Muitas vezes as pessoas realmente acreditam que a grama do vizinho é mais verde.
Acreditam que a vida do outro é inúmeras vezes mais fácil, que a própria.
E até acreditam que de fato com dinheiro não é possível ser infeliz.
Mas será mesmo que tais comparações e declarações, de fato são verdade?
Bem, provavelmente em alguns casos sim, se levarmos em conta que um jardim regado obviamente será mais verde. Ou se acreditarmos que uma família sorridente é sinônimo de felicidade.
Contudo, não poderíamos aplicar essas analogias a família Min, que apesar de ser uma das mais influentes de Daegu, e agora de Seul, estava em sua milionésima discussão quanto o futuro do filho do meio, Min Yoongi.
- Você está castrando demais o nosso filho, Sayori! - o senhor Min exclama exausto pelas cobranças da mulher sobre o filho.
- Não estou "castrando" nosso filho, estou apenas trazendo as consequências dos atos impensados dele, para a conversa. - a mulher declara levemente alterada - Já estou farta de ver as notas dele indo para o ralo, eu exijo que ele se forme como o primeiro da turma. É o mínimo depois de ter tido tanto trabalho, criando esse garoto!
Ah, você deve estar se perguntando o motivo do não pronunciamento de Yoongi, estou certa?
Bem, o jovem Min já estava acostumado com os escândalos de sua mãe, e por mais que ele odiasse cursar direito, Yoongi apenas o fazia para agradar sua mãe, que sempre deixou claro seu desejo por ter um filho advogado. E talvez ele estivesse farto de sempre fazer o que os outros querem, e nunca o que ele realmente quer.
Era exaustivo ser cobrado por tudo, e nunca ter o direito de se pronunciar quanto ao próprio futuro. E talvez ele já estivesse farto de tudo isso, mas isso é um sonoro talvez.
- A senhora não pode projetar no Yoon seus sonhos frustrados, omma. - Dong-yul fala seriamente ao perceber o desconforto do irmão.
- Como é Dong-yul? - a mais velha fita o filho com uma feição extremamente rígida.
E era visível que se daria início a uma briga sem fim naquele momento, e buscando evitar um café da manhã ainda pior, Yoongi se pronuncia pela primeira vez naquela manhã.
- Já chega! - o loiro exclama se pondo de pé - Se a droga das minhas notas são o problema, não se preocupe omma, vou melhorar isso. Agora se me dão licença, tenho que chegar mais cedo para o treino do time.
E sem qualquer resposta, o jovem se retira da sala de jantar, não tardando em seguir para garagem onde após adentrar seu carro, saiu em uma velocidade exagerada. E até perigosa para um dia chuvoso.
[.....]
Já do outro lado da cidade se encontrava HyeMin, que após correr por longos e exaustivos minutos, agora observava o céu acinzentado daquela manhã.
A morena sentia os primeiros pingos de chuva lhe acertarem a face, e relutava em sair da ponte onde se encontrava. Em sua mente inúmeras coisas gritavam, desde sua estúpida recaída ao se cortar na noite anterior, até a forma como fez Taehyung ficar preocupado com ela.
HyeMin sempre odiou deixar as pessoas preocupadas, ela sempre sentiu que era sua obrigação tranquilizar a todos a sua volta, mesmo que isso significasse manter um sorriso doloroso em seus lábios, além de uma falsa porém bem ensaiada atuação de "garota feliz".
Mas olhando para os quase 3 anos em que se manteve falsamente feliz, falsamente tranquila e falsamente satisfeita com a solidão, HyeMin se deu conta que durante todo esse tempo sua vida tinha sido uma mentira.
Ela sorria diante as pessoas, pois chorar era uma atitude de gente fraca.
Ela era simpática mesmo sendo extremamente tímida, porque sua mãe lhe ensinou ser uma "boa garota".
Ela nunca contava suas dores, porque não queria ver a pena nos olhos das outras pessoas.
Ela sempre disse sim, porque não queria ser odiada por dizer não.
Ela sempre foi a ouvinte, porque sabia que não a escutariam mesmo que ela implorasse.
- Tudo se resumiu aos outros... nunca foi sobre mim... - ela sussurra para as águas gélidas abaixo de si - Nunca chore... nunca reclame... nunca seja tímida demais... nunca seja você mesma Park HyeMin... porque você é tudo de errado.
Talvez alegar isso naquela manhã chuvosa, fria e solitária tenha sido uma idéia ruim. A verdade é que nunca sabemos o que nossa mente pode nos levar a fazer, ainda mais quando já não encontramos qualquer sinal de salvação, qualquer sinal de esperança de dias melhores.
HyeMin observou como estava a uma altura razoável naquela ponte, e sentiu sua barriga gelar. Sim, ela queria pular, ela queria acreditar que aquilo acabaria com todos os seus problemas, que aquilo acabaria com todas as suas dores.
Mas... ela não tinha coragem.
Ela acreditava que alguma coisa poderia acontecer em sua vida, e talvez esse pensamento a tenha levado a grunhir baixinho diante sua "falta de coragem", quando tudo que ela precisava fazer, era simplesmente pular.
