𝑪𝒂𝒑𝒊𝒕𝒖𝒍𝒐 20

104 14 1
                                    

Os raios de sol incomodavam discretamente os meus olhos ainda fechados, um bocejo escapou dos meus lábios preguiçosamente; me sentia bem e inexplicavelmente feliz, uma paz dominava meu peito de uma forma diferente, no entanto meu braço formigava e quando tentei mexe-lo senti um peso sob o músculo rígido, abri meus olhos encontrando a face da mulher mais linda do mundo; um sorriso calmo tomou conta da minha face enquanto minhas íris admirava e se deliciava com aquele sentimento quentinho. Julia adormecida com um sorriso leve, sua expressão mostrava que o sonho era bom, soltei um suspiro leve e por alguns minutos apenas me permiti observá-la atentamente, até que o braço começou a doer ainda mais então com delicadeza o retirei com cuidado; ela continuou ali adormecida sem se mover, resolvi que iria tomar uma ducha e preparar o café, e foi isso que eu fiz, porém escutei minutos após passar o liquido quente e escuro, murmúrios virem do quarto de Bia, andei até lá encontrando uma bebê completamente acordada, seus bracinhos remexiam no ar ferozmente implorando para pegá-la no colo. Foi isso que eu fiz a tomando cuidadosamente em meus braços, porém senti um cheiro forte vindo do seu corpinho, assim que a peguei, aproximei a pequena do meu olfato, logo que senti o aroma podre vindo das fraldas meu estômago instantaneamente revirou, a ânsia veio com força e rapidamente afastei-a do meu nariz tossindo várias vezes seguidas.
____________ Meu Deus! Como pode uma bebezinha linda desse jeito cheirar tão podre assim! - Exclamei vendo que Bia se divertia com o meu sofrimento, a afastei com os braços estendidos andando até o trocador, a deitei ali analisando a situação. - Não deve ser tão difícil assim não é? - Questionei com um sorriso bobo nos lábios, Bia soltou um risinho. Voltei-me para sua fralda, abrindo o bory devagar, retirei o mesmo em seguida analisei ás abas da fralda, respirei fundo e a abri, o conteúdo viscoso e em tom marrom claro surgiu juntamente com seu aroma forte e extremamente estragado, tampei meu nariz no mesmo minuto, o que eu deveria fazer agora? Pensei comigo mesmo, olhando que ela se sujava com o cocô enquanto se remexia nervosa devido a minha demora, a fralda foi jogada fora, em seguida peguei os lenços umedecidos e comecei a passar com as pontas dos dedos no bumbum dela. - Acho que estou fazendo certo! - Exclamei analisando a situação brevemente depois de usar 20 lenços para limpá-la. - Você ainda está suja! Céus! Como isso é possível? - Bia soltou uma risadinha fofa. Continuei passando o lenço até que seu bumbum ficou completamente limpo e lisinho. - E agora? - Questionei decidindo que deveria jogar aquele pó branco nela, "talco" dizia no pote, além disso, tinha cheirinho de lavanda, joguei um monte até que a bebê ficou toda branca. O pó tomou conta do quarto inclusive dos meus cabelos e face, provavelmente usei demais. Por último peguei a fralda a abrindo, olhei para aquilo como se fosse um desafio de lógica para ser decifrado. Quando finalmente terminei de colocar olhei para a bebê, estava tudo torto, dei de ombros decidindo que havia feito um ótimo trabalho.
_____________ Fernando! - Escutei a exclamação de Julia vindo da porta - O que está acontecendo? Parece que uma bomba atingiu o quarto, está todo cheio de poeira... - A voz dela morreu quando seus olhos que passavam pelo ambiente pousaram em mim e na bebê em meu colo, uma gargalhada tomou conta dela. - O QUÊ?... - Parou por alguns minutos colocando a mão na barriga que deveria estar doendo de tanto rir. - O que você fez? - Ela perguntou tentando se manter séria sem sucesso.
_____________ Eu troquei a fralda da Bia. - Falei olhando para a pequena que soltou murmúrios pedindo para ir ao colo da mãe.
_____________ Meu Deus, vocês dois estão muito fofos assim branquinhos de pó. - Ela levou a bebê para o trocador e então passou algo nela em seguida arrumou a fralda, a vestindo novamente por último. - Acho melhor você ir tomar outra ducha, seu cabelo está completamente branco. - Assenti com a cabeça e fiz o que ela havia dito.
Quando me encontrava limpo e vestido, andei até a cozinha onde encontrei ás duas garotas da minha vida sorrindo uma para a outra. Uma cena linda e que fazia meu coração se aquecer ainda mais.
