1994 - A canção Memória ocult...

By comeasyouareleh

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☆ Livro 1 da série Privilegiados: Memórias Ocultas Enviada para passar as férias de verão na casa d... More

Playlist 🎸
Aviso!
Prólogo
Capitulo 1
Capitulo 2
Capitulo 3
Capitulo 4
Capitulo 5
Capitulo 6
Capitulo 7
Capitulo 8
Capitulo 9
Capitulo 10
Capitulo 11
Capitulo 12
Capitulo 13
Capitulo 14
Capitulo 15
Capitulo 16
Capitulo 17
Capitulo 18
Capitulo 19
Capitulo 20
Capitulo 21
Capitulo 22
Capitulo 23
Capitulo 24
Capitulo 25
Capitulo 26
Capitulo 27
Capitulo 28
Capitulo 29
Capitulo 30
Capitulo 31
Capitulo 32
Capitulo 33
Capitulo 34
Capitulo 35
Capitulo 36
Capitulo 37
Capitulo 38
Capitulo 39
Capitulo 41
Capitulo 42
Capitulo 43
Capitulo 44
Capitulo 45
Capitulo 46
Capitulo 47
Capitulo 48
Capitulo 49
Capitulo 50
Capitulo 58
Capitulo 51
Capitulo 52
Capitulo 53
Capitulo 55
Capitulo 54
Capitulo 56
Capitulo 57
Capitulo 59
Capitulo 60

Capitulo 40

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By comeasyouareleh

 We haven't spoke since you went away

Comfortable silence is so overrated

Why won't you ever say what you want to say?

Even my phone misses your call, by the way

Harry Styles - From The Dining Table


DORIAN

   Os meus olhos estavam fixos no noticiário da tv da sala de espera, embora a minha mente matutava as possibilidades de fugir. Eu me sentia vulnerável, fraco. Não estava pronto.

Respirei fundo e me virei para o homem otimista sentado ao meu lado.

— Roger — sussurrei, percebendo a recepcionista olhando para nós.

— Hum?

— Eu pensei melhor.

— Sobre?

— Não sei se consigo fazer isso.

Eu fiz menção em levantar, mas Roger me empurrou de volta na cadeira.

— Você nem entrou.

— Foi uma péssima ideia. Podemos ir?

— Você acha que vai ser julgado ou algo assim?

— Eu só não quero, tá bom? Como é que eu vou me abrir sobre a minha vida para uma estranha?

— Você não é obrigado a falar tudo. Não assim logo de cara. Não é assim que a terapia funciona.

— Dorian Leduc? — A recepcionista chamou a nossa atenção. — A dra. Emma está esperando.

Eu não consegui me mexer.

— Olha, eu não vou te impedir de ir embora. Mas pense no seguinte, você não tem muitas opções. Se decidir sair, sabe que haverá monstros te esperando do lado de fora. Essa é a chance de tentar entender tudo.

— Mas...

— Leve isso como uma experiência. Se você não se sentir bem com isso, eu juro que vamos encontrar outro jeito.

— Dorian Leduc? — A mulher insistiu.

Então eu fui. Emma estava sentada atrás da sua secretaria numa sala com ar acolhedor. Aparentava pertencer a casa dos quarenta com seu rosto simpático cheio de marcas expressivas, usando um vestido elegante azul e o cabelo afro solto.

— Boa tarde, Dorian! — Sorriu acolhedora.

Clareei a garganta.

— Boa tarde.

— É um prazer conhecê-lo. — Ela levantou e ergueu a mão. — Como já deve saber, eu sou Emma. Roger me falou muito sobre você.

Aceitei o cumprimento e forcei um sorriso.

— O prazer é meu.

— A terapia é simples. Você pode fazer o que quiser. O tempo é todo seu. — Ela se sentou na cadeira espaçosa e apontou para o sofá de couro. — Por favor, fique à vontade.

Eu me sentei e fitei o teto por incontáveis segundos. Por que isso tinha que ser tão constrangedor?

— Quero que saiba que você não precisa falar nada que não queira, mas eu preciso que você tente colaborar quando se sentir pronto. Aqui não há julgamentos, preconceito ou qualquer falta de ética. Tudo o que disser ficará preso dentro dessas quatro paredes. Apenas aqui, jamais lá fora.

E então ela começou a fazer perguntas. Quantos anos tem? O que você faz? O que gosta de fazer? Perguntas aleatórias que, de início, pareciam inofensivas, mas estavam cavando fundo. Ela queria enxergar através de mim, sempre educada, sempre gentil. No entanto, nunca consegui aprofundar nas respostas.

Fiquei calado e petrificado no sofá enquanto a imaginação criava a imagem da expressão da terapeuta caso soubesse; olhos horrorizados pela história do garoto amaldiçoado. Ela provavelmente diria algo reconfortante quando, na verdade, estaria se perguntando por que uma mulher teria gerado alguém como... ele.

