11 | condições

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G R A C E

Depois que o Eric me instruiu sobre minha saúde, Chiara me ajudou a ir ao banheiro, depois que voltei a me deitar, ninguém sequer entrou no quarto. Provavelmente, porque Eric disse que era melhor que eu dormisse, pois precisaria recuperar minhas forças.

Eu até lutei contra o sono, mas ele acabou me tomando, acabei acordando, provavelmente muito tempo depois, ouvindo o movimento no quarto.

Abri meus olhos, vendo que Chiara colocava uma bandeja ao pé da cama.

— Finalmente a Bela Adormecida despertou. Eu já ia te acordar para comer! — Disse sorridente.

Arrastei meu corpo quente devagar sobre a cama, sentindo dor nele inteiro, para tentar me sentar, e consegui mesmo com todo desconforto.

Meu corpo estava suado, e eu sentia a necessidade de me banhar, mesmo que Chiara tenha feito um "feitiço de limpeza" quando cheguei, segundo ela, com terra até nos ouvidos.

O pijama que eu vestia era desconhecido, mas internamente rezei para que fosse Chiara ou Braeden que tivessem o vestido em mim.

— Obrigada de novo, pelo cuidado, por me deixarem ficar aqui enquanto estive desacordada. Prometo que irei assim que puder ficar de pé. — Não deixei de dizer.

— Relaxe. — Disse, e olhou para a bandeja e a pegou para trazer até mim. — Trouxe seu jantar.

Ela colocou sobre o meu colo, e era uma verdade absoluta eu estar faminta.

Na bandeja havia uma sopa com carne e legumes, que parecia deliciosa.

— Eric disse que era melhor você comer coisas leves, por hora. — Se justificou pela sopa.

— Parece deliciosa. — Elogiei.

— Tenha certeza que sim, Damian cozinha muito bem. — Comentou.

Ele cozinhava? Essa realmente me surpreendeu, ele não parecia o tipo de homem que cozinha. Na verdade, eu conhecia muitos poucos que faziam isso. Ian meu cunhado, cozinhava as vezes, fazia jantares para mimar Grazielle.

Olhei pra sopa, e se ele tivesse me envenenado? Mas afastei o pensamento. Verdade seja dita, eu estive a três dias desacordada, se quisessem me matar, e queimar meu corpo em seguida: teriam feito e ninguém os sancionaria.

Eu pouco importava, para todos. Ninguém iria sentir minha falta se eu tivesse morrido, pois não era importante pra ninguém.

— O agradeça. — Murmurei, dando uma colherada na sopa.

Céus! Estava muito boa. A melhor.

Não demorou que eu a tomasse toda, conversando com Chiara, que estava curiosa sobre eu ter fugido do casamento.

Era óbvio que Eric havia contado a eles. Deixando claro, que no Vale das Cinzas, não se fala em outra coisa.

— Você foi muito corajosa. E no seu lugar, teria feito o mesmo. — Disse, quando eu terminei de lhe contar tudo. — Nos assustou muito, quando Aurin trouxe você vestida de noiva nos braços até aqui. Cuidamos de você, mas só tivemos contato com Eric para te examinar, ontem pela manhã. — Contou, o que eu não sabia.

— Vocês foram meus heróis. — Falei grata — Mas agora não sei o que fazer... Meus planos foram por água abaixo por conta do acidente com o abernate. O navio só volta no próximo mês, e eu terei que voltar pra casa e aguentar as consequências. — Falei, realmente com medo.

— Ele vai te agredir de novo... — Ela disse. A olhei, como ela sabia?

— Como você...

— Aquele dia que você veio aqui, tinha hematomas no rosto. E o Eric acabou falando que a Lyra disse a ele, que você fugiu do seu pai e do Victor, provavelmente por conta das surras. — Contou que já sabia, então.

O que queima através de nós | LIVRO IWhere stories live. Discover now