
Minha mãe deu um pulo de susto, e meu pai rapidamente levou à caneca de café a sua boca. Entretanto, não foi isso que chamou minha atenção a principio, e sim a expressão constrangida de Fernando. Ele sussurrou um obrigado inaudível apenas com movimentos labiais para mim. E veio andando em minha direção.
 
— Preciso ir agora. Tenho que trabalhar. — Fernando limpou a garganta. Estava embaraçado com toda essa situação e beijou a testa da Beatriz. — Qualquer coisa mande mensagem ou ligue. — E depois se voltou para a minha mãe. — Obrigada pelo café.
 
Eu o vi caminhar em direção à sala.
 
— Até amanhã chefe.
 
O provoquei antes que Fernando saísse pela porta. Ele parou de repente e virou o rosto levemente em minha direção com um quase sorriso que somente eu poderia perceber.
 
— Você está de folga amanhã. — E com essas mesmas palavras, Fernando foi embora.
 
Apesar de eu provoca-lo, era maravilhoso ver um sorriso em seus lábios, vislumbrar aquele brilho malicioso em seu olhar, que faz meu corpo arder em partes que jamais sonhei em confessar a alguém.
Meus pais foram embora quando a noite começava a cair, a casa deles ficava no interior e seria pelo menos uma hora de viagem até chegarem ao seu destino. Porém eles só partiram depois de eu jurar inúmeras vezes que ficaria bem e me alimentaria direito. Eu não podia me deixar cair mais uma vez, pela minha filha, eu tinha que me manter em pé, e não adoecer.
 
 
 A sopa estava fumegante no fogão, ainda chovia torrencialmente lá fora. Fiquei parada olhando o vapor subir da panela perdida em pensamentos, quando a campainha tocou.
 Passei pela sala correndo e abri a porta.
 
— Oi! — Cumprimentei Fernando com um imenso sorriso no rosto assim que o avistei.
 
Fernando por sua vez me segurou em seus braços assim que me viu. Suas mãos se fixaram ao redor da minha cintura, no exato momento que seus lábios tocaram os meus e uma explosão de sentimentos cresceu em meu peito. Ficamos assim por um tempo, até Fernando se afastar por um minuto e apoiar seu rosto em meu pescoço, sentindo meu cheiro. Meu corpo inteiro tremeu.
 — Senti saudade. — Ele falou em meu ouvido.
 — Também senti. — Um genuíno sorriso surgiu em meus lábios. Mesmo que tivéssemos conversado durante o dia todo por mensagens, eu sentia muito a sua falta.
 
Sem muita conversa eu puxei Fernando para dentro de casa. Seus olhos ficaram vidrados em minha filha, que estava deitada assistindo a coletânea da galinha pintadinha. Seus olhinhos estavam fascinados pelas cores em que via.
 
— Oi minha princesinha linda. — Nunca o vi usar um tom tão doce assim.
 
Fernando se aproximou do campo de visão de Bia, que agora já mexia a cabeça procurando a sua voz. O desenho e a música pareceram perder o foco assim que ela o viu, sua atenção se voltou inteiramente para ele. Beatriz levantou seus bracinhos em direção ao meu chefe e sorriu. Ela era muito esperta. Era lindo de se ver.
 
— Acho que ela sentiu sua falta. — sibilei para ele já me aproximando.
 
Fernando me olhou com um sorriso travesso quando Bia começou a apalpar seu rosto.
 
— Só ela? — Perguntou solenemente. Senti meu rosto enrubescer, quando minhas bochechas queimaram com seu olhar.
  — Você é muito convencido. — Revirei os olhos e segui para a cozinha.
 — Mas um convencido muito atraente, e carismático. E que você está muito afim. Isso não da para negar. Né Bia?
Mesmo que eu quisesse evitar, soltei uma gargalhada. Tenho certeza que se me virasse nesse exato momento, iria o ver piscando para mim, e eu iria me derreter no mesmo instante. Minha filha soltou algum gritinho, com alguma palhaçada ou careta que Fernando deve ter feito.
Peguei os pratos e arrumei a mesa, Fernando estava protestando para que eu parasse de me esforçar, porque eu já “havia feito coisas de mais hoje”, mas eu me sentia melhor assim; em movimento. Ainda mais depois de repousar o dia todo, com a tutela da minha mãe. Com ele aqui ao meu lado era difícil, praticamente impossível me manter parada, olhar para Fernando já me deixava inquieta. Principalmente depois da noite de ontem.
Estava dando comida para a Bia, que ainda permanecia no colo do homem que roubava cada suspiro meu. Os dois me olhavam atentamente.
 
— Você está melhor mesmo? — Perguntou ele baixinho, sua voz carregada de preocupação.
 — Eu já disse que sim. — Já estava ficando irritada com essa pergunta que ele me fizera pela milésima vez só hoje. Ou talvez tenha sido até mais. — Amanhã eu vou voltar a trabalhar normal, já falei com a Mari para ficar com a Bia.
 
Fernando suspirou derrotado. Ele já sabia que mesmo me questionando eu iria ir se opor era uma batalha perdida. Simples.
 
— Você é irredutível mesmo. — ponto para mim.
 
