O Pecado Mora Ao Lado

By ardillabicolor

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Alfonso sempre foi um playbozinho quando adolescente; no colégio, o mais popular, o mais bonito, o menos aces... More

Prólogo
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Epílogo

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By ardillabicolor

Parecia que toda a cidade se apertava naquele ginásio poliesportivo. E não era exagero. Um sem fim de rostos passavam por mim, sorridentes, enquanto eu caminhava, me esgueirando pelos cantos, tentando chegar ao bar improvisado mais ao sul do ambiente. A música alta ressoava a plenos pulmões e algumas pessoas se arriscavam em alguns passos mais ousados, no centro da pista de dança. Maite já havia se perdido por ali, agarrada aos braços de Christian e ostentando seu indecente vestido da discórdia, combinado perfeitamente com a máscara vermelha e brilhosa, que era uma das exigências da festa. 'Dez anos. Esconda o rosto e mostre o coração. Alguém se lembrará de você?'. Aquelas frases, rabiscadas em letra elegante ao pé do convite, apareciam em letras garrafais bem na entrada, e seguranças asseguravam que ninguém entrasse com o rosto descoberto. Normas da casa. Ou do idealizador da festa, melhor dizendo. O caso é que a máscara preta que me apertava os olhos, na mesma proporção me tirava um pouquinho do bom humor e da expectativa de rever velhos amigos. Finalmente chegando ao bar, gritei ao garçom que trouxesse uma boa dose de uísque puro, sem gelo, e deixei o olhar correr ao redor, observando a movimentação. Muita coisa havia mudado desde que eu pisara ali pela última vez, no baile de formatura, dez anos atrás. O espaço parecia ter dobrado de tamanho e tudo exalava um ar mais moderno, acompanhando o passar do tempo. A decoração colorida, com luzes neon, divertia o ambiente. E toda aquela diversão parecia se refletir nas pessoas, que conversavam ou dançavam animadas.

- Ah, não acredito! Se não é o bom e velho Herrera de volta às origens. - Desviando o olhar para a voz alta bem ali ao meu lado, instantaneamente um sorriso de reconhecimento se desprendeu de meus lábios. Mesmo com a máscara, era impossível não reconhecer aquele olhar brincalhão, os cabelos levemente encaracolados e o rosto largo, ostentando um sorriso maroto.

Alfonso: se não é meu bom e velho fiel escudeiro, Uckermann! - Levantando do banquinho alto onde havia me sentado enquanto esperava a bebida, cumprimentei-o com um firme aperto de mão, seguido de um abraço saudoso. Não o via fazia quase quatro anos, tempo em que me mudei para Nova York e ele, para Boston, a fim de assumir um cargo importante numa empresa automobilística.

No fim, ambos havíamos crescido e nossas vidas tomado rumos completamente distintos, porém as recordações do passado nunca deixariam de existir.

Christopher: ta mais gostoso do que nunca, hein cara? - brincou, e eu o repeli do abraço, gargalhando. Corri os olhos por sua figura espremida num terno preto, reto, e dei um leve tapinha em seus ombros, displicente.

Alfonso: infelizmente, eu não posso dizer o mesmo, não é?

Cerca de trinta minutos depois, continuávamos sentados próximos ao bar, algumas boas doses de uísque, vodka e cerveja já consumidas, sem moderação. E quem se importava? Nenhum de nós dois, ao menos. Após descambar o assunto por diversos assuntos banais, como trabalho, família e a vida em outras cidades, chegamos num ponto altamente em comum. Mulheres.

Christopher: olha aquela morena, que espetáculo - girou os olhos, desejoso, enquanto observava a mulher em questão remexer todo o corpo, totalmente sensual. - Ôh eu com uma dessas.

Alfonso: e a Mika?

Christopher: terminamos há mais de dois anos, Poncho - respondeu como se eu houvesse dito um tremendo absurdo. Mika era um caso antigo, desde a época da faculdade. Por todas as idas e vindas que presenciei ao logo dos anos de amizade pós-colegial, sabia que não era tão absurdo assim perguntar por ela. Ou por eles. Porém, pelo visto agora parecia realmente passado.

Alfonso: sério? - apertei os olhos. - Pensei que, no fim, fosse dar em casamento.

Christopher: esses anos não te fizeram mesmo bem, bro - descansou uma mão em meu ombro, forjando uma expressão desolada. - Pensei que soubesse que a palavra casamento nunca seria empregada numa mesma frase em que o nome Christopher estivesse presente.

Alfonso: olha aquilo - meu olhos foram atraídos por um belo par de coxas revelados por um vestido branco curto e decotado, dançando sensualmente em meio a pista de dança, o que me fez prestar pouca ou quase nenhuma atenção ao que ele dizia. O corpo curvilíneo, perfeitamente moldado pelo tecido leve, sacudia ao ritmo da música, provocante e atrevido, atraindo muitos outros olhares, além do meu. A pele bronzeada contrastava com os cabelos castanhos dourados, que caíam em cascata pelas costas, adornados por uma simples tiara prateada. O rosto era quase que completamente coberto por uma máscara, também branca. - É ou não é a visão do paraíso? - Ele desviou o olhar, buscando o que eu indicava e deixou o queixo cair alguns centímetros.

Christopher: mudei de idéia - babou, enquanto a loira jogava as mãos para o alto e rebolava, curtindo a música até o limite. - Ôh eu com uma dessas!

Alfonso: tira o olho - disse já me levantando. - Eu vi primeiro.

Christopher: ei, aonde você vai? - agarrou meu braço, mas eu não o encarei. Não podia perder aquele verdadeiro monumento feminino de vista.

Alfonso: me divertir um pouco - desprendi o braço e dei um leve tapinha em seu rosto abobalhado. - Essa festa está chata demais. Se eu fosse você, faria o mesmo.

Escutem: Shakira - Gypsy

Sorrindo, deixei-o ali, rindo sozinho, e abri caminho em meio à multidão que se divertia, me separando daquela loira gostosa.

E ela parecia não cansar.

Won't confess all my sins | Não confessarei todos os meus pecados

You can bet i'll try it | Você pode apostar que eu tentarei

But you can't always win | Mas nem sempre se pode vencer

'Cause I'm a gypsy | Porque eu sou uma cigana

Are you coming with me? | Você vem comigo?

I might steal your clothes | Eu posso roubar suas roupas

And wear them if they fit me | E vesti-las caso me sirvam

A

música havia diminuído um pouco a batida, e agora ela somente requebrava, sensualmente. Quando, por fim, consegui chegar até a pista, parei, um sorriso apreciativo estampado no rosto, observando-a dançar. Talvez sentindo a intensidade do meu olhar cravado em seu corpo, ela levantou o rosto e me encarou. Pude perceber que um sorriso provocante sedesprendia de seus lábios, mesmo que eu mal os pudesse ver, quase totalmente escondidos pela máscara branca. Balançando levemente a cabeça, num pequeno trejeito de negação, ela me deu as costas, dando de ombros. E rebolou. Senti minha libido ir às alturas num piscar de olhos e, rindo, me acerquei dela, parando bem as suas costas e acompanhando-a no ritmo da música. Ela sentiu e, olhando por sobre os ombros, pareceu não fazer caso.

I never made agreements just like a gypsy | Eu nunca fiz acordos, como uma cigana

And I won't back down 'Cause life's already bit me | E não vou recuar porque a vida já me machucou

And I won't cry I'm too young to die | E eu não vou chorar, sou jovem demais para morrer

If you're gonna quit me | Se você quiser me deixar

'Cause I'm a gypsy | Porque eu sou uma cigana.

No início, pensei em lhe dizer algo, tentar alguma coisa, mas o som alto me obrigaria a gritar para que conseguisse ser ouvido. Por isso, somente acompanhei seus movimentos, tentando prender seu olhar, que era a única parte de seu rosto que eu conseguia, em partes, enxergar. A pista escura, somente iluminada pelas luzes coloridas de neon, dificultava até mesmo isso. Ela rebolava a minha frente, vez ou outra deixando o corpo roçar no meu. Uma verdadeira bruxa, bem consciente do verdadeiro reboliço que provocava em meus hormônios.

I can't hide what I've done | Eu não posso esconder o que fiz

Scars remind me Of just how far that I've come | Cicatrizes me lembram de quão longe que eu vim

To whom it may concern | A quem possa interessar

Only run with scissors when you want to get hurt | Apenas corra com tesouras quando quiser se machucar

Numa virada da música, ousei, e enlacei sua cintura. Ela riu, surpresa, mas o som foi abafado pelo barulho, ao mesmo tempo em que sua cabeça pendia para trás e o corpo ondulava contra o meu. Puxei-a com firmeza, e nossos troncos se chocaram, os rostos a poucos centimetros de distância. Eu sorri e, firmando uma mão em suas costas, na altura da cintura, forcei-a para trás e a amparei, enquanto nossos corpos se descolavam e metade do dela girava ao meu comando.

Seu cheiro era delicioso, um perfume suave, porém marcante. Seu corpo se moldava perfeitamente às minhas mãos e, sua pele macia era sentida quando nossos dedos se agarravam, em meio a algum passo mais atrevido.

Quando os últimos acordes soaram, ela se separou de mim, com uma leve mesura e uma risada. Porém, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ela se virou e, de cabeça baixa e a passos largos, quase correu de minhas vistas.

And I said "Hey you, you're no fool if you say no" | E eu digo: 'Ei, você não é tolo se disser não'.

Ain't it just the way life goes? | Não é assim que a vida acontece?

People fear what they don't know | As pessoas temem o que elas não conhecem

Alfonso: ei! - gritei e estendi as mãos, surpreso. Ela se virou, segurando o vestido, moleca, e eu sorri. Porém, quando ia alcançá-la, uma mão fina barrou minha passagem e eu não tive outra escolha que não vê-la desaparecer.

Cause I'm a gypsy | Porque eu sou uma cigana.

Paola.

O motivo de tantas disputas masculinas no colegial impedira que eu terminasse a noite numa boa, com a loira gostosa - e atrevida. E, para meu desgosto, não seria nem mesmo uma boa troca. Os anos não foram muito legais com ela. O corpo havia perdido todas aquelas muitas curvas tentadoras do passado e o cabelo, antes longo e brilhoso, se convertera num curto e fino emaranhado ruivo. Nada feminino, definitivamente. O rosto ainda tinha traços bonitos e delicados, mas era só. Nem o papo era dos melhores. Quase meia hora depois, eu consegui finalmente me livrar dele. E dela.

Porém, minha loira havia desaparecido como fumaça. Rodei pelo ginásio a sua procura, e nada. Estava a ponto de desistir e voltar para o bar, sentar ali e terminar o que havia começado mais cedo, com Christopher. Beber era o melhor remédio para espantar o tédio. Enquanto voltava a me espremer rumo aos banquinhos altos e convidativos, parando algumas vezes para falar com velhos conhecidos, vi um vulto branco e esvoaçante se dirigir a área dos fundos. Era ela, eu tinha certeza. Deixando o pequeno grupinho em que havia sido enfiado para trás, segui por onde a havia visto passar. Apressei os passos e, por fim, cheguei à porta lateral, que dava para uma espécie de jardim, antes da área onde, antigamente, ficavam as salas de aula. A noite estava fresca e clara, bem iluminada pela lua cheia e brilhante. E ela estava ali, recostada displicente num banquinho de mármore, a cabeça pendendo para o lado e o perfil à mostra pela máscara quase toda levantada. Me aproximei cuidadoso, sem fazer barulho, mas, de alguma forma, ela pareceu sentir que não estava sozinha e, encolhendo um pouco o corpo, pôs a máscara no lugar. Em seguida, se virou em minha direção.

Alfonso: ei, Dançarina.

Sua voz saiu trêmula, e estranhamente conhecida, quando ela respondeu:

- Olá, Estranho.

'Então me coloco a sua frente, vai descobrir minhas verdades em um único olhar.
Decifrar os meus segredos para tentar me comparar ao seu último amor.' ♪

Alfonso: o que faz aqui?

- Descansando de todo aquele apelo social forçado - sua voz pareceu mais firme, e bem mais sarcástica, quando respondeu. - E, de certa forma, fugindo de você - completou, displicente. E eu parei, surpreso.

Alfonso: ah é? - indaguei. - E por que você fugiria de mim?

- Não sei. Encare como instinto feminino - deu de ombros, e eu pude sentir o ar de provocação gritando longe. - E desse eu tenho bastante.

Alfonso: e o que os seus instintos dizem agora? - perguntei entre curioso e divertido enquanto voltava a me aproximar.

- Que eu deveria correr. - Eu gargalhei. Andei mais poucos passos e já estava ao seu lado, encostado no banco.

Alfonso: e você vai?

- Eu devo?

Alfonso: não sei, você quer?

- Nunca lhe disseram que querer e poder são duas coisas bastante diferentes?

Alfonso: mas ter o primeiro é um grande avanço para obter o segundo, não é?

- Nem sempre - disse, simplesmente.

Alfonso: grande resposta - brinquei.

- A verdadeira, ué - deu de ombros.

Alfonso: por que escondeu o rosto ao me ver chegar?

- Não é essa a intenção da festa? - me encarou diretamente pela primeira vez e, só aí, eu pude ver seus olhos. De uma intensidade profunda de azul, quase me tirou o ar. Era completamente estranho, mas eu sentia que já os havia visto antes. - Deixar-se ser reconhecido sem mostrar a face?

Alfonso: e eu deveria reconhecê-la? - forcei a mente, pondo-a para trabalhar. Podia sentir que estava próximo, como se o nome me viesse à ponta da língua, para logo em seguida, sumir, num negrume intenso. E aí ela os desviou de mim.

- Não sei. Você deveria? - Outra vez o ar de desafio. Na verdade, ela era a personificação daquilo; desafiante, sagaz, irônica... quase inacessível. Não, definitivamente eu lembraria de alguém assim. Sem sombra de dúvidas.

Alfonso: nunca lhe disseram que não se responde uma pergunta com outra?

- E o que você acaba de fazer mesmo...? - Mais uma vez, me pus a sorrir. Era quase que inevitável.

Alfonso: vamos, por que não tira a máscara?

- Você não consegue reconhecer seus amigos?

Alfonso: tire a máscara e eu lhe digo.

- Assim seria fácil demais - disse, num muxoxo. - Não gosto.

Alfonso: você gosta de coisas difíceis.

- Sempre - pude sentir a animação voltar à sua voz. - Você não?

Alfonso: hoje em dia, sim - ela nada disse. - Que tal se fizermos um acordo?

- Sou toda ouvidos. Adoro acordos - pareceu quase saltitar e meu sorriso se ampliou.

Alfonso: tire a sua máscara e eu lhe dou um beijo. Ela gargalhou, debochada.

- Tenho um melhor.

Alfonso: eu duvido - respondi, prepotente. - Mas vai lá. Manda.

- Você tira a sua e eu tiro a minha.

Alfonso: e a diversão, aonde fica? - resmunguei, fingindo desgosto. Ela deu de ombros. - Certo. E o que me garante que você vá tirar a sua depois que eu tirar a minha?

- E quem falou em garantia? - esnobou. - É por sua conta em risco. Você terá de se arriscar - fez uma pausa de poucos segundos, e concluiu antes que eu pudesse pensar no que responder -, Alfonso.

Pela segunda vez em menos de meia hora, eu estaquei, surpreso. Certo, daquela vez mais chocado que surpreso. Alfonso. Ela sabia meu nome, consequentemente, eu a conhecia do passado... Ou não. Lembrei de anos atrás, de como eu era popular. Nem todos que me conheciam, eu conhecia. Assim, meio complexo mesmo. Porém, preferi o óbvio: - Você me conhece? - Mais uma vez, ela soltou aquela risada irônica, debochada. Eu ofeguei.

- Sabe que não me lembro - contemplou, pensativa. - Eu te conheço?

Alfonso: isso não é justo.

- O que não é justo, Estranho?

Podia sentir em sua voz o quanto ela se divertia com aquilo.

Alfonso: você saber mais que eu. Eu ao menos sei seu nome! - Ossos do ofício - rebateu, displicente. - E então, vai arriscar?

Alfonso: certo. Mas acho que antes mereço ao menos um equilíbrio, não?

- Não - rebateu certeira.

Alfonso: ah, vamos lá - instiguei. - Minha máscara cobre somente os olhos. A sua, o rosto inteiro. Nada mais justo que você levante ao menos metade da sua antes que eu tire a minha, não acha?

Passaram-se alguns segundos, e ela não respondeu, parecendo avaliar a situação. Como o silêncio permaneceu, formando o primeiro minuto, estendi minha mão e toquei a parte de baixo de sua máscara. Ela me repeliu, por um pequeno momento, afastando o rosto para trás, mas em seguida voltou a se aproximar. Sinal verde. Bem lentamente, deslizei o dedo por seu queixo, encaixando-o entre ele e a máscara. Não sei precisar bem quando a atmosfera mudou, mas agora encarava os olhos azuis, que me fitavam de volta, intensos. A cada pequeno pedaço descoberto, alguns centímetros se extinguiam entre nossos rostos. Ela não parecia querer interromper, e eu muito menos pensava em parar. Quando a boca rosada e pequena ficou livre, nossos narizes já quase se tocavam. Eu podia sentir seu cheiro, mais perto. Meu olhar desviou de seus lábios, para seus olhos. Ou, ao menos, o que eu podia ver deles, quase completamente escondidos pela máscara fora de lugar. Ela fez o mesmo, ao mesmo tempo em que eu via seu primeiro sorriso. E ele era lindo. Dentes brancos e perfeitos, devidamente enfileirados, sem nenhuma pequena falha. Fechei os olhos, e me aproximei o que faltava, sentindo sua respiração quente de encontro a minha. Rocei nossos narizes. E, aí, pude sentir o vento me atingir em cheio quando ela se afastou.

Abri os olhos e a encarei, confuso. Ela recolocava a máscara no lugar.

- Já equilibrou bastante, agora ande... tire.

Praguejando mentalmente, respirei fundo, tentando controlar meu coração levemente disparado por toda aquela ansiedade pré-beijo que, no fim, acabara não acontecendo.

Alfonso: você é... intransigente demais!

Ela pareceu perder um pouco daquela pose de dona da situação, desviando rapidamente o olhar, e eu franzi o cenho, sem entender.

- Já me disseram isso - reassumiu sua postura esnobe e apressou: - E então, já tirou?

Revirei os olhos e desatei o nó, desprendendo a máscara e deixando-a pender entre meus dedos.

Alfonso: pronto. Satisfeita? - baguncei os cabelos, num gesto típico de mãos, deixando os cachos que precisavam urgentemente de um aparo, desarrumados.

- Não tanto - replicou, esnobe. - Pensei que os anos lhe fariam melhor.

Involuntariamente, meu queixo caiu alguns centímetros. Deixei meus olhos correrem por ela, confuso. E aí, ela gargalhou. Aquilo me fez despertar para a realidade.

Alfonso: que pena. Quem sabe eu não tenha melhor opinião sobre você? - rebati no mesmo tom que ela usara. - Vamos, é a sua vez. Tire a máscara.

Ela somente me encarou por uns bons segundos. Eu já estava ficando bem impaciente, quando ela resolveu se manifestar:

- Sabe - deu um tapinha em meu rosto -, ainda não chegou seu dia de sorte, garanhão - sorrindo, ela se levantou e me deixou ali, encarando o vazio por alguns instantes.

Quando percebi o que havia realmente acontecido, já era tarde demais. Com passos insolentes e rápidos, ela se afastava de onde eu estava sentado, agora sozinho. Ainda tentei chamá-la, embasbacado, gritando-lhe inutilmente, pois ela só se virou, com o mesmo jeito moleca com que me deixara na pista de dança. Levantei ao mesmo tempo em que ela dava de ombros para, em seguida, desaparecer, quase correndo.

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Queria me desculpar por não vir postar quinta/sexta feira para vocês. Acontece que no dia 22 a senhora Anahi resolveu querer me matar do coração e me seguiu no Twitter, fiquei suuuuper feliz. No sábado foi casamento da minha prima. Essa semana fiquei sem tempo, de quebra a dois dias atrás peguei uma gripe muito forte por causa do frio, então me perdoem.

Espero que gostem desse capítulo. Muitos beijos!!! ❤

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