43 | a luz que nos rodeia

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GRACE

Senti Damian, em sua forma de Espirito de Fogo, me colocar no chão, após me carregar até a entrada da Floresta densa e escura, ouvi o barulho dos trenós com os outros se aproximando.

— Obrigada. — Falei para sua forma em chamas.

Eles pararam e todos saíram.

— Aqui só falta uma barreira. — Ouvi Eric dizer chegando ao meu lado. Era bem parecida mesmo com a entrada da Floresta do Vale das Cinzas, só que havia toda aquela neve.

— O nome Vale do Solstício é uma ironia? — Braeden perguntou a Olandr, por conta do clima.

— Não. Não é. — Ele sorriu. — Vamos! — Chamou.

E olhei para os trenós e os cachorros.

— Eles vão ficar aqui sozinhos? — Perguntei preocupada. Eles podiam se perder.

— Não se preocupe, eles sabem voltar sozinhos. Fazem este trajeto há muito tempo. — Respondeu ele, prendendo o cabelo ruivo e longo, enquanto eu via os animais puxarem o trenó para dar meia volta.

— A Floresta precisou ser protegida com magia? — Indagou Chiara e parecia sentir a magia a sua volta — Achei que vocês estivessem em paz com os humanos... — E como sempre, muito direta.

Olandr ergueu a mão, e então eu vi, o cintilar de luz verde em seus dedos. O que tirou minha duvida. Era um bruxo.

— Estamos em um acordo de não violência. Mas isso não quer dizer que eles podem entrar aqui, não podiam antes, mas depois que aquele grupo nos atacou, perderão a vida. — Olandr a respondeu, a voz ressentida pela possível perda.

— Não entendo como conseguiram essa trégua. Eles nos temem como a presa ao caçador. — Damian observou, então reparei que ele caminhava atrás de mim e Eric, em forma humana.

— A trégua funcionou por dois séculos, eles nos temem e por isso nos deixam em paz, sempre houve uma situação de contenda ou outra, mas nada realmente notável. Até nos últimos dois meses.  — Disse Olandr. — Já o ataque, veio de um grupo que se rebelou na calada da noite, não temos vigilantes como abernates ou um Espirito de Fogo aqui, e com a trégua, a guarda baixa, eles vieram com armas de fogo. Conseguimos conte-los é claro, mas não antes que eles matassem quatro de nós.

Ofeguei baixo, me sentindo mal por eles.

— Sentimos muito. — Murmurei, enquanto os outros estavam em um silêncio resignado.

— E...  E as crianças, como estão? — Chiara perguntou, cortando o assunto desconfortável. Para outro assunto desconfortável.

— São muito novas, não sabem o que aconteceu. Seus pais foram mortos enquanto eles dormiam.

Silêncio desconfortável novamente.

— E eles sabem que virão conosco? Se adaptarão bem? — Braeden perguntou.

— Kiernan tem onze meses e Kristiansen dois anos. Eles ainda são muito pequenos, mas já podemos sentir sua magia.... Provavelmente sim. Não é fácil deixa-los ir, mas nenhum de nós quer a extinção de uma Floresta. — Disse convicto, e eu admirava toda esse dever que eles sentiam em cuidar de seus lares. E melhor, cuidar dos seus. Dos dotados em magia.

— Achei que fossem mais velhos. — Damian disse seriamente. — Um deles ainda sequer anda.

— Damian! — Chiara ralhou se voltando pra ele.

Olandr sorriu apesar de tudo.

— Eu entendo sua questão, Espirito de Fogo. — Olandr ergueu as sobrancelhas. — Ele está preocupado pois são muito indefesos.

O que queima através de nós | LIVRO IOnde as histórias ganham vida. Descobre agora