prólogo

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Há boatos pelos corredores do Colégio Santa Mônica, alguns tão falsos e fantasiosos que se dissipam facilmente, contudo, outros carregam peculiaridade demais para passarem batido

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Há boatos pelos corredores do Colégio Santa Mônica, alguns tão falsos e fantasiosos que se dissipam facilmente, contudo, outros carregam peculiaridade demais para passarem batido. As más línguas insistem em cochichar por aí, proferindo palavras que nem mesmo sabem de onde vieram.

Mas, claro, sabem que nenhum boato nasce sem que em toda a história haja uma parcela mínima de verdade.

Há muitos anos, sussurros sobre uma antiga tradição de alguns garotos do time de futebol da escola são ouvidos pelo colégio. Existem muitas versões dessa mesma história, muitas pessoas diferentes que poderiam estar envolvidas e nenhuma certeza quando dizem.

A verdade? Bom, eu a conheço e posso contar a vocês.

Há três gerações atrás, três garotos que ocupavam o último lugar da hierarquia social do Santa Mônica tiveram seus corações despedaçados e dilacerados em frente a toda a escola. Foi um dia carregado de risadas maldosas e humilhações. Uma só aposta foi capaz de reduzir três imensos corações a nada. As garotas que o fizeram eram populares e símbolo de beleza no colégio. Eram deusas intocáveis, de alma podre e vazia de empatia e sentimentos bons.

Aqueles três adolescentes sentiam-se traídos, quebrados, havia tanto ódio correndo em suas veias no fim do dia, que eles prometeram num pacto ridículo entre amigos que teriam sua vingança. Não abandonaram os livros, muito pelo contrário. Ainda eram estudiosos, seus cérebros ágeis e as palavras se tornaram confiantes. Os suspensórios jamais voltaram a estar no lugar, o cabelo era regularmente cortado e os sorrisos... os sorrisos com certeza eram a marca daqueles caras. Brancos, alinhados e incrivelmente encantadores após uma piada ruim de algum professor.

Souberam bem usar esses mesmos sorrisos para as garotas que acabaram com suas esperanças pelo amor, tanto que logo elas estariam no mesmo lugar que eles estavam bem no início do ano letivo. Exatamente no lugar de quem seria humilhado. Elas não esperavam por isso, mas no baile de fim de ano, os garotos dóceis se transformariam em algo tão frio e insensível quanto o desamor pode causar. Elas sequer imaginavam que seriam o início de uma tradição suja e sem humanidade, onde corações seriam quebrados pelo puro prazer de vê-los sangrar.

A tradição que, passada de pai para filho, consistia em quebrar exatamente três corações durante o último ano do ensino médio.

A tradição que, passada de pai para filho, consistia em quebrar exatamente três corações durante o último ano do ensino médio

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Petricor| RETA FINALWhere stories live. Discover now