Cinquenta e Quatro

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Logan Marshall estava tendo mais uma de suas noites amargas. Doía exageradamente saber que Tóquio e ele dividiam a mesma casa, mas ainda estavam a quilômetros um do outro. Mas ele estava aceitando a dor como punição por suas atitudes ruins, mesmo aquelas com uma boas intenções, porque uma coisa não tem nada haver com a outra. O garoto apenas se limitaria a acabar com todas as garrafas de cerveja que podia até desmaiar em algum canto. O Logan do início do ano letivo acharia esse um fim terrível e nojento, e o Logan do final dele também, mas um conseguiu fingir ter forças e o outro já tinha se cansado disso.

O Marshall se ergueu para pegar outra cerveja. Estava preso em um estado mental onde ele não conseguia desligar, mas não pensava em nada realmente específico. O álcool já tinha consumido sua capacidade de raciocinar. Logan cambaleou até a cozinha onde o som estava abafado e onde Ryan tinha entrado e ficado desde bem cedo. O Marshall entendeu o porquê ao vê-lo rindo feito idiota para a garota com o cabelo trançado. Ela parecia mais contida, mas os seus olhos eram óbvios até para o cara de coração quebrado do outro lado do cômodo.

— Filho da puta sortudo — Logan resmungou quando os olhos de Ryan correram brevemente o seu rosto. Ele forçou os lábios para o loiro.

Ágata seguiu o olhar do Flynn e o congelou em Logan. Ela não sabia exatamente como agir, mas Logan estava bêbado o suficiente para expor como ficava feliz por Ryan ter conseguido ser menos idiota do que ele e Joseph. O Marshall exibiu um sorriso um pouco melancólico, mas ergueu a cerveja quase vazia que carregava, encorajando-os.

Ágata acabou erguendo os lábios de leve e acenando a cabeça. Logan era importante para o Ryan e, além do mais, seria cruel ser rude com alguém daquele estado. Ele realmente estava acabado. O Marshall sabia disso mais do que ninguém.

Ele fez os seus passos bêbados até a geladeira e retirou de lá não uma, mas uma caixa inteira de cerveja após abandonar a solitária que antes

estava em sua mão. Ryan pensou em ir até ele e ajudá-lo a se sentar e carregar a quantidade exagerada de álcool, mas Logan o olhou ameaçadoramente quando o Flynn fez menção.

Fique com a sua garota.

Aquele olhar era do tipo que apenas melhores amigos conseguiam ler. Ryan precisou se esforçar para concordar com o amigo e se manter no lugar. Logan tentou firmar os passos e sair logo do campo de visão do novo e chato Ryan-politicamente-correto. Por isso ele não perdoaria Ágata.

O Marshall buscou por Joe no sofá, mas não o encontrou. Aquela festa que já não fazia muito sentido antes fez menos ainda quando percebeu que estava sozinho. Ele olhou para a caixa de cerveja em sua mão, depois olhou ao redor para todas as pessoas. Ele não a viu, e a ideia bêbada de que Tóquio poderia estar com alguém o fez quase vomitar. Aquela festa acabou mesmo sem ter começado para ele.

Logan forçou o passo para sair imediatamente. Ele não ficaria nem mais um minuto dentro daquela casa. O garoto tinha tudo o que precisava; cerveja e o seu carro recém consertado para dormir até o dia seguinte quando desmaiasse de tão bêbado. Ele saiu pela porta da frente, onde Ryan não o veria. Contudo, o carro estava na parte traseira da casa, o que o obrigaria a atravessar o quintal. O garoto se esgueirou pela lateral da casa e chegou aos fundos. Lá também havia bastante pessoas, todas ao redor da piscina, mas em quantidade menor do que as espalhadas pela sala.

O Marshall cambaleou pela cerâmica, perigosamente perto da água e da borda da piscina, felizmente chegando ileso na calçada após pular a cerca branca que rodeava a casa. Lá estava o seu carro: debaixo da lua, ainda preto como o céu e impecável como se ele não tivesse tido nenhum surto. O incomum era apenas um cara de frente para ele, urinando na lataria recém pintada.

Petricor| RETA FINALWhere stories live. Discover now