­­­­______________ Acho que trocar fraldas não é uma das minhas especialidades... - Comentei observando o rosto de ambas me encarar.
______________ Nada que umas aulinhas não resolvam.  - O café da manhã aconteceu tranquilo e de uma forma natural, deixamos Beatriz na casa da babá no caminho do trabalho, contudo quando estávamos quase no portão da empresa Julia arregalou os olhos falando alto demais. - Meu Deus não podemos chegar juntos! - Pisei no mesmo momento no freio e acabei deixando o carro morrer.
______________ Porque não? - Questiono sendo idiota.
______________ Ás pessoas vão pensar que dormimos juntos. - Ela diminuiu a voz aos poucos.
______________ Mas o que... - Parei de falar entendendo e lembrando-se do que havíamos combinado na noite anterior, não que eu concorda-se; no entanto não desejava discutir sobre isso por enquanto, também cheguei a conclusão que era melhor fazer do jeito que Julia desejava pelo menos por um tempo, soltei um suspiro pensando no que fazer. - Vou deixá-la na padaria, compre alguns cappuccinos e então vá para a empresa assim ninguém vai suspeitar, pois irei entrar antes que você. - Ela aceitou e então a deixei onde combinamos.
Na empresa tudo parecia acontecer normalmente, ás pessoas entravam e saíam tranquilamente sem notar o fato de que o chefe havia atrasado, assim como a sua secretária, entrei e fui diretamente para o meu escritório; contudo meus olhos se mantiveram fixos na porta por onde ela entraria, assim que a mesma chegou pude ver ás pessoas a parando e questionando se havia acontecido algo, Julia muito habilidosa tragava os cappuccinos comprados como uma bela desculpa para seu atraso, não demorou para aparecer dentro do meu escritório; com um sorriso largo ela caminhou até a minha mesa entregando um para mim.
_______________ Parar para comprar os cappuccinos foi uma ótima ideia! - Ela disse parecendo aliviada.
_______________ Eu sempre tenho ótimas ideias... - Comentei com um ar malicioso no sorriso, ela ficou vermelha no mesmo instante que as palavras escaparam dos meus lábios, me levantei andando até ela e então a tomando em meus braços, nossos corpos ficaram colados no mesmo minuto assim como nossos lábios se juntaram em um beijo quente e intenso, a direcionei para o sofá onde deitei em cima de seu corpo frágil; meu coração neste momento palpitava em meu peito freneticamente, sentia cada traço, aroma e toque dela entrar em meus sentidos e me embriagar.
Contudo no mesmo momento em que estávamos em um momento tão profundo e intenso algo aconteceu, batidas na porta nos fizeram pular da posição onde nos encontrávamos, meu coração parecia que iria saltar juntamente com a surpresa que dominou meu corpo; Julia soltou um gritinho desesperado me empurrando, cai no chão batendo a minha bunda com força, soltei uma reclamação irritada, no entanto me levantei recompondo, passei a mão pelos meus cabelos enquanto que minha secretária fazia o mesmo com a sua roupa que neste momento estava toda amassada; Camila do entrou na sala assim que dei permissão, seus olhos passaram para mim e então para Julia que saia do escritório de cabeça baixa e completamente sem jeito, seus passos foram tão rápidos que nem eu acreditei que era possível uma mulher andar tão veloz como a vi naquele instante, segurei um riso interior, logo direcionando a minha atenção para a outra que me analisava.
________________ Como posso te ajudar Camila? - Perguntei ainda sendo analisado por ela brevemente.
________________ Sua mãe está na sala de espera. - Disse a mesma me pegando de surpresa.
________________ Está? - Questionei feito idiota e então ela assentiu. - Há sim... Por favor, peça que ela entre. - A mulher rapidamente saiu do escritório para fazer o que eu havia solicitado, tomei o telefone discando o número de Júlia, pedi que ela entra-se, a mesma o fez rapidamente.
________________ Ela... Ela... - A frase morreu nos lábios de Julia, eu sorri me divertindo com seu desespero por alguns instantes.
________________ Ela não percebeu nada, se é isso que quer saber. - A minha secretária soltou um suspiro tão alto que não pude conter um sorriso.
________________ Meu querido Fernando! - A voz da minha mãe entrou pela porta adentro roubando a nossa atenção em questão de segundos.
________________ Mãe! - Exclamei vendo Julia me lançar um olhar desentendido, andei até a mulher que me deu a luz e então a abracei fortemente a guiando para o sofá.
________________ oh... Meu querido está com uma aparência ótima, estava preocupada com você.. - Ela falou olhando agora para Ju - Minha querida Julia! Venha até aqui... - Gesticulou chamando a outra para chegar mais perto. - Como você está? E a nossa querida Bia? - Perguntou tudo de uma vez só.
_________________ Estamos bem, obrigada por perguntar... - Disse Ju sem graça, meus pensamentos me levaram a entender que agora o relacionamento das duas pela visão de Julia havia mudado, antes ela tratava minha mãe como sua patroa e uma amiga intima, no entanto neste momento; estava diante de sua futura sogra, analisei sua expressão me divertindo com essa conclusão e com o momento.
_________________ Que ótimo! Aliás, eu queria muito perguntar algo para você.. - Julia ficou tensa.
_________________ Vou deixar vocês duas conversarem, enquanto isso vou revisar alguns documentos na minha mesa. - Minha mãe sorriu assentindo, enquanto que Julia me encarou com pânico nos olhos, e eu apenas sorri na sua direção me divertindo cada vez mais, me levantei, e em seguida fui para a minha mesa, contudo meus ouvidos estavam aguçados e meus sentidos atentos a conversa das duas.
_________________ O que a senhora deseja saber? - Perguntou a minha secretária timidamente para a minha mãe. - A mesma que eu conhecia muito bem se aproximou mais e então murmurou algo para Ju que deu um salto soltando uma palavra alta e cheia de exclamação - NAMORADA????
_________________ Senhor! Julia! Era para me responder baixinho... - Soltei um riso alto e ambas me olharam na mesma hora.
_________________ Mãe se quer saber se eu estou namorando deve perguntar para mim e não para a minha secretária! - A mais velha soltou um suspirar.
_________________ Você anda tão diferente meu querido, a curiosidade está me matando, sei que está acontecendo algo e que não irá me contar.. - Ela olhou para Ju - Vamos me conte, quem é a mulher misteriosa, preciso agradecê-la por salvar meu filho de uma vida solitária e miserável.. - Agora foi a minha vez de exclamar alto demais.
_________________ Mãe!!! - Ela riu bem alto.
_________________ Bom já que ela está do seu lado não irei incomodá-la mais.. - Suspirou derrotada - Mas por favor se ver essa pretendente do meu filho diga que já a amo.. - Minha mãe piscou para Ju que soltou um riso nervoso na direção dela, foi a minha vez de me manifestar.
_________________ Você veio aqui só para espionar a minha vida? - Ela riu e então se levantou.
_________________ Não, na realidade vim a negócios... - Ergui a minha sobrancelha agora tentando entender o que ela queria dizer.
_________________ Como assim? A senhora não mexe com os negócios... - Ela elevou os dedos dizendo.
_________________ Possuo ações dessa empresa Fernando e assim como os outros acionistas estou aqui para votar. - Me levantei sem compreender, votar? Em quê? Ou quem?
_________________ Mãe me explique isso, votar em quê? Ninguém... - A frase morreu em meus lábios quando compreendi. - Daniel... - Na mesma hora sai pela porta sendo seguido por Julia e a minha mãe que tentava me segurar a todo custo.
_________________ Fernando! Espere... Não.. - No entanto ela não teve tempo para terminar entrei na sala de votação.
_________________ VOCÊ! - Os olhos dos acionistas se direcionaram para mim, em média quinhentas pessoas na sala me observavam.
_________________ Finalmente chegou irmãozinho! - Daniel soltou a frase de uma maneira ácida. - Podemos iniciar o pedido de impeachment do nosso atual presidente! - O sangue subiu para minha face, a raiva se misturava juntamente com o ressentimento que só se instalava no meu peito cada vez mais, caminhei indo em direção ao meu irmão, parei diante dele, nossas faces se encontravam a centímetros uma da outra, a tensão só aumentando cada vez mais no ambiente, o silêncio era absoluto, todos nos observavam com atenção, aquilo iria se tornar uma guerra entre dois filhos poderosos, e agora quem irá vencer essa guerra? Eu não sou do tipo que perde.
_________________ Iniciem o período de votação. - Anunciei para a surpresa de todos. - Irei vencer isso novamente e você sabe disso...  
_________________ É o que veremos. - Ele bateu o martelo na madeira dando início a essa guerra entre herdeiros.

 𝓤𝓶 𝓬𝓸𝓻𝓪𝓬𝓪𝓸 𝓹𝓪𝓻𝓪 𝓬𝓱𝓪𝓶𝓪𝓻 𝓭𝓮 𝓒𝓔𝓞 Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin