25 | diamantes do céu - parte I

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GRACE

Depois do jantar, este que foi servido em uma imensa e maravilhosa sala de jantar atrás do grande salão, todas (e Damian ao lado da rainha Ariahmal) nos sentamos, sob lustres de cristais, e comemos frutas, raízes, verduras e carnes, eu não sabia de onde elas tiravam tanta comida para uma mesa farta daquelas, o que ali tinha, era o que muitas famílias do vilarejo consumiria em um ano inteiro. Nem mesmo na casa de Victor vi tanta fartura.

Entretanto, durante o jantar onde todos conversavam e sorriam, nenhuma fada sequer me dirigiu a palavra e se me olhavam, era de forma desdenhosa.

Eu tinha as achado tão incríveis e livres, eram mulheres que viviam por si, lideradas por outra mulher que não as impunha regras. E elas podiam ir e vir como quisessem, amar a quem quisessem. Parecia uma forma linda de viver. Mas para ser sincera eu não entendia a aversão que tinham por mim, eu nunca fiz mal a nenhuma fada, tentei ser gentil. Certo que dei problemas quando cheguei, mas não tive culpa, então, tudo era por eu ser humana? Mas elas nem me conheciam!

Humanos são tortuosos, mas isso não é tudo.

Braeden assim que acabamos, me chamou para subir para as tendas para descansarmos, (inclusive ficou na porta da casinha enquanto eu usava para fazer minhas necessidades). Em resumo, ela ficou ao meu lado a noite inteira, não por gostar da minha companhia (ou de qualquer companhia), mas para que eu evitasse entrar em confusão. Eu até perguntei para ela se deveria cumprimentar a rainha, mas ela disse que essa não era uma noite para formalidades, e que rainha Ariahmal provavelmente iria preferir ignorar minha existência enquanto estivéssemos ali. E tudo bem também, era melhor pra mim ficar longe dela e de suas mãos que viviam acariciando Damian.

Talvez ele estivesse certo em dizer que eu não deveria ter vindo.

A tenda onde eu estava parecia de tamanho médio, mas quando Braeden entrou comigo, ela caminhou até o outro lado desta, e abriu outra cortina revelando mais um ninho de plumas.

- Tem mais quantos ninhos? - Perguntei a ela. Pois Damian e Chiara também tinham que dormir.

- Só esses dois. - Disse, do outro lado.

- Chiara e Damian estão em outra tenda? - Perguntei, eram tendas de dois a dois?

- Ah Grace. - Braeden riu então. Ela riu! - As fadas só nos deram essa tenda. Tudo muito estratégico. Chiara está muito ocupada em outra, para usar essa... - Disse dando uma risadinha como se dissesse "Chiara não tem jeito" e eu dei uma risadinha também, não era surpresa Chiara estar com a fada.

- Damian... É homem, ele tem uma tenda própria? - Perguntei, mas eu já sabia a resposta. E ela me deixava tão desconfortável.

- Damian é um peão, que rainha Ariahmal quer girar... Se ele conseguir escapar dela, talvez apareça por aqui. - Disse de uma maneira despreocupada. - Mas como notou, não tem ninho pra ele. - Completou. Me sentei ali, tinha uma sensação tão ruim dentro do meu peito.

Se Damian voltasse, eu poderia dividir o ninho com Braeden e ele poderia ficar com o meu. Eles eram bem grandes mesmo...

Por favor Damian. volte.

- Braeden onde podemos nos lavar? - Perguntei a ela. Eu queria tomar banho.

- Há uma piscina natural, a passerala ao leste te leva até lá, é aquecida por pedras vulcânicas. - Disse e eu me encolhi. Não me sentia confortável em tomar banho ao ar livre e a vista de todos.

- Você vai se banhar lá? - Perguntei, pois eu também não imaginava Braeden fazendo isso.

- Não mesmo. Eu não tenho problema com a nudez. Tenho problema com as fadas. Não confio nelas. - Disse, muito séria.

- Também não confio. - Confidenciei.

- Por que uma delas quer o que você quer também? - Braeden disse me olhando de esguelha, insinuando algo.

- Não quero nada. - Falei rapidamente, me sentando no pufe, evitando a expressão sugestiva dela. Não queria mesmo. Não queria. Não queria.

E do nada, do nada mesmo, uma luz amarela me rodeou, dos pés a cabeça. Olhei pra Braeden alarmada, ela movia os dedos em um vai e vem lento e sussurrava coisas que eu não compreendia... Mas... Mas eu não sentia nada, além de certo conforto. E logo tudo se esvaiu e eu estava levemente perfumada.

- O que? - Escapou.

- Encantamento de limpeza. - Disse fazendo o mesmo com ela. Era o mesmo que usaram em mim quando houve aquele incidente com o abernate.

- Obrigada. - Falei, ela deu de ombros e fechou a cortina que ligava a tenda.

Suspirei pesadamente, e me deitei no ninho confortável, não era necessário cobertores pois o clima no subsolo era temperado, eu tinha sono mas não me sentia na confiança de dormir.

Fiquei olhando para o teto branco da tenda, eu não ouvia barulhos exteriores e isso parecia pior do que ouvir o movimentar de fadas.

Onde Damian estava? Será que ele estava beijando rainha Ariahmal e gostava disso? Ele pensava na Grazielle beijando ela também? Será que eles estavam no ninho e...

Rolei no ninho pra lá e pra cá. Tenho que parar de pensar nisso. Tenho que parar. Será que Braeden já dormiu?

- Braeden? - Chamei baixinho.

- Dorme. - A resposta veio logo depois, seca. Me encolhi.

Voltei a fechar os olhos, tentando imaginar coisas bonitas, para pegar no sono. Era algo que minha mãe ensinava para mim e Grazielle quando éramos crianças e tínhamos pesadelos: pense em coisas bonitas e que gosta antes de dormir, para que só coisas boas venham em seus sonhos. Ela sempre dizia isso com a voz em um sussurro doce enquanto fazia carinho em nossas cabeças... Mesmo com a doença já avançada.

Com os pensamentos circulando lugares estranhos em minha mente, o sono começou a me tragar, pelo cansaço físico que eu sentia. Lentamente.

Mas acabei sendo desperta pelo entrar de alguem na tenda: Damian.
Ele tinha voltado...

Seus olhar caiu sobre mim. Mas diferente de todas as vezes que Damian esteve em minha presença, ele não olhou em meus olhos.

- Tem um ninho para mim? - Questionou, olhando para os lados, para me evitar.

- Não. - Falei, me sentando. - Mas pode ficar com esse, ficarei com Braeden. - E fiquei de pé.

- Não precisa, eu... - Começou.

- Pode ficar. - Soltei rapidamente, e passei pela cortina que ligava a tenda rápido. Respirei fundo, perto do tecido que ligava os ambientes, ouvindo ele se deitar no ninho. Ele ficaria.

Olhei para frente, Braeden estava deitada ali, parecia dormir, havia espaço o suficiente pra mim. Com muito desconforto e medo de ser expulsa me guiei para o outro lado do ninho e me sentei devagar e me deitei devagar também, me ajeitando lentamente para não desperta-la.

Quando pude relaxar um pouco, ouvi a voz dela.
- Agora você dorme. - E foi isso.

Pela manhã eu despertei completamente amassada, o sono depois que me pegou, definitivamente me apagou.

Olhei a volta e Braeden não estava ali. Tudo em perfeito silêncio.

Sobre a mesinha havia uma bandeja com comida, mas havia algo no lugar onde Braeden dormiu, o livro vermelho e bonito. E preso a ele, um bilhete em uma letra oblíqua e bonita. O peguei rapidamente.

" Fomos atrás da flor junto as fadas, o jardim é fora do portal e você ficaria sem ar novamente. Se você não sair da tenda não será incomodada, então não saia e ficará segura. É uma ordem. E mantenha meu livro sempre a sua vista, até que voltemos. B."

Céus!

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E SAIU! Curtinho mas saiu❤
Ai esses seres mágicos e essa Grace, ai ai, vai VIR AI!

E claro, convidar vocês a ler Comum de Dois, a minha nova história que já está sendo postada em meu perfil!

Então, por agora é isso, logo volto com mais!

beijos

- cris

O que queima através de nós | LIVRO IWhere stories live. Discover now