- Por que eu não consigo fazer isso?! - ela perguntava ao vazio diante de si, e acabou se assustando com o som alto de um trovão.
E bem ali a coisa mais clichê que poderia acontecer, de fato aconteceu.
Em baixo de uma chuva torrencial extremamente forte, HyeMin riu pela ironia da vida ao unir uma garota triste, com uma chuva desnecessariamente forte.
Ela mal conseguia enxergar o caminho para retornar à faculdade, quando ouviu uma buzina muito próxima de si, e logo o som de um carro parando abruptamente foi escutado pelas poucas pessoas que ali estavam.
E então, um corpo bateu contra o capô do Masserati preto, não demorando para rolar até o chão.
........
Ele queria ter freado a tempo.
Ele fez de tudo para não atingir a morena, mas infelizmente sua velocidade exagerada, e a pista molhada resultaram em um acidente, onde a mais prejudicada foi de fato HyeMin.
Yoongi andava de um lado para o outro, sentindo o nervosismo tomar conta de cada pedacinho seu. O Min nunca havia se envolvido em um acidente antes, e talvez ter visto a Park desacordada diante do seu carro, o tenha feito entrar em pânico tanto pelo estado da jovem, quanto pelo que viria sobre ele quando os pais deles chegassem ao hospital.
Já haviam se passado quase duas horas desde a chegada de ambos ao local, e mesmo que ele estivesse com alguns machucados em seu rosto após o impacto com o volante, Yoongi sequer lembrava de sentir dor, ele só queria ter alguma notícia do estado da Park.
- Filho?! - a voz do senhor Min pode ser ouvida ao longe, e logo Yoongi se volta para trás tendo seu pai preocupado vindo em sua direção.
- Appa... eu tentei evitar, mas a pista estava molhada e... - o loiro buscava se explicar, mesmo sabendo que naquele momento seu pai só queria ter a certeza de que ele estava bem.
- Vai ficar tudo bem meu filho, vai ficar tudo bem. - o mais velho logo abraçou o filho tentando acalmar antes de mais nada a si mesmo.
E no meio daquele abraço uma voz alterada, e banhada em desespero ecoou pela sala de espera, fazendo o Min mais novo gelar diante tamanha fúria.
- EU QUERO SABER COMO A MINHA FILHA ESTÁ! - uma mulher gritava tentando ser acalmada por um homem, que ambos julgavam ser seu marido.
- Senhora por favor tente se acalmar, o doutor Byun logo informará o estado da paciente Park. - a enfermeira gentilmente buscava informar os procedimentos a mulher, mas infelizmente parecia em vão julgando pela cara que a mesma fez.
- Escuta aqui... - ela estava prestes a levantar a voz outra vez, mas ao ouvir chamarem o nome de sua filha, ela apenas virou a cabeça para a direção do médico que buscava pelos responsáveis da paciente.
- Responsáveis pela paciência Park HyeMin? - o médico de aparecia tranquila baixou os óculos buscando pelos responsáveis, e logo teve diante de si a mulher de feição aflita.
-Como a minha filha está? - ela perguntou segurando no braço do médico.
- A paciente teve algumas escoriações, machucados superficiais e acabou fraturando a perna esquerda. - o médico informa observando o prontuário - E ela acabou deslocando o ombro direito.
- Meu Deus... como uma coisa dessas foi acontecer com ela? - a mulher parecia em choque, e acabou tendo de ser amparada pelo marido antes que fosse diretamente ao chão.
-Enfermeira me ajude aqui! - o médico pede as presas, logo colocando a mais velha em uma das cadeiras, e lhe entregando um calmante.
E durante todo esse tempo, Yoongi sentia o peso absurdo da culpa cair sobre seus ombros. Ele acreditava que se não estivesse indo tão depressa, e com a mente tão cheia, nada disso teria acontecido.
- Isso tudo é minha culpa.. - o loiro declara baixinho para o pai, e acaba sentindo seus pequenos olhos arderem.
- Não Yoon, você não teve culpa. A pista estava molhada, nem mesmo o melhor motorista poderia frear a tempo naquela situação. - o mais velho aperta o ombro do filho, na tentativa de acalmá-lo.
- Foi você não foi? - uma voz aparentemente calma atraiu a atenção de pai e filho - Você foi o motorista irresponsável que atropelou a minha filha, não foi?
O senhor Park fulminava o jovem Min, a medida que o jovem recuava alguns passos intimidado pelo olhar do mais velho.
- Ouça, não acuse meu filho antes de saber o que aconteceu. - o senhor Min busca manter a calma no ambiente - Poderíamos conversar um instante?
- Está bem, mas vou logo avisando que você garoto, será responsabilizado por isso. - o senhor Park avisa antes de seguir para a cantina do hospital com o pai de Yoongi.
O jovem suspira parcialmente fraco diante aquela situação, e observa que a senhora Park já não estava mais por perto, o que para ele significava que a mais velha tinha sido levada para algum quarto, para poder se acalmar melhor a base de remédios.
