ESTAÇÃO 16

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Passava pegadinhas na TV. Mamãe e eu estávamos assistindo enquanto Hanna rodopiava pela sala. (por onde criança consegue tanta energia?)

– Vick. – Hanna para em frente a mim e passa a observar meu rosto curiosa. – Por que você fez isso no seu cabelo? – Eu, não havia preparado uma resposta para dar a minha irmãzinha curiosa. Havia preparado respostas apenas para adultos. Olhei para o lado, para o espelho pregado a parede. Meu cabelo ainda com o platinado desbotado, meio amarelado, perfeitamente alinhado a nuca. Aumentando sinuosamente em um repicado mais ríspido penteado para a lateral direita. Tomboy não me parecia um nome adequado para esse corte. Porém, fazer oque. Não foi eu quem o criei.

– É... hum. Eu não sei. – Diga somente a verdade para as crianças. – Eu fui apenas comprar legumes. – Nada melhor que a verdade para reconfortar uma criança.

– Posso comprar legumes com você? – Ela me olhava com tamanha curiosidade. O que ela procurava? – Não me chamas para ir passear contigo. Me leve ao mercado pelo menos. – Ela cruza os braços e faz bico. Mamãe e eu rimos.

– Minha pequena moça. Ainda está muito pequena para frequentar certos mercados. – Mamãe a pega no colo. Ela quase não suporta mais o peso de Hanna, que já não era mais um bebe.

– Qual a diferencia entre os mercados? – Hanna se enfia entre a eu e mamãe no sofá. – Todos não vendem coisas? – Era incrível. Tinha esquecido o quanto crianças ansiavam por respostas.

– É... Hum. – Arfo. – Quando você vai ao Mercado com a mamãe, para que parte do mercado você vai primeiro?

– Para os doces. – Confirma ela como se estivesse bem obvio. E era obvio!

– Então... Quando Você cresce percebe que tem outras prateleiras além de guloseimas. – Acaricio seus cabelos castanhos claros. – Mamãe e eu vamos explorar outras prateleiras enquanto você se encanta com os doces.

– Eu não preciso me preocupar com outras coisas. – Ela arfa. Como se fosse a dona da verdade. – Sou criança. Vocês cuidam da alimentação saudável, enquanto eu me encho de doces. – Ela sorri banguela.

– Essa é a questão. – A fito. – Você não será criança para sempre. E um dia terá que explorar outras prateleiras. E quando crescer vai se dar conta de que nossa conversa não foi sobre o mercado.

– Sobre o que estamos falando se não de um mercado, Vick? – seu olhar esbalda curiosidade.