40 | o livro do destino

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GRACE

(...)

- O-olá sr. Lovington, prazer em conhece-lo. - Murmurei incerta, chegando perto da mesa, ele ficou de pé, e veio na minha direção, seu olhar dizia algo como "não ouse dizer que me conhece".

- Minha avó me falava agora sobre como é adorável, e não mentiu. - Disse pegando em minha mão, a levou até a boca para beijar, como um eximio cavalheiro (e não um pirata), toda beleza e tamanho daquele homem me deixava desconfortavel, seu olhar firme em mim acabou parando um instante, para olhar a aliança que esqueci de tirar, em meu anelar... - Senhora..? - Buscou meu nome de casada.

- Grace é uma senhorita. - Disse a Sra. Lovington de olho em nós. - Você e o Dr. Vallahar fingiram ser casados mais uma vez? - Soltou em um tom quase ultrajado.

O Lorde Pirata soltou minha mão.

- Fingiu ser casada? - Perguntou com o cenho franzido. Parecia quase decepcionado?

- Foi necessário. - Falei, enquanto ele puxava a cadeira para que eu me sentasse a mesa. E o fiz. 

- Serei inoportuno em perguntar o motivo da senhorita fingir ser uma mulher casada? - Questionou, dando a volta para se sentar onde estava. 

 Neguei com a cabeça, começando a narrar os fatos da forma que contei a Sra. Lovington, Eric e sua facilidade para confabular me ajudou bastante nisso antes, mas não mentimos, apenas tiramos os Seres da Floresta das Labaredas da história, e deixamos um pai violento, um noivo indesejado e que decidi vir a Paris buscar emprego, mas que só mulheres acompanhadas poderiam embarcar, e então, meu amigo Dr. Eric que estava vindo fazer sua residência mentiu para que eu pudesse vir. E desde então, quando necessário, ou por brincadeira, usamos essa história de Sr. e Sra. Vallahar, mas somos apenas bons amigos.

O Lorde Pirata ouviu tudo com atenção.

- Foi uma ideia pratica. -  Ele disse por fim. - Mas uma dama solteira e um homem...

- JAMIE! - Sra. Lovington ralhou. Eu sabia que o que Eric e eu fizemos era pouco respeitável, mas de certa forma, eu não sentia culpa nenhuma, somos amigos, e nunca fizemos nada demais. E Sra. Lovington completou. - Eric Vallahar tem muito respeito por Grace, eles são bons amigos apenas, ele apenas a ajudou.

E isso colocou um fim no assunto.

Me servi de chá, me sentindo desconfortavel, para onde o assunto havia ido, mas felizmente, minha patroa o perguntou sobre a América e ele respondia com precisão, provavelmente esteve realmente em Manhattanville, como contava a ela. Mas a verdade é que eu sabia que pelo menos no último mês, ele estava muito longe da América. Boa parte de mim estava indignada por ele mentir assim para avó dele, ela estava doente em um hospital achando que o único neto estava em outro continente, quando ele poderia ter estado com ela. 

Mas a outra parte, estava muito curiosa...

Como ele terminou se tornando um pirata?

Agora eu sabia que não teria essas respostas. 

Depois de tomar banho e me trocar, fui ajudar minha patroa a se arrumar para o jantar, não tinha muito o que fazer, apenas a ajudei a se vestir e ela pediu uma ajuda com seus cabelos acizentados, mas ela parecia rondar em torno do assunto: seu neto. Eu acabei fazendo algumas perguntas demais, o que poderia parecer que eu tinha o mesmo interesse que ela. Mas no final das contas não consegui descobrir nada substancial. Apenas que seu neto, jamais havia demonstrado algum interesse nas moças da sociedade, nem antes quando jovem na Inglaterra, e nem agora que a avó vivia em Paris. "Uma hora um homem tem que dar um fim nos favores das prostitutas, e se casar" ela falou um tanto alto demais dentro do quarto, se Lorde Pirata não tiver escutado, sofria de algum problema auditivo.

O que queima através de nós | LIVRO IWo Geschichten leben. Entdecke jetzt