Depois de jantarmos, consegui colocar Beatriz para dormir. Liguei a televisão da sala, colocando algum filme bobo assistirmos. Peguei uma coberta e me acomodei junto a Fernando no sofá. Ele passou sua mão ao redor da minha cintura quando me aconcheguei ainda mais ao seu corpo, e senti certo volume vindo do corpo de Fernando, mas ele não me tocou, mal me beijava enquanto assistíamos. Ele estava respeitando inteiramente meu espaço e meu tempo. E eu não sei se eu o amava, ou o odiava por isso.
 Eu estava adiando a nossa conversa, tentava esquecer que teríamos que esclarecer os pontos da nossa relação a qualquer momento. Então me sentei abruptamente depois de várias horas assistindo. Eu não podia deixar isso se prolongar ainda mais.
 
— Temos que falar sobre como vão ser as coisas entre nós.  — Anunciei. Fernando passou as mãos pelos cabelos e sentou também.
 — Você não facilita nenhum pouco as coisas né? — Neguei com a cabeça sorrindo e ele refletiu meu gesto mostrando suas covinhas para mim. — Vamos lá então.
 
Respirei fundo, eu tinha pensado muito sobre isso ao longo do dia, e talvez Fernando não gostasse do que eu teria a falar. Mas era preciso, então isso fazia com que as palavras se tornassem ainda mais embaraçosas na ponta da minha língua, pois eu queria de qualquer forma fazer isso dar certo, precisava com todo o meu coração que ele aceitasse as condições que eu iria impor.
Respirei fundo.
 
— Primeiro eu não quero que todos saibam logo de cara sobre nós. — Uma faísca de decepção passou pelos seus olhos. Eu não suportava aquilo, mesmo que e Fernando tentasse disfarçar. Comecei a afalar rapidamente me explicando. — Eu... Bom uma das questões é que eu sei sobre os sentimentos de Daniel por mim, e eu não quero que vocês fiquem ainda mais afastados do que já são por minha causa... Ele esteve ao meu lado quando mais precisei, e não seria justo machuca-lo dessa forma, por mais que ele tenha sido um babaca comigo a ultima vez em que conversamos.
 Respirei fundo e me afastei mais um pouco para olhar fundo nos olhos de Fernando, procurando por algo, mas ele apenas assentiu incentivando que eu continuasse a falar.
 
— Bom eu me coloquei em uma situação difícil nos últimos anos, e passei por maus bocados nesse meio tempo, principalmente nesses últimos dias onde meu passado colidiu com meu presente. Não sei se suportaria a pressão que um relacionamento público geraria em minha vida, por isso prefiro evitar a ideia de ter que me preocupar com isso por enquanto. Me preparar para as perguntas que viriam, e que eu me sentiria horrorizada e constrangidas ao responde-las. Eu já estive em um relacionamento exposto demais, pela primeira vez eu preciso de privacidade.
 
Quando eu terminei, já estava sem fôlego, e meu corpo estava tremendo, assim que as lembranças me atingiram com força total. Fernando me puxou para seu colo e acariciou meu cabelo. Apoiei minha cabeça e fiquei inebriada com seu cheiro, era inebriante e maravilhosamente bom, só isso e o gesto de suas mãos acariciando meu cabelo já foram o bastante para me acalmar.
 
— Tudo bem Ju. Tudo no seu tempo... Quando se sentir preparada para assumir que estamos juntos vai ser ótimo, e até mesmo me contar as merdas que aconteceram no seu antigo relacionamento. Mas para mim o que é realmente importante é estar com você e com a Bia. Vocês são as duas mulheres da minha vida, e o resto é só resto.
 
Como eu poderia não ter me apaixonado por esse homem? Seu olhar estava tão carregado de amor, que era quase impossível desviar meus olhos. Eu o amava, e soube disso ainda mais intensamente naquele momento. Seus pensamentos pareciam ecoar os meus, pois seus lábios encontraram os meus em um beijo calmo, que logo se tornou voraz e insaciável. Sem muito conversa, Fernando me pressionou ainda mais  em seu colo e se levantou, me levando junto consigo para a minha cama.
 Suas mãos tocavam meu corpo em tamanha adoração, que lágrimas de prazer escorriam pelos meus olhos E sussurros incoerentes escapavam dos meus lábios. Fernando me amou tão intensamente que era impossível não me perder em suas juras de amor, e promessas que ele sussurrava m meu ouvido. Meu coração era dele, e batia por ele nesse momento. Eu estava perdida, em um caminho tortuoso, e Fernando me encontrou, fazendo do seu corpo o meu lar.
Enquanto nossos corpos suados estavam entrelaçados, um sorriso bobo surgiu em meus lábios, ele estava dormindo e era a imagem mais linda que eu via. Eu estava sonhando, só podia estar. Eu estava incoerente, quando o homem a minha frente foi tomado pela escuridão, e minha mente se rendeu a exaustão.

 𝓤𝓶 𝓬𝓸𝓻𝓪𝓬𝓪𝓸 𝓹𝓪𝓻𝓪 𝓬𝓱𝓪𝓶𝓪𝓻 𝓭𝓮 𝓒𝓔𝓞 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora