Sinto a claridade invadir totalmente o meu quarto, o que me fez perceber que já era de manhã e também que eu havia esquecido de fechar a janela do meu quarto. Ódio. Pego meu celular da escrivaninha ao lado e vejo que recém são 08:17. Por sorte eu consegui pegar o turno da noite na faculdade. Só deus sabe o quanto eu odeio acordar cedo. Levanto em direção ao banheiro, faço minhas higiênes, tomo um banho demorado e coloco uma roupa qualquer. Me jogo novamente na cama, mas agora com meu notebook no colo. Dou uma olhada em alguns e-mails e paro em um que me chama atenção.
" Boa tarde Senhora Galvão, gostaríamos de lhe prestigiar com a grande notícia de que você acaba de ser aceita no curso-estágiario do escritório de advocacia Ferraz. Por favor, compareça hoje às 17:30h no escritório com seus documentos. Obrigada!"
Levanto da cama e desço as escadas rapidamente procurando a Nanda para contar para ela. Chego na sala e vejo que a maioria está dormindo ainda. Arthur continuava no sofá, enquanto Jade, Brayan e o Edu estavam atirados em uns colchões no chão. Vou até a cozinha e encontro as meninas fazendo café da manhã.
- Bom dia!! - Falei super animada, enquanto Nanda me olhava com espanto.
- Espera. - Nanda veio até mim e ficou tocando na minha testa.
- O que é isso Nanda? - Falei enquanto ria da mesma.
- To verificando se tu não acordou com febre.
- Por que eu estaria com febre Nanda? - Anna olhava para nós duas e ria da situação.
- A Nanda ta achando estranho tu acordar animada e eu também, pode começar a contar o motivo - a mesma seguiu falando, enquanto se sentava em volta da mesa e dava um gole em seu café.
- Então, lembram que eu comentei sobre um estágio de advocacia aquí na cidade? - As duas fazem sinal de sim com a cabeça. - Então, ACABARAM DE MANDAR UM E-MAIL FALANDO QUE EU FUI ACEITA!!- Dei um pulo de tão feliz que eu estava ao contar está notícia.
As duas vieram em minha direção e me abraçaram, o que fez eu me sentir confiante e menos nervosa. Eu conheço a Nanda a minha vida toda e conheço a Anna a uns três dias, e já amo as duas do mesmo jeito.
- Então, onde fica esse escritório? me conta tudo agora Maria Eduarda. - Nanda falava enquanto mordia um sanduíche.
- Eu ainda não procurei o lugar certo, mas fica no centro da cidade, o que é bom, por que fica perto.
- Existem varíos por essa área, qual o nome Duda? - Anna falava e me olhava atentamente.
- Escritório de advocacia Ferraz, é esse o nome, dizem que é um dos melhores. - Terminei de falar e vi a mesma começar a rir desesperadamente. - O que foi Anna Lívia?
- Sabe o que é Duda, é que assim... Esse é o escritório do meu pai. - a mesma terminou de falar e fechei a cara na hora.
- E o que isso significa?
- Significa que você vai trabalhar com o Brayan, pois ele trabalha junto com o pai dele nesse escritório, não é Anna? - ouvi Nanda falar e dei de ombros, revirando os olhos logo em seguida.
Não é possível que eu vou ter que aturar esse garoto até no meu ambiente de trabalho. Ignoro totalmente esse assunto e decido fazer um café, já que essa notícia horrível havia me deixado totalmente de mal humor. E eu amo café. Após alguns minutos na cozinha, o resto do pessoal acorda. Arthur vem e me dá um beijo na testa, enquanto os demais me dão bom dia de longe. Avisto o Brayan encostado na parede me olhando sem parar, o que me deixa mais irritada ainda.
- O que foi? perdeu algo? quer procurar aqui não? - O mesmo ri e se aproxima, botando a mão em cima da minha perna, o que faz eu lhe dar um tapa na hora.
- Ué, eu só to procurando o que eu perdi, Maria. - Bufo de raiva e me viro de costas para o mesmo.
- To sem paciência pra ti hoje Brayan. - Termino de falar e saio de perto do loiro, indo me sentar ao lado da Nanda. O mesmo fica me analisando de longe.
- Eu só quero saber quem vai fazer o almoço hoje. - Escuto o Edu falar e faço cara de negação. Eu odeio cozinhar.
- Nem pensem em contar comigo. - falei rapidamente enquanto mexia no celular.
- E muito menos comigo. - ouvi a voz de Jade e por um instante lembrei que ela ainda estava aqui.
- Eu não fui muito com essa garota não. - ouvi Nanda sussurrar e dei risada.
- Deixa de ser implicante Nanda, tu só ta assim por causa do Brayan. - respondi a mesma e revirei os olhos.
Após quase uma hora discutindo quem iria fazer o almoço, decidimos que a Anna e o Edu iriam cuidar das panelas, enquanto os demais deixariam a cozinha limpa depois. A Jade disse que ia ter que ir embora e o Brayan se ofereceu para levar a mesma, o que faz a Nanda ficar de cara fechada. Decido ficar na sala lendo um livro. Alí eu podia ter paz e sair desse mundo. Eu amo ler, talvez uma das poucas coisas que eu ainda ame.. hoje eu escolhi ler o meu livro preferido " Se permita amar", é sobre um romance na idade média que acabou dando totalmente errado. Após alguns minutos concentrada na leitura, sinto alguém sentar no braço do sofá e me fazer cafuné, só podia ser o Arthur, o que me faz soltar um riso.
- Eu não sabía que a marrenta gostava de um romance. - Ouvi a voz que eu mais odiava na vida e me levantei rapidamente.
- O que preciso fazer pra tu sair do meu pé Brayan?
- Pode parar de resistir a mim, já ajudaria morena. - o mesmo falava enquanto me olhava.
- Tu se acha demais? tu não é tudo isso não. - Falei enquanto cruzava os braços e encarava o mesmo.
- Qual foi Eduarda, eu to te pedindo um beijo, não to pedindo pra casar comigo, mina difícil ein. - Dei risada assim que ouvi o loiro reclamar.
- Pois eu digo não pros dois, passar bem. - Peguei meu livro e subi em direção ao meu quarto.
Me joguei em cima da cama e olhei a hora no celular, eram recém 11:47. Decido mandar uma mensagem para a minha mãe e contar a notícia.
Maria Eduarda: Oi mãe, eu sei que não mandei mensagem antes, eu to bem, não precisa se preocupar, eu consegui aquele estágio e to muito feliz, eu amo a senhora, beijos!! (11:49 AM)
Eu amo muito a minha mãe e to sentindo bastante falta dela, embora faça menos de uma semana em que nós nos vimos. Sinto falta de conversar e ter o abraço dela todos os dias, de fazer uma merda e saber que era pra ela que eu podia correr. Eu amo essa mulher... Fico mexendo em minhas redes socias por um tempo, até que a Nanda sobe para avisar que o almoço já estava pronto. Calço minhas pantufas e decido ir comer, pois eu estou faminta. Chego na cozinha e vejo todo mundo almoçando, pelo visto sou a ultima novamente.
- Eu espero do fundo do coração que vocês cozinhem muito bem, com cara boa isso aqui tá. - falei enquanto me servia, me sentando logo em seguida. Infelizmente entre o Arthur e o Brayan, já que era o único lugar.
- Ta tirando Maria, a minha mina cozinha pra caralho. - Ouvi o Edu falar e dei risada.
- Cozinho mesmo amor. - Anna terminou de falar e deu um selinho no Edu.
- Já podem parar vocês aí. - Nanda reclamava enquanto brincava com seu prato vazio.
Ficamos conversando por algum tempo, até que a Anna resolve falar para o Brayan que eu provavelmente trabalharia com ele. Faço careta para a mesma, tentando fazer com que ela parasse de falar, mas foi em vão.
- Então quer dizer que eu vou ser seu chefe? - O loiro falava enquanto sorria de canto.
- Não, tu não, o teu pai. - O mesmo deu de ombros e seguiu falando.
- Que horas eu passo aquí pra te levar? - Olhei com cara de espanto para o loiro ao meu lado.
- E quem disse que eu vou com você?
- Se não vai comigo, vai ir com quem Eduarda? - Olhei em volta e vi que todos nos olhavam, reviro os olhos em seguida.
- Tudo bem, eu aceito a carona. - falei em voz alta e dei um risada falsa. - Mas se tu tentar vir de gracinha, eu te bato Brayan. - sussurrei no ouvido do loiro para que só ele escutasse e o mesmo apenas sorri maliciosamente.
Assim que terminamos de comer, arrumamos a cozinha e os meninos decidem ir embora. Dou um abraço no Arthur e aviso para o Brayan me buscar as 16:30h, eu sabia que ele não ia me dar escolha, então acabei aceitando, afinal, uma carona não era nada. Subo para o meu quarto e decido dormir um pouco, fico pensando até pegar no sono.