— Dorian, você ouviu o que eu disse? — Emma me tirou do devaneio. — Você está bem? Parece pálido...

— Não posso fazer isso...

— Não pode?

— E-eu... — Levantei em um rompante. — Eu preciso ir.

Dra. Emma ficou decepcionada, porém assentiu compreensiva. Ela se despediu com um aperto de mão e uma frase encorajadora para voltar. Eu duvidava muito... Não havia o inferno que me faria começar a falar das minhas fraquezas. Pelo menos não naquele dia.

— Mas já? — Roger levantou da cadeira. — O que aconteceu? Tudo bem?

— Eu quero ir para casa.

— Certo. — Assentiu prontamente.

A musiquinha que ecoava no elevador parecia zombar do momento. Trinquei a mandíbula para me impedir de quebrar, mas meu rosto inteiro se contorceu. Roger foi legal o suficiente desviando o olhar.

Saímos do edifício e caminhamos até o carro. Sentei no banco do carona, tentando recobrar a respiração. Roger ficou calado.

— Por quê? — sussurrei. — Por que tiraram isso de mim?

— O quê?

— O meu pai... Por quê, Roger? — Tirei o gorro da cabeça e esfreguei o cabelo, impossibilitado de lidar com toda a situação. — Não consigo aceitar isso. Não consigo aceitar a ideia de não ser filho dele. Ele era tudo para mim, e agora? Me roubaram tudo.

   A perda de Richard com suamorte me despedaçou. Então esta era outra perda. Uma perda maior, porque nãoser o filho dele era como se eu me perdesse também.

— Você sabe que Richard ainda é o seu pai, certo? O sangue dele pode não correr em suas veias, mas ele é o seu pai. — Roger soltou um suspiro pesado e colocou a mão no meu ombro. — Pai é quem cria, Dorian. E nós sabemos o grande homem, grande amigo e grande pai que ele foi. Ninguém pode tirar isso de você.

Mordi o lábio e assenti, piscando depressa para conter as lágrimas.

— Desculpa por hoje. Eu não consegui falar e...

— Você se saiu muito bem, garoto.

Olhei para ele.

— Eu me saí?

— Você entrou lá e isso foi um grande passo. Estou orgulhoso de você. — Roger acenou, me encorajando. — Vamos para casa, tudo bem?

Ele ligou o carro e nos tirou do acostamento. 

***

  Encontramos Jhonny conversando com Chloe no sofá da sala.

— O que você está fazendo aqui? — Roger jogou seu chaveiro de chaves em cima da cômoda, nada feliz.

— Eu queria saber do Dorian...

— Não estava dando em cima da minha filha, certo?

— Não.

Jhonny sorriu, Chloe se mexeu desconfortável e Roger foi até a cozinha.

— Roger é muito pilhado! O que a Chloe vai pensar a meu respeito? Fala para ela como eu sou, Dorian.

— Um mulherengo, tonto, desbocado. Não vale nada.

Ele colocou a mão no peito. Chloe riu.

— Esse idiota não foi abusado contigo, né?

Não que Jhonny fosse do tipo idiota com as garotas.

— Não! — Chloe empurrou uma mecha para trás da orelha. — Ele estava apenas conversando comigo.

Chloe corou. Pronto, ela gostou dele. Eu já conseguia sentir o cheiro de desastre no ar.

— Está vendo? Você sempre pensa o pior de mim. — Jhonny se levantou. — Isso machuca o coração de um homem digno como eu.

Chloe riu. Jhonny sorriu triunfante e foi atrás do Roger.

Desastre não, uma catástrofe.

— Ele não ficou te perturbando mesmo, né?

— Já disse que não. — Chloe revirou os olhos e depois virou subitamente para mim. — Você está preocupado comigo?

— Puf! Como assim? — Enruguei o nariz.

— Que bonitinho!

Ela beijou a minha bochecha. Fiquei desconcertado. Era fácil entender porque Roger era tão protetor com a filha. Chloe doce, gentil, sempre pronta para trazer cor a qualquer lugar sombrio.

— Não se preocupe! O seu amigo foi gentil comigo, embora ele seja bem... assustador.

— Ele só parece assustador.

Ela refletiu por um momento.

— E a garota da foto?

Franzi o cenho.

— O quê?

— Eu te ouvi hoje de manhã no telefone.

— Não sabe que é feio ouvir a conversa alheia?

— Não tenho culpa se as paredes daqui são muito finas. — Ela encolheu as pernas no sofá e me encarou curiosa. — Vai lá, Dorian. Me conta sobre ela!

— Não. E fique sabendo que estou me sentindo violado.

— Em minha defesa, eu nem ouvi toda a conversa.

— Ah não?

— Eu coloquei os fones de ouvido depois do "seria egoísmo da minha parte se eu dissesse que precisava ouvir a sua voz?" — Chloe tampou a boca para abafar um risinho, como se estivesse falando sobre seu romance literário preferido. — Foi tão fofo a forma atrapalhada que você falava com ela. Estava tímido e ficava sem palavras. Você gosta dela.

— Eu pensei que tivesse dito que não ouviu toda a conversa...

— Mas se você gosta dela... — continuou. — Por que estão separados?

— Meu Deus, você não cala a boca nunca?

Chloe gargalhou.

— O que quer saber? Não estamos juntos.

— Mas você tem uma Polaroid dela entre suas coisas. E estava sorrindo como um idiota no telefone. — Inclinou a cabeça. — Por que não vai atrás dela?

— Porque eu não quero.

— Por quê?

— Porque eu não tenho cabeça para isso agora. Eu estou cheio de problemas, fodido! Além disso, ela mentiu para mim. Depois de prometermos um para o outro, ela mentiu.

— Uma mentira grande?

— Sim, uma mentira grande.

— Às vezes precisamos entender o outro lado da pessoa. Talvez ela teve seus motivos, não acha?

— Motivo algum pode justificar uma mentira. Eu cheguei a achar que ela fosse minha... melhor amiga.

— Então por que não faz a si mesmo a seguinte pergunta? — Chloe colocou uma macha loira atrás da orelha e me encarou seriamente. — "O nosso relacionamento é maior que um grande erro"? Se a resposta for sim, então você precisa ir atrás dela.

   Eu seria um grande mentiroso se dissesse que não sentia falta dela. Seus lábios em formato de coração, seu cheiro, as respostas ríspidas e a teimosia. Droga, eu sentia falta até das brigas bobas que sempre terminavam em sexo de reconciliação. Pensava no corpo dela tão obcessivamente ao ponto de andar na rua e imaginar estar fazendo amor com ela...

Abanei a cabeça, tentando me livrar de tais pensamentos. Angel merecia alguém melhor. Alguém que não fosse quebrado e herdeiro de um passado tão sujo. Ela só merecia alguém que jamais colocaria uma nuvem negra sobre sua cabeça. Ela merecia mais. Muito mais...

— Por que está tentando me convencer a procurar por ela, Chloe?

— Não gosto de ver você definhando enquanto olha para a foto dela.

Meu rosto queimou.

— Você fica bisbilhotando o tempo todo ou eu que sou óbvio demais?

— A segunda opção serve. Liga para ela.

— E dizer o quê?

— Que a ama?

Abaixei o olhar para o chão, desconfortável.

— Eu...

— Você já disse para ela que a ama, certo?

— Bem... teve uma vez que... Um dia eu estava... — Bufei, sem saber exatamente o que dizer.

Chloe ofegou muito ofendida. Até franziu a testa para mostrar a sua indignação.

— Você é um idiota. Como assim você nunca disse? É importante!

— Angel não liga para essas coisas.

— É claro que liga! Pegue o telefone e ligue para ela.

— Não, não vou ligar.

   E saí da sala pisando duro, caso contrário enlouqueceria com as intromissões de Chloe. Não ligaria para aquela garota maldita com rosto de anjo nem sob tortura! Angel Levi colocou um mar inteiro entre nós. O certo era continuar navegando para longe.

Parei no batente da porta da cozinha quando ouvi sussurros de Jhonny e Roger.

— Ainda não conversei com ele sobre isso. Não quero pressionar, sabe? Isso tudo está sendo muito difícil para ele.

— Sam disse que Angel estava muito nervosa no telefone.

Meu coração acelerou.

— Aconteceu alguma coisa? Ela parecia calma quando liguei para ela hoje de manhã.

— Angel foi para Londres e pediu para ninguém contar para ele.

— Como assim? Ela foi embora?

— Não sei. Parece que o avô faleceu.

Arfei, tropeçando para trás. A minha mente começou a rodar e o meu primeiro impulso foi andar na direção do quarto, pensando no que havia acabado de ouvir. O avô da Angel? Morto?

A imagem de Angel em prantos me veio à cabeça. O pensamento de ela estar sofrendo sozinha, distante em um momento como esse, foi o suficiente para deixar minhas pernas trêmulas.

Tirei o celular do bolso e procurei seu nome na lista de contatos. Queria abraçá-la para que a dor não fosse tão cruel. Queria beijá-la para mostrar que, independentemente do que aconteceu entre nós, nunca a deixaria passar por isso sozinha.

— Vai, Angel. Vai, atende! — Puxei os cabelos entre os dedos. — Por favor, é só atender!

Desespero começou a correr através de mim quando caiu na caixa postal pela décima vez.. 

  *** 

Alguém aí?

Rosas são vermelhas, Violetas são azuis

Angel desaparecida e Leduc só Jesus.

Não se esqueçam de votar. Cada voto é um incentivo para Dorian ir atrás da Bonequinha do mau.  ♥


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