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Me predispus a contar até dez enquanto andava sem muita pressa até o elevador. Antes de chegar ao cinco, ela já segurava meu braço e me fazia parar. Suspendendo uma sobrancelha, contive a risada e mantive o ar sério antes de me virar.

Anahí: Poncho!

Alfonso: qual é o problema agora, Anahí? - suspirei, forjando um enfado que não sentia. - Eu já entendi que meu erro foi imperdoável.

Anahí: eu não disse isso.

Alfonso: ah, não?

Ela parecia acuada, ainda confusa com aquela história de eu ficar em sua casa. Obviamente, eu a havia surpreendido, mas aquela fora a única solução que eu tinha encontrado para não desagradar nem minha família, nem a ela. Eu não recusaria o pedido de Melissa e tia Donna, mas também não desagradaria Anahí convivendo com Mel, sabendo que ela morria de ciúmes.

Anahí: que história é essa de ficar aqui em casa? Você estava falando sério?

Alfonso: não - arqueei outra vez uma das sobrancelhas, daquela vez não muito certo de ter conseguido conter o ar divertido. - Eu simplesmente achei útil trazer essa mala para dar uma volta - debochei e ela me fuzilou com o olhar.

Anahí: muito engraçado - resmungou. - Você fez isso porque a Maite te contou o que houve lá embaixo?

Alfonso: eu fiz isso porque eu já ia fazer. Desde que concordei que Melissa viesse.

Anahí: e por quê?

Girei os olhos, encarando-a.

Alfonso: eu já expliquei o motivo.

Anahí: explica de novo - pediu, com um sorriso forçado.

Alfonso: você vai me deixar ficar se eu o fizer?

Anahí: não sei! Quanto tempo ela vai ficar aí? - resmungou.

Alfonso: duas semanas, eu acho. Ao contrário do que você deve imaginar, tendo em vista essa sua mente super fértil, nós não conversamos durante horas desde que ela chegou. E, não, ela não está usando uma de minhas camisas.

Ela pareceu digerir aquela informação, estudando minha expressão, talvez buscando verdade nela.

Anahí: eu fiquei irritada - contou, como se eu já não soubesse, com a cara fechada.

Alfonso: eu sei.

Anahí: com muita raiva mesmo.

Alfonso: eu percebi - confirmei, divertido.

Anahí: sem saber se eu matava primeiro você ou ela!

Alfonso: tudo bem, eu já entendi Anahí - puxei-a por uma das mãos e desci o rosto, roçando os lábios nos dela. - Vai me deixar ficar?

Anahí: eu ainda não sei se engoli toda essa história...

Alfonso: ai meu Pai - levantei os olhos, buscando o teto, e fui surpreendido quando ela se aninhou em meus braços. - Eu estou dizendo a verdade. - Beijei seus cabelos. - Tudo não passou de um grande mal entendido. Eu nunca tive a intenção de ficar com ela no apartamento. Não sabendo da rixa de vocês.

Anahí: hum - murmurou.

Alfonso: e então, eu vou poder ficar ou preciso mesmo procurar um hotel? - sorri.

Ela suspendeu o rosto e eu o envolvi com as duas mãos, em concha. Beijei de leve seus lábios. Ela suspirou.

Anahí: duas semanas é muito tempo... você vai enjoar de mim fácil.

O Pecado Mora Ao LadoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora