Quarenta e quatro

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Joseph tinha pavor de água. Piscinas, praias e lagos eram coisas que ele preferia se manter distante, tudo isso porque nunca superou o fato de que a água levou a vida de seu pai e devolveu apenas um corpo para ser enterrado.

Joseph sentia pavor. Pavor de terminar daquela forma, da água o deixando submerso, subindo desde os seus pés até o topo da cabeça, e finalmente encontrando os seus pulmões. Arrancando a sua vida.

E, no entanto, outra coisa o apavorou ainda mais que isso no momento em que seus olhos capturaram a falta de reação do corpo de Megan; a ideia da água arrancando a vida dela, tomando o lugar do ar em seus pulmões e apagando o brilho dos seus olhos para sempre.

Foi insuportável e rápido, mas também durou toda uma eternidade. Joseph funcionou no automático a partir do momento em que impulsionou o seu corpo em direção àquela piscina e submergiu na água azulada e gelada.
As suas mãos buscaram desesperadamente por Megan e foram como imã até os seus ombros, agarrando-os com urgência como se a vida dele dependesse daquilo, e não a dela.

Joe não sentiu nada ao seu redor; só recobrou os sentidos quando estava no chão frio, tremendo pelos resquícios de água que o atormentavam e o medo que corroía seus ossos.

Buscou o máximo de ar que podia para seus pulmões nos segundos que usou para se recompor, então virou o seu corpo para encontrar o de Megan; ela estava tossindo, os seus olhos abertos e arregalados.

Viva.

— Megan! — sua voz estava trêmula e elevada, denunciando o seu desespero. Ele a segurou pelos ombros e a sacudiu — Megan, por favor!

— Joe... — ela disse o seu nome entre a tosse. O corpo da garota se movia para frente e pra trás.

Joseph apertou o seu ombro e ela tocou o seu peito com a mão livre, enquanto a outra ela mantinha em frente a boca. Megan tentou afastá-lo um pouco, tentou um pouco de espaço para recobrar a consciência. Contudo, ele não parecia disposto a abandoná-la. Os olhos de Joseph transbordavam preocupação e algo como pavor, a ruiva sentia os tremores que vinham através de suas mãos.

Ele estava mais frio que a água e o chão juntos.

A tosse parou, Megan engoliu a saliva com dificuldade. Ainda estava pálida e com os lábios sem muita cor.

— O que foi isso? — sua voz soou arrastada, sua garganta doía pela quantidade de água que acabou engolindo.

— Você está bem... — soprou. Joseph pareceu não ouvi-la, acariciou o ombro de Megan e afrouxou o aperto. Suas mãos subiram ao rosto da garota e o medo em seus olhos se suavizou  enquanto ele dedilhava os seus traços. Joe segurou ambas as bochechas de Meg, suas mãos se embrenharam no meio dos fios ruivos e molhados atrás da orelha. — Está viva. — a segunda frase pareceu a conclusão de um raciocínio, uma continuação para a primeira proferida.

— Eu estou bem, Joseph. Bem e viva — Megan tocou as mãos de Joe com as suas e as apertou levemente.

Joseph desceu os seus olhos vagarosamente para o toque da garota. De repente ele estava quente. O transe acabou...

— O que aconteceu? Porque estava daquela forma? Eu pensei que... pensei que você... — Joseph gaguejou, não conseguiu terminar aquela frase dolorida.

Petricor| RETA FINALWhere stories live. Discover now