— Fez merda! - Alec diz assim que conto o que houve no dia anterior.
— Pega leve. - Brian avisa.
— Ué, mas ele fez. - Ele insiste. — Sério, capitão, em algum momento você imaginou que ela só quis te poupar? Sei lá. Jura que você imaginou que a Charlotte, aquele anjo ruivo, pensou em te fazer algum mal?
— Não é isso. — Respondo, mal-humorado.
— Então é o quê? Só porque a garota se sacrificou por você ela virou uma santa? Do nada todos os pecados dela forma apagados?
— Você não entenderia. - Continuo sem esboçar nenhuma reação externa. Mas, por dentro, eu estava pensando em tudo isso.
— Você fez merda e espero que esteja ciente disso. - Alec termina e sai batendo à porta.
Brian se senta a meu lado e toca meu ombro.
— Não liga pra ele, cara.
— Você acha que eu fiz merda? - Pergunto e ele anui. — Eu surtei, cara. A minha história com Greta se sobressaiu a tudo que ela fez de ruim, a todos os dias que passei mal por causa dela... Eu senti a morte dela como se fosse alguém muito próxima a mim. E agora ela é parte de mim, pra sempre. Eu nunca vou conseguir esquecer.
— Ela se sobressaiu a Charlie pra você?
— O quê? - Olho pra ele sentindo meu coração acelerar.
— O ato dela fez você esquecer as coisas ruins que passou, mas fez você esquecer o que sentia pela Charlotte? - Abro a boca pra responder, mas eu mas continua. — Uma parte dela ser uma parte de você diminui tudo que a Charlie foi?
Engulo em seco e nego com a cabeça.
— Então você fez merda. - Ele conclui.
— Eu só não sabia o que fazer. Descontei minha frustração nela.
— Se redima, então.
— Não sei como. Agora, depois de tudo, sinto que não devo mais tentar. É como se já tivéssemos chegado ao final, e ele não foi como eu esperava.
— O capitão que eu conheço não desistiria da Nerd dele assim.
— Mas eu já não sou o capitão. Não cem por cento.
Ele se levanta e dá um sorriso fraco.
— Pro seu bem, espero que seja só uma fase.
(...)
Há alguns dias estou olhando a carta, sem um pingo de coragem para ler o que Greta tinha a me dizer.
Decidi fazer isto junto à seu túmulo. Então foi pra lá que dirigi na primeira hora da manhã.
O sol estava á pino e brilhava forte no azul celeste. Não haviam nuvens naquele dia. Ou seja, o clima do lado de fora não refletia o que eu estava sentindo por dentro.
Pensei em desistir quando não vi o dia nublado e cinzento. Mas eu já havia adiado demais e tinha que fazer aquilo.
Comprei algumas das flores que Greta mais gostava e depositei sobre seu túmulo.
Sentei em um banco branco junto a lápide e retirei a carta do bolso do meu paletó. Respirei fundo e abri o envelope. A caligrafia perfeita em tinta rosa estava lá, como em todas as cartas que ela me enviou durante nosso relacionamento.
"Gabe,
Gabe, seu nome deveria ser um adjetivo. Um elogio! Você é o cara imperfeito mais perfeito que eu conheci.
Eu acho que posso descrever como você está agora: sentindo-se culpado por algo que você não teve controle. Estou certa?
Consegue imaginar o que senti quando vi você tomar o meu lugar e ter sua vida correndo risco? Eu não merecia e sabia disso.
Tivemos nossos momentos e saiba que vou levar os melhores comigo. Você era o namorado perfeito e eu uma garota imatura que achava que era madura demais. Eu te devia um coração novo, afinal, sei que parti o seu.
Então eu podia fazer uma coisa boa na vida. Eu podia tentar me redimir de todo mal que fiz a você. E eu tentei.
Agarrei esta oportunidade pra deixar viver a pessoa que mais merece o melhor da vida.
Você não tem culpa, ninguém tem. Eu fiz o que precisava fazer.
Pensa assim: você fez o que achou certo ao se colocar no meu lugar. Eu também. Eu quis fazer algo bom e estou bem com isso. Então, se perdoa e me perdoa. Mas, principalmente, SE PERDOE!
Eu só gostaria de ver você, meu Gabe, dono dos clichês, tendo seu final feliz. Sabe que eu já imaginei esta cena?
Eu gostaria de estar presente em seu casamento com a Charlie, ver os filhos de vocês crescendo, ver vocês envelhecendo juntos. É difícil admitir, mas vocês formam um perfeito casal de clichês e eu fico imensamente feliz por terem se encontrado. Não se percam!
Sei que de alguma forma estarei com vocês pra sempre. Desta vez de uma forma boa, juro! E, também, somente pra ver a felicidade de vocês e ser feliz com isso.
Sinto muito todo mal que causei. Eu faria diferente se tivesse chance.
Ps.: um final feliz de clichê tem que ter O pedido de casamento. Vamos lá, capitão, nos surpreenda!
Pra sempre, Greta."
Terminei de ler a carta e meus olhos inundaram-se. Dobrei o papel e o devolvi ao bolso. Limpei as lagrimas e me abaixei próximo ao túmulo. Eu sentia como se ela tivesse lá e me ouvisse.
— Erramos. Mas fizemos nosso melhor. Eu te perdoo, Greta. Obrigado por ter me feito feliz e pela chance de viver. Ps.: Eu vou surpreender, isso é uma promessa!
Sorrio e me levanto ainda olhando para os escritos da lápide. Coloco as mãos no bolso, respiro fundo e me viro para ir embora.
Meus olhos encontram a nerd parada próximo ao túmulo. Ficamos os dois, em silêncio, apenas nos encarando. Ela não esconde a surpresa e, muito menos, as lágrimas que descem pelas maçãs de seu rosto corado.
— Charlotte. - Sorrio de lado.
— Gabe. - Ela não sorri.
— Você está bem? - Pergunto e ela anui sem tirar os olhos de mim, mantendo sua expressão assustada. — Que bom. Se me dá licença...
Ela se afasta e eu vou embora. Sorrio quando ela não vê, até porque, eu tinha uma surpresa pra preparar.
Oi gente,
Greta tem razão, Gabe deveria ser um elogio.
Ai meu Deus, não estou pronta pra este final. Mas é a vida!
Lembrem da estrelinha que me deixa muito feliz! Espero que tenham gostado do Cap.
Amo vocês.
Beijos, S. 💗