3. tons de Ryan Flynn e Joseph Smith.

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O dia sequer havia amanhecido mas Ryan já estava de pé

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O dia sequer havia amanhecido mas Ryan já estava de pé. Um pesadelo horrível lhe assombrara, fazendo com que qualquer resquício de sono escorresse por entre seus dedos. Levantou-se rapidamente da cama e correu pelos corredores da casa, rumando o quarto de sua pequena irmã.

Ellizabeth — ou Lizz, como costumavam chamar — era vítima da Leucemia Linfóide Crônica. A doença fora descoberta num estágio favorável. Com seus três anos ela fora diagnosticada num exame de rotina, e então, o pavor tomou conta da família Flynn. Foram horas sentados em frente ao médico e tendo explicações sobre como a doença funcionava. A LLC não era agressiva como as outras e, apesar de ser raro o seu diagnóstico em crianças, Lizz não seria tão prejudicada por isso. Ela era forte, mas o seu sistema imunológico estaria baixo demais para que os Flynn pudessem arriscar deixa-la para fora de casa ou em uma escola cheia de crianças e doenças. Os pacientes da LLC não passavam por quimioterapia ou tratamentos, não de imediato ou com a descoberta precoce da doença, isto era necessário apenas em casos extremos e de descobertas tardias. A LLC demora cerca de dez anos para se desenvolver, e durante este período, apenas exames regulares e remédios específicos serão necessários.

Apesar de não aparentar, ela era frágil, e isso fazia com que Marcus Flynn tivesse um cuidado triplicado com a filha e com o ambiente em que viviam. Marcus passou a ter um medo exessivo, puro pavor de qualquer coisa que pudesse, de alguma forma, trazer mal para sua filha. Os Flynn's não podiam mais passear com a pequena, escola estava fora de cogitação e tudo e qualquer coisa que chegasse em suas mãos deveria ser esterilizado.

Ryan tinha medo, pois o simples bater de asas de uma borboleta dentro daquela casa poderia levar de vez a sua irmã. Ele balançou a cabeça repetidas vezes em negativa, observando que a pequena dormia tranquilamente. Aproximou-se um pouco mais de sua cama e afagou seus fios dourados. Lembrou-se do horrível pesade-lo que o assombrou aquela noite onde ele e seus pais estavam num enterro.

Sua espinha gelou.

Inclinou-se e depositou um beijo casto na testa de Lizz. Uma lágrima solitária escorreu por seu rosto, seu coração se apertou. Dormir às vezes o levava ao inferno. Um sonho repetitivo, onde sempre acordava enquanto um caixão pequeno era cobrido por terra. Seus amigos o apoiavam, é claro. Mas não é como se soubessem de todo o tormento. Sequer imaginavam o que Ryan passava frequentemente quando chegava da escola e a casa estava silenciosa demais e corria por todo o lugar, preocupado com onde ela poderia estar ou se tocava algo que não deveria e que poderia lhe causar algum mal.

Ryan ficou observando Lizz dormir até constatar que devia se arrumar para a escola. O primeiro dia limpando as salas após as aulas se iniciara e, de certa forma, ele estava animado. Ágata estaria lá, afinal. Enquanto caminhava em direção ao banheiro, lembrava-se da expressão brava que Ágata tinha enquanto enfrentava Heitor - o qual tinha o dobro de seu tamanho. Parecia um pinscher raivoso.

Petricor| RETA FINALWhere stories live. Discover now