E então ele se deixa cair no banco daquela sala, completamente preocupado e exausto.
- Merda Yoongi, como você foi tão irresponsável? - ele pergunta a si mesmo, e sente seu celular vibrar em seu bolso - O que foi?
- Aigo, falar alô não iria te matar sabia? - a voz de JaeBum ecoa do outro lado, fazendo o Min revirar os olhos.
- O que você quer JaeBum? - o Min pergunta sem muita paciência.
- Você está atrasado quase três horas para o treino, pode me dizer o motivo? - Yoongi acaba levando a mão a testa, e solta um "droga" antes de responder ao amigo.
- Olha JaeBum, eu tive um contratempo e não vou pra faculdade hoje. Avise ao pessoal que depois eu compenso. - ele decide não contar sobre o acidente, pelo menos até saber o que iria acontecer com ele por conta disso.
- Está tudo bem? Você nunca perde um treino, ou falta a faculdade. - o loiro apenas suspira antes de resmungar qualquer coisa, não tardando em desligar o celular, após avistar o médico de minutos atrás.
- Com licença, eu poderia ver a paciência HyeMin? - o jovem pergunta abordando de forma desajeitada o médico.
- Acaso é da família? - o mais velho questiona curioso.
- Bom... somos colegas de faculdade, e eu meio que.. fui o culpado do acidente. - o Min confessa sem jeito, e coça a nuca um pouco desconfortável.
- Você não poderá ficar muito tempo, ela provavelmente estará sob o efeito da anestesia, então procure ser breve. - o médico pede e obtém a afirmativa do loiro.
.......
Diante a porta de número 601, Yoongi respirou fundo algumas vezes antes de abrir gentilmente a mesma, tendo a visão de uma HyeMin um pouco atordoada. Ele caminhou lentamente até a cama onde ela estava, e assim que se viu há poucos centímetros da morena ele recebeu seu olhar levemente confuso.
- Yoongi? O que faz aqui? - ela observa os machucados na face do jovem, e leva seu olhar aos seus próprios machucados - Ah meu Deus.... me desculpa Yoongi.
O pedido da jovem acaba por deixar o Min confuso.
- Por que está se desculpando? - ele pergunta deixando sua cabeça pender para a esquerda.
- Eu provavelmente acabei amassando o seu carro.. e se meus pais já estiverem aqui, acredito que tenham sido muito rudes com você. - ela explica acabando por fazer o Min franzir o cenho.
- HyeMin eu acabei quebrando sua perna, deslocando seu ombro e te deixando com inúmeros hematomas. Então como pode estar se desculpando comigo? - ele pergunta fitando os olhos castanhos dela - Eu quem deveria estar pedindo desculpas, por minha culpa você está aqui agora.
- Aniya! Se eu estivesse na faculdade como tinha de ser, provavelmente não teria me atropelado. Então... está tudo bem, eu só estou um pouco quebrada. - a Park declara dando um pequeno sorriso, algo que deixou Yoongi ainda mais confuso.
- Acho que você bateu com a cabeça, porque não é normal alguém se culpar pela própria desgraça. - ao declarar isso o Min não percebe a porta do quarto sendo aberta, tendo agora uma senhora Park séria.
- O que esse garoto faz aqui? -ela pergunta encarando Yoongi.
- Omma ele só veio se desculpar, e...
- Desculpas não vão mudar o fato de você estar com ossos quebrados, e o corpo repleto de machucados. - a mais velha fala friamente e encara o loiro - Saia daqui, já foi o suficiente ter feito isso com ela.
- Omma por favor, não seja tão grosseira. - a mais nova pede mas logo sente a mão de Yoongi tocar seu ombro.
- Tudo bem, a sua mãe tem o direito de estar com raiva de mim. - ele fala triste e volta seu olhar para a mais velha - Eu sinto muito ter ocasionado tudo isso a sua filha, mas quero que a senhora saiba que irei arcar com todas as despesas da HyeMin, pois é o mínimo que posso fazer.
- Ainda bem que sabe disso. - a mais velha fala indiferente, e logo abre a porta para ele sair.
- Espero que melhore logo HyeMin. - ele se curva para a mais velha e logo sai do quarto.
E sem mais qualquer demora, a senhora Park segue até a filha buscando saber como ela estava, afinal por mais que ambas vivessem um pouco afastadas, era nítido nos olhos da mais velha que HyeMin era o que ela mais amava na vida.
Assim como a mais velha era tudo para a morena. E no meio de inúmeras perguntas sobre como aquele acidente ocorreu, o senhor Park entra no quarto com uma feição preocupada, optando por falar outra hora o que havia conversado com o senhor Min.
..........
Olá jujubinhas como estão ?
Nhaa eu não sei vocês, mas eu gostei desse capítulo. Deixei tantas pequenas dicas nele, tantos pontinhos interessantes 😌☕.
Desculpem os erros.
Bjs amo vocês, e não desistam de mim 💙 💜.