17 | o medo de ficar

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GRACE

(...)

— Você é minha. Seu pai te vendeu. — Disse num rosnado. — E você tem que aprender que ninguém me humilha como você fez, sem pagar por isso.

— Victor... Não... Não... — Implorei, enquanto ele me segurava pelos pulsos, eu me debatia em vão, pois o peso do seu corpo me imobilizava.

— O que acha que vou fazer com você? — Perguntou entre-dentes, lascivo, seus olhos azuis faiscavam... Tantas coisas. Ele apertou mais meus pulsos, querendo que eu o respondesse. — Você não parece do tipo que sabe o que um homem pode fazer com uma mulher embaixo dele, sabe Grace? — Rosnou, com sua boca colada a minha bochecha. Me encolhi.

— Eu sei que o que eu fiz é terrível, Victor. Mas eu te pedi pra adiar... — Soltei em tom de súplica, lágrimas desciam pelo meu rosto de maneira inevitável, prendi a respiração ao sentir ele arrastar a boca pela minha bochecha.

Ele então sorriu, com maldade.

— Mas eu disse não, Grace. Eu disse não. — Sorriu mais, e independente de eu tentar esquivar meu rosto, ele beijou minha boca, com força. Senti apenas a pressão e o gosto das minhas lágrimas, e assim, soltei uma lamúria estrangulada com pavor correndo dentro de mim.

Essa era a última coisa que eu sonhava para um primeiro beijo.

Ele então, apenas tirou sua boca de mim.

— Tão inocente, tão inocente. — Cantarolou soltando meus pulsos. Não tardou, ele simplesmente sair de cima de mim. Abrupto.

Busquei ar, evitando olha-lo, que ajeitava a roupa em seu corpo. Eu sentia tanta raiva, tanto desamparo, eu queria que ele desaparecesse. Mas ao mesmo tempo me toquei, que qualquer ato de rebeldia meu, poderia atrapalhar mais. Que parecer submissa como ele quer, fosse o melhor por agora.

— Victor o que você vai fazer comigo? — Fui direta ao perguntar, pelo menos isso. Queria que fosse como retirar um curativo.

Ele voltou a sorrir daquela forma .

— Houve um tempo em que eu pretendia fazer de você minha esposa. A senhora dessa casa. E sabe Grace? Eu a teria de forma livre, sobre meu domínio. Você deveria ter sido grata, você não é bela como sua irmã. Não possui posses. É espancada por seu pai. Eu deveria ter vindo como uma dádiva pra você. Mas não aconteceu. — Disse como um discurso. — E o que mudou? O QUE MUDOU GRACE? Me diga! — Bradou, mudando violentamente seu tom.

O choro simplesmente prendeu minha voz na garganta. Mudou que eu havia o humilhado, ele jamais se casaria comigo.

Ele deu um passo a frente se içando em minha direção.

— Mudou que você não merece consideração. Mudou que ninguém quer saber de você ou vai se importar se você desaparecer. Você não é importante pra ninguém. E está aqui. — Proferiu olhando em meus olhos com toda maldade do mundo.

E o pior é que suas palavras me atingiram em cheio. Pois era verdade. Ninguém se importava. Ninguém poderia fazer nada. E por que alguem se moveria por mim?

— O que você vai fazer comigo? — Voltei a repetir.

— Você é meu brinquedinho, Grace. — Riu. — Sugiro que não me deixe entediado, pois eu posso descartar você. — Concluiu, dando uma piscadela.

Senti meu estômago embrulhar. Era tudo um jogo pra ele.

Ele caminhou em direção a porta. Eu poderia me debater, implorar, gritar... Mas adiantaria?

O que queima através de nós | LIVRO IWhere stories live. Discover now