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– Quando passar de pequena moça, para moça. Você vai entender. – Ela agora está reflexiva. Hanna era um anjo curioso, o meu anjo curioso. E eu adorava a doçura dela. Era grata por tê-la como irmã.

– Isso é tão injusto quanto um castigo. – Ela parece estar cansada de pensar. Como de costume. Então eu ri e comecei a bagunçar seus cabelos. – Victoria – ela solta uma gargalhada. – Pare.

– Por que eu deveria, pequenina? – A agarro e começo a fazer cocegas em sua barriga.

– OK. Eu estou vendo duas crianças na minha sala. – Os olhos de mamãe sorriem ao fingir as palavras serias. A olho com olhos arregalados e faço careta. – Certamente são duas crianças. – Rimos.

Revisando as minhas lições para o dia seguinte. Percebi que estava abarrotada de tarefas, cálculos para lá e para cá. Ai meu saquinho, Newton! Não conseguia memorizar as formulas no exato momento então, deixei o caderno de lado e abri a interface do celular. Haviam mensagens de Felipe:

"novidades guria! Te conto os babados amanhã"

Se ele insistisse em meter uma de detetive ele iria fazer isso sem mim. Haviam mensagens de Adam. ele estava online.

"o que houve?"

"você sumiu com aquela maluca"

"posso te fazer uma visita?"

"Não estou no clima"

"escalar teus azulejos, sacas?"

"sei o que queres"

"a resposta é não"

"por que não conta para sua mãe"

"sobre nós"

"tenho muitas tarefas"

"amanhã nos falamos"

"Boa noite"

– Vick. – Ouço a vozinha de Hanna. – Olho por baixo da interface. Ela estava ao pé da minha cama com o Štíty de pelúcia que sempre usava para dormir. – Posso dormir com você?

– Claro que pode. Porém, isso vai ficar na história. – Digo com ironia. – A pequena moça que não consegue dormir sozinha.

– Se não contar para mamãe. Eu não conto que você geme dormindo. – Cresço os olhos em um piscar.

– PIRALHA. – Era um fato engraçado. Pois eu não estava dormindo. – Ok. Trato feito. – Juramos de mindinho como mamãe ensinou a nós duas.

– Pode cantar baixinho para mim. – Assinto com a cabeça.

– Qual?

– Você sabe muito bem. – Ela se aconchega ao meu lado e fecha os olhos agarrada ao sr. Štíty. e eu sou liberta do celular.

Quanto tempo leva pra aprender

Que uma flor tem vida ao nascer

Essa flor brilhando à luz do sol

Pescador entre o mar e o anzol

***

Os três primeiros horários foram finalizados com sucesso. Dylan causou briga com Artur e os dois foram convidados a se retirarem da aula de filosofia para a diretoria, que maravilha. Não esbarrei em nenhum momento com Tereza, mesmo que os olhos percorressem os corredores em sua procura. Não à vira nem mesmo na aula de inglês que temos na mesma classe, de certo a mesma faltara.

Encontrei Felipe no refeitório em frente ao Fritu's do seu Agostinho. Ele parecia animado como sempre. Tão animado que já estava a minha espera com dois hambúrgueres em mãos.

– Hum... – Sinto o cheirinho do hambúrguer ao me aproximar. – Alguém está de bom humor. Algo de errado não está certo. – Ele me serve um suco junto ao hambúrguer. E nos assentamos no centro do refeitório.

– Sim. Porém, não vejo nada de errado em estar apaixonado. – Quase cuspo o suco em seu rosto.

– Isso é extremamente hilário. Tão hilário quanto falso. Felipe Aguiar A. PAI. XO. NA. DO! – Descrevo, destacando com a mão, como se deslumbrasse um letreiro a minha frente.

– Então você acha engraçado, certo? – Ele cruza os braços. – Engraçado vai ser quando eu estiver rindo da boba apaixonada que um dia vai aparecer na minha frente.

– Eu não teria tanta certeza, eu sou Victoria Jheek meu jovem amigo. – Digo meu hambúrguer convencida disso.

ESTAÇÃO 16Where stories live. Discover now