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A primeira coisa que vi ao descer as escadas foi tia Donna cochichando com uma morena que eu conhecia muito bem. Melissa, revirei os olhos. Era exatamente daquilo que eu precisava para incrementar meu fim de semana. Puxando Anahí mais para perto, desci os últimos degraus, anunciando nossa presença.

Estranhando minha atitude, ela me olhou. Com um pequeno gesto de cabeça, continuei guiando-a.

Melissa: PONCHO!

Assim que nos viu - ou me viu, já que ela pareceu fazer questão de ignorar a presença de Anahí -, Melissa deixou tia Donna para trás e se aproximou, alegre.

Melissa: caramba, como você está bonito, priminho!

Nós não éramos primos - não de sangue -, mas nos tratávamos como tal desde que eu me entendia por gente. Tia Donna, [i]que também não era minha tia, tinha praticamente criado Melissa. O resultado daquilo foram muitas férias e finais de semana passados em família.

Alfonso: oi, Lissa - cumprimentei, recebendo seu abraço demorado. - Pensei que você não fosse vir mais.

Melissa: e perder um fim de semana delicioso com a família? - estalou a língua, cheia de malícia na voz. - Até parece que você não me conhece, não é, Poncho?

Em meio à sua risada extravagante, uma tossida dela (nada) discreta chamou minha atenção. Anahí. Olhei para ela, que tinha o cenho levemente franzido.

Alfonso: Lissa, deixa eu te apresentar... Esta é Anahí. - Voltando a entrelaçar nossos dedos, sorri para ela. - Annie, esta é Melissa. Ela é afilhada da tia Donna, que você conheceu ontem.

E então elas se olharam de alto a baixo e eu me senti verdadeiramente em meio à um campo de batalha. Entendi até certo ponto o desdém de Melissa, já que, bem, ela já devia saber exatamente quem era Anahí e a consequente ameaça que ela representava aos seus planos cansativos de tentar me envolver em seus joguinhos de sedução. Mas o olhar esnobe e frio de Annie me foi uma surpresa.

Melissa: ouvi falar de você - disse, com pouco caso.

Anahí: e eu de você. - Opa. - E, sabe, você é exatamente como eu imaginava.

Melissa: não posso dizer o mesmo de você. Achei que você fosse... mais magra.

Arregalei os olhos.

Anahí: pois é, fica difícil ser magra com esse mini Poncho na barriga - disse contraditoriamente afável e sorridente, obviamente esfregando aquela gravidez no rosto de Melissa, enquanto passava a mão livre na barriga. - Mas acho que você sabe como é. - E corrigiu-se após analisar com cuidado a barriga de Lissa: - Ou não. Essas marquinhas aí não são sinais de gravidez, não é?

Oh, meu Deus.

Alfonso: ok - me meti, antes que a terceira grande guerra se instaurasse bem ali, diante de meu nariz. - Lissa, foi muito bom te ver outra vez, mas nós precisamos encontrar minha mãe. Depois a gente se fala.

Melissa: com certeza a gente se fala - seu sorriso doce tinha voltado ao rosto assim que sua atenção voltou-se para mim. - Pode apostar...

Sem esperar que ela continuasse, arrastei Anahí dali.

Alfonso: ok - murmurei assim que ficamos sozinhos outra vez.

Anahí: ok o quê? - levantou uma das sobrancelhas.

Alfonso: o que foi tudo isso?

Anahí: tudo isso o quê?

Alfonso: você sabe bem a que me refiro - disse, sorrindo. - Tenho aquela estranha sensação de que perdi algo da história.

O Pecado Mora Ao LadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora