O desaparecimento

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Quando as pessoas são nenéns e criancinhas sensíveis, dando os primeiros passos da vida, elas escutam que duas pessoas as amam, que duas pessoas sempre vão estar presentes independentemente das dificuldades, e é como se essas duas pessoas dessem pernas e braços aos filhos que estão crescendo, essas duas pessoas são suas mães e pais.

Porém Sarada não teve tempo de amadurecer com essas duas pessoas, não teve tempo de absorver que seu pai a amava, e por isso havia dias em que ela se sentia caminhando pela vida com uma perna a menos que os outros, nos dias dos pais, nas apresentações escolares em que só estava sua mãe presente, nos dias em que outras crianças lhe zoavam por ser uma suposta bastarda, nos natais em que todos ganhavam presentes de uma figura paterna, menos ela.

Crescendo assim, Sarada desenvolveu uma lacuna em seu coração, e um tipo de precipício que a afastava das pessoas, especialmente de rapazes. Se ela não poderia confiar nem em seu próprio pai, que lhe ajudará a vir ao mundo, ela poderia confiar em outro homem ? A única pessoa em que Sarada permitirá se apegar era a sua mãe, a única pessoa que estava com ela independentemente do precipício. Elas eram o lar uma da outra.

E por isso Sarada detestava fortemente se sentir dependente de alguém, ela não deveria se dar o privilégio de ficar nas mãos de outros, nunca, ela só poderia depender de Sakura, só sua mãe era confiável e segura, só sua mãe nunca lhe abandonara. Ela só poderia considerar Sakura um porto seguro, mas isso agora estava mudando. Sarada estava tornando outra pessoa o alicerce de sua confiança nas pessoas.

Boruto estava virando seu novo porto seguro, de forma surpreendente. Sarada não esperava isso, não esperava conhecer o dono dos olhos mais azuis que safiras, mas conheceu e ele construiu uma ponte no precipício do coração de Sarada, e estava se tornando cada vez mais importante na vida dela. Boruto, ao dizer que a ama, fez Sarada receber o segundo "Eu te amo" que ela precisava na vida.

Ele fez Sarada o permitir atravessar a ponte que ele construiu e chegar ao outro lado do precipício, ele curou a lacuna no coração dela e a fez se sentir salva. Porém agora Boruto tinha uma espécie de arma apontada para Sarada, um deslize do rapaz, uma mentira dele, e Sarada construiria muros sentimentais, que talvez ninguém na terra pudesse quebrar. O celular dele tocou, fazendo os dois se afastarem.

- Pode falar - Boruto falou por cima do barulho da chuva, após puxar o celular do bolso, sem tirar os olhos de Sarada - já to indo pra ai - derrepente a face dele ficou nublada, cheia de preocupação.

- Algum problema ? Me fala, se algo aconteceu eu quero ajudar - Sarada disse enquanto os dois começaram a andar devolta até o colégio.

- Falaram porque precisam de mim em casa. O Kawaki sumiu - ele agora mostrava frustração - eu tenho que ir.

- Eu vou com você.

- É seu primeiro dia de aula. É melhor não faltar - ele respondeu agora abrindo as portas do colégio, e eles entraram pelo corredor branco.

- Tá bem. Mas me conte tudo depois.

- Eu conto corujinha - ele respondeu.

Então Boruto saiu correndo pelos corredores, parando uma última vez para virar de costas e olha-la. Depois disso Sarada foi até o banheiro, tentar se secar de alguma forma.

》》》

Boruto correu pelos corredores até chegar aos protões de saída no fundo colégio, que davam para o estacionamento, o loiro então foi até seu carro e logo saiu do estacionamento, ele já havia avisado Yahiko sobre precisar ir embora e o mesmo lhe deu autorização. Chegando na mansão, deixou o carro estacionado na frente de casa e correu para dentro.

- Estamos aqui - Hinata chamou da sala de jantar e Boruto foi até lá.

- Oque aconteceu ? - Boruto perguntou preucupado, pois na ligação Hinata falou que não encontrava Kawaki.

- Eu não teria ligado pra você no colégio se não fosse importante - Hinata começou - O Kawaki saiu ontem a noite, passou a noite fora e não voltou mais, eu liguei pra ele a manhã toda e ele não atende. Eu já procurei ele em todo canto, liguei pros amigos dele e ninguém sabe onde ele está, Sakura até se ofereceu pra ajudar e tá procurando ele, mas não temos nenhuma notícia - Hinata falou jogando os cabelos para atrás, respirando fundo.

Era visível que Hinata se controlava para não ficar aflita. E uma aflição não seria atoa, fazia anos que Kawaki não passa a noite fora sem alguém da família, e ele nunca, nunca mesmo, ficava sem atender o celular.

- E o pai, cade ele ? - Boruto perguntou.

- Também não atende o celular. Não sabiamos oque fazer - Himawari respondeu, já com algumas lágrimas nos olhos - então ligamos pra você.

- Liguei pro delegado, mas ele disse que a polícia não pode ajudar até o desaparecimento durar quarenta e oito horas - Hinata falou puxando uma cadeia da mesa, e se sentou.

- Eu vou procurar o Kawaki - Boruto respondeu - ligo quando achar ele, tenho uma ideia de onde ele pode estar, encontro ele - Boruto se aproximou de Hinata e afagou um pouco as costas da mãe.

- Ele tá bem. Né irmão ? - Himawari olhou Boruto, com olhos esperançosos.

- Claro que ele tá - ele respondeu e foi até ela, então fez um leve cafuné na cabeça da menina.

Boruto sabia que Himawari via ele, Kawaki e Naruto como heróis, homens imbatíveis que sempre estavam bem, e Boruto usaria até suas últimas forças para manter tal imagem, pois, em parte graças ao seu orgulho, ele não estava disposto a falhar com Hinata, Himawari, ou com Sarada agora.

O garoto deu um leve beijo na testa das duas e se dirigiu para fora da mansão, entrou em seu carro e foi até o único lugar onde sabia que Hinata e Himawari não pensariam em procurar Kawaki, um restaurante luxuoso no centro da cidade, onde empresários se encontravam para fazer negociações, incluído Naruto e Hiashi com seus aprendizes, Kawaki e Boruto.

Ele estacionou o carro na frente do restaurante, um prédio branco, com grandes janelas onde haviam cortinas vermelhas. Boruto estava pensando na possibilidade de Kawaki e Naruto estarem em uma reunião de emergência ali, então entrou no restaurante, porém não encontrou ninguém conhecido entre as mesas com panos brancos e velas aromáticas.

O loiro saiu frustrado do estabelecimento, mas decidiu continuar sua busca. Havia becos perto do restaurante, e Boruto começou olhar cada um deles. Ele estava quase desistindo, mas foi até o último beco, no fim do quarteirão, e lá encontrou um Kawaki desmaiado, molhado da chuva e vestindo terno.

Boruto correu até o irmão, e seu primeiro impulso foi checar os sinais vitais, e se aliviou ao ver que Kawaki respirava, fracamente. Boruto então passou um braço de Kawaki por seu pescoço e começou a andar até seu carro. Ele logo arrumou Kawaki no banco da frente, e começou a dirigir até o hospital mais próximo.

》》》

- Médicos. Eu preciso de médicos. MEU IRMÃO TA INCONSCIENTE - Boruto gritou entrando na recepção do hospital de Konoha.

O lugar era branco e cheio de cadeiras enfileiradas, de frente para elas havia um balcão com duas recepcionistas. Os pacientes sentados olharam assustados a cena do rapaz loiro gritando e segurando outro jovem desacordo. Para o alívio de Boruto, logo enfermeiros e médicos chegaram ao socorro de Kawaki.

- Posso ir com ele ? - Boruto perguntou a uma enfermeira de cabelos pretos, enquanto Kawaki era colocado em uma maca.

- Desculpe, precisa esperar aqui. Vamos fazer exames pra descobrir oque aconteceu e voltamos assim que tivermos notícias - a enfermeira respondeu.

A UCHIHA FILHA DA MINHA EMPREGADAWhere stories live. Discover now