2. pais problemáticos e uma mãe minimamente equilibrada.

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Ágata fez seu caminho para casa, esta que não ficava muito longe da escola

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Ágata fez seu caminho para casa, esta que não ficava muito longe da escola. A todo momento, seus pensamentos vagavam pelos garotos e a briga. Algo não fazia sentido. Ela entendia que qualquer pessoa com bom senso o faria, mas Logan e Ryan não eram lá o melhor exemplo. Seu coração estava apertado, não fazia ideia de como contaria para seu pai o ocorrido naquele corredor sem que o mesmo cometesse um homicídio.

Natan Dummont era com toda certeza um pai dedicado. Amava passar um tempo com sua filha, prezava por sua felicidade e faria de tudo para vê-la com um grande sorriso, embora os negócios da família o impossibilitassem de o ter com tanta frequência. Sendo um grande empresário, viajava muito a negócios. Marta, a mãe de Ágata, realmente era presente. Sua família era perfeita, no fim das contas.

No fundo, Ágata se sentia um pouco culpada por ter se fechado tanto. Seus pais eram o dia, ela era a noite. Claro que os amava, sentia isso demasiado. Apenas não sabia mais como se expressar tão bem como costumava fazer, sentia falta de como foi uma criança prosa e espontânea.

Ao chegar em casa, deparou-se com uma cena que lhe encheu o coração de felicidade: seus pais estavam na cozinha, rindo e conversando enquanto cozinhavam tranquilamente. Admirava o amor dos dois, embora achasse que o amor fosse apenas para algumas poucas pessoas. E ela com certeza não era uma delas.

— Papai! — Chamou-o. O homem não era muito alto, de fato. Sua pele negra tinha um tom canela. Seus olhos eram escuros, carregava consigo um sorriso singelo e cheio de saudade.

— Venha cá! — Abriu os braços, convidando sua filha para um abraço. Ágata movimentou-se e abraçou seu pai, apertando-o com força contra si. Natan depositou um beijo em seus cabelos. — Como você está?

O sorriso Ágata vacilou por alguns instantes e, pouco antes dela abrir a boca, foi interrompida por sua mãe:

— Eu também estou aqui, boneca. — Fez um bico teatralmente, fingindo estar com ciúmes. Ágata revirou os olhos e envolveu sua mãe em um abraço, recebendo um beijo na bochecha. — Como foi a escola?

Ágata ficou em silêncio. Seu pai deixou de cortar os tomates, sua mãe abandoou a panela e virou-se para a filha. Seus pais a encaravam, curiosos. Embora Ágata não fosse a pessoa mais falante do mundo, aquele silêncio não era normal.

— Aconteceu algo que eu precise saber? — Natan questionou, seus olhos cerrados transbordando preocupação.

— Mãe...pai... — Lembrou-se que trazia consigo o papel da advertência. Puxou sua bolsa para o colo, sentou-se na ilha e retirou o papel que jazia em sua pasta. Ergueu o braço e passou-o para seu pai, que junto à sua mãe, leu vagarosamente o conteúdo do papel. — Me desculpem... eu não queria que vocês tivessem que ir a escola...

— Qual o motivo da briga? — Natan a interrompeu. Sabia da filha que tinha, jamais se meteria em uma briga que não tivesse bons motivos.

— Hm... um garoto... bom.. um garoto me assediou. — Natan arregalou os olhos, igualmente a sua esposa. — Sabe, dai eu dei um soco na cara dele. — Ágata sorriu minimamente.

Petricor| RETA FINALWhere stories live. Discover now