03 Flashback

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Aos cinco anos lembro do meu primeiro dente de leite extraído. Aos sete, em meu aniversario papai me surpreendeu com um filhote albino, uma gata cuja dera o nome de Felix (não fazia ideia se era um gato ou gata então por via das dúvidas. Felix). Aos nove tive várias idas e vindas com vários Psicólogos e seus semelhantes. Dos dez aos onze, fui para pedra grande morar com minha avó. Minha infância é tão conturbada quanto vaga, "Você era um bebê tão gorducho" Minha mãe dizia. "Era a criança mais adorável que o mundo já vira". Tenho alguns poucos registros da minha infância, algumas poucas fotos, entre elas uma foto pregada na parede do meu quarto onde haviam mais três crianças desconhecidas.

Mas, eu lembro bem dos anos que passei com minha avó paterna. Todas as noites meu pai me ligava antes de dormir e me visitava em fins de semana alternativos. Mesmo distante ele sempre esteve lá.

E agora eu estava completamente tomada pela fúria causando uma tremenda confusão e vexame nos corredores de uma empresa.

– Todos vocês. todos! São monstros que não a mínima para uma vida humana. – Felipe tentava me conter segurando meus ombros, enquanto eu espalmava as mesas em pranto raivoso.

– Contenha-se, por favor. – A secretaria estava tão assustada quanto os demais trabalhadores que residiam naquele local.

– Tudo que importa a vocês é como ficar podre de rico e encobrir os rastros de cada transição feita. – Me desfaço das mãos de Felipe, e finalmente livre, me deparo com Albert Hanks petrificado a minha frente. – Mas, nada disso importa, já que você tem a sociedade na palma da sua mão, não é mesmo?

Dois seguranças agarram meus não tão fino braços com força. E a minha frente o homem alto e engravatado continua me encara com indiferença. Aquele ar de insensibilidade me causava repulsa. Para ele cada trabalhador ali posto, não significava nada, e se um deles morresse nesse exato momento, rapidamente mandaria um de seus subordinados limpar o chão com a língua e agiria normalmente como bom compatriota para todos.

– Acalme-se Victoria.

– Se há um culpado nessa Sala, creio eu que, este seja você, senhorita. – Ele de nada precisou para acertar meu peito como um tiro. Aquelas simples e verídicas palavras, foram tão profundas que me faltou ar para responde-lo. Voltei a mim, e tomei o folego que ele por segundos me tirou.

– Um homem como você não merece ser chamado de Humano. –Voara uma xicara da mesa da secretaria, com o meu ato totalmente involuntário. – De nada vale todo o seu dinheiro se você será para sempre esse lixo desprezível! – Essas mesmas palavras se encaixam em minha posição de filha.

Então deixamos a empresa escoltados pelos seguranças. 

ESTAÇÃO 16Where stories live